Capítulo 37 - Internato

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Bobby passa a mão no rosto impaciente diante do tumulto de vozes reclamonas.

Pela janela do ônibus observo a estrutura que parece gigantesca do internato de Hilton Head Island. Parados na frente do portão grande com as pontas cortantes como se negasse a nossa entrada, um gesto de que não somos bem-vindos aqui. De que não somos bem-vindos em lugar nenhum desde que tudo começou.

Suspiro, eu não sabia que tinha uma escola particular na competição. Na verdade, eu não sei muita coisa sobre esse campeonato além das coreografias que tenho que dançar e ainda escutar que são medíocres. Hill Davis não jogava à tanto tempo que a escola simplesmente esqueceu de contar um pouco mais sobre tudo isso. Somente nos jogaram no ônibus e disseram boa sorte. Segundo Daniel, foi exatamente isso que a diretora fez.

Não me atentei ao fato de que a final vai ser contra uma escola bem mais equipada porque já tinha muita coisa para pensar nessa viagem. Muitas portas abertas que eu precisava fechar, e algumas que tive que deixar entreabertas.

Uma das minhas portas com a questão mais complicada está um pouco mais para frente, surpreendente calado enquanto o amigo está apoiado no estofado marrom fazendo o que todo o resto está fazendo. Daniel ergue a cabeça ao meu lado, calado assim como eu, para dar uma olhadinha no que o namorado está fazendo.

O treinador assopra o apito tão forte que cala a todos e dói nos meus ouvidos, "Cal, senta." Assim que é obedecido, ele continua. "Reclamar não vai mudar em nada. Esse internato deu uma grande contribuição para que esse campeonato acontecesse, aceitem que vamos jogar contra uma escola particular ou vamos para casa."

"É injusto, não acha?" Cal se pronuncia, mais calmo dessa vez. "Eles têm mil vezes mais preparo e não precisaram dormir em camas de hotel ruins durante dias."

"E não precisaram comer comida congelada todos os dias." Digo, sem muito ânimo. Desde tudo, as coisas começaram a ficar cinzentas e sem graça.

"Reese, Cal, vocês querem ir para casa?" Bobby pergunta em meio ao silêncio tenso. Reviro os olhos, voltando a olhar a janela. "Ninguém está prendendo os dois aqui. Você principalmente." Ele aponta para mim, o rancor por todo o trabalho que dei durante essa viagem o fazendo suar.

Não respondo, não posso perder o resto de sanidade que eu tenho com uma briga sem sentido. Então Adam levanta, parecendo que nem dormiu a noite por conta das olheiras e do cabelo levemente desgrenhados. Ele praticamente se arrasta, como se andar fosse um sacrifício.

"Nós precisamos de todos." Ele sai do banco, se dirigindo para a saída. "Principalmente dela."

Não faça isso comigo...

Adam desce, e já consigo ver a raiva mudar de direção. Todos seguem o caminho do quarterback e não me apresso muito depois de não conseguir prender um sorrisinho de canto de boca pelo que foi dito mais ou menos em minha defesa. Adam continua sendo um babaca com oscilação de humor, e notoriamente mentiroso, mas sei que foi de verdade. Eu consigo saber quando é.

Nos posicionamos na entrada do internato, na frente de uma mulher ruiva mais velha e outros dois adolescentes engomadinhos. Usando uniformes azuis e meias compridas, desejo rir, mas permaneço da mesma forma que estou à horas: entediada.

"É um prazer recebê-los em nossa escola, Hill Davis." A ruiva se aproxima, apertando a mão de Bobby educadamente. "Eu sou a Carol, diretora do internato. Esses são Finny e Gina Montgomery, os capitães das nossas equipes." Os dois abrem sorrisos e acenam para nós, ninguém retribui, não de um jeito sincero. "Temos dois dormitórios sobrando, Ginna acompanha as meninas e Finny os meninos. Eles vão mostrar tudo para vocês."

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