Capítulo 31 - Problema?

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Quando eu tinha treze anos, derrubei um dos vasos de flores favoritos da minha mãe. Me recordo que era o lírio Stargazer. Foi um acidente, e não tinha nenhuma relação com o fato de que eu as odiava. Gosto de pensar que era porque elas eram feias e não porque minha mãe passava mais tempo cuidando delas do que de mim. Me sinto uma idiota carente de atenção, mas ainda sim, não foi proposital.

Eu adiei aquela conversa, adiei o fato de que de uma hora ou outra Lyla iria notar que as suas flores favoritas no mundo todo havia sumido. Quando ela percebeu, é bem provável que tenha me dado um dos piores sermões que já saiu de sua boca e um belo castigo. Bom, eu acho, até porque nem lembro do que aconteceu depois da sua expressão confusa para a flor que não estava mais lá.

Depois disso, prometi que nunca mais adiaria conversas ou explicações. Mas assim como qualquer outra pessoa, eu sou uma mentirosa que não cumpre as suas promessas. Adiei conversar com Dylan até tudo se transformar em uma bola de neve que não consigo controlar. Ela está bem, está normal, mas isso não se aplica a mim. Ainda me sinto uma vadia mentirosa e tudo que quero é esquecer o que aconteceu na madrugada passada.

Quando um e-mail de Karen chegou com as informações que pedi a respeito de meu pai, decidi que, como sempre, eu adiaria aquilo. Não me sinto preparada para olhar o que quer que tenha dentro daquele arquivo que consumiu bastante memória do meu celular.

Estou adiando todos os meus problemas por uma mísera noite, estou sendo uma adolescente normal por uma mísera noite em Kiawah Island. A cidade onde eu deveria encontrar Luke Watson, mas desisti alguns segundos rápidos demais depois. E pela primeira vez na vida segui um conselho da minha mãe, um conselho que dizia para tomar cuidado com homens mais velhos. E me surpreende que eu tenha feito isso, já que Lyla não é o melhor exemplo de pessoa, e não é alguém que eu quero seguir.

Mas ela ainda é minha mãe.

E preciso sempre reforçar a sua posição dentro da minha vida, onde ela está encaixada e o motivo de não ter sido bloqueada das minhas mensagens quando eu tinha motivos suficientes para fazer isso.

Lyla não estava lá quando eu precisava. Ela nunca esteve para mim, mas sempre esteve para Adam. Apesar do episódio do ônibus ter sido resolvido, a minha mágoa continua. Porém, confesso que agora, ela está toda direcionado para a minha mãe. Para aquela que nunca esteve lá. Para aquela que nunca esteve comigo.

De repente, Daniel se joga nas almofadas onde eu já estou jogada. Ele comenta alguma coisa com uma líder de torcida que passa por nós. Rindo como se o que ela tivesse dito fosse a coisa mais engraçada do mundo. Mas, nem se realmente fosse a piada mais divertida da face de toda a Terra, eu teria forças para rir.

"Ok. Estamos em uma confraternização autorizada pelo hotel e pelo treinador, e você não está se divertindo!?" Sua voz soa incrédula, mas tudo que eu encaro são as estrelas do céu.

"Estou me divertindo." Digo, sem muito ânimo quando viro a garrafa de cerveja e a tomo com cuidado para não derramar.

"Não está não."

"Eu fiquei com o Adam." As palavras simplesmente escaparam da minha boca, como se estivessem procurando outra mente para ocupar.

Os olhos arregalados do meu amigo fazem do céu um lugar distante. A sua boca volumosa está aberta em um O imenso, ele está terrivelmente chocado e agora tenho medo que esteja tendo um derrame e nem sequer notei.

"O quê?" Daniel diz, alto demais para não ter atraído olhares.

"Dá para falar mais baixo!?" Exijo.

"Você o quê!?" Seu tom continua o mesmo.

Seguro o seu queixo, o puxando e nos deixando mais próximos, "Eu fiquei com o Adam, mas por favor, pode falar baixo e não surtar!?"

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