Capítulo 29 - Anestesiada

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Lip coloca a mão em minhas costas e nos afastamos da multidão. No lado de fora da casa que dá para um jardim ainda maior, olhamos um para o outro e sorrimos mais uma vez.

"Você está bem?" Ele questiona.

Caminho até um pequeno parapeito, me escorando nele, "Porque sempre me pergunta isso?"

"Talvez seja porque sempre que te encontro você está branca como um papel!?"

"Bom, me desculpe por isso. Mas eu prometo que não é por sua culpa." Explico, se eu contasse a ele o culpado, passaríamos horas aqui.

"Novamente, obrigado pela confirmação de que não é minha culpa." Suas mãos se unem em um gesto fofo, com ele sentando de lado no parapeito de pedra. "A noite ainda está confusa?"

"Na verdade, aconteceu uma situação constrangedora."

Situação que tem nome e sobrenome.

"Algum idiota foi idiota com você? Eu posso dar um jeito nisso, sou bom de briga." Lip fala de um jeito arrogante que não me convence nem um pouco.

"Não posso discordar disso. Eu nunca entraria em uma briga com você." Entro na brincadeira, erguendo as mãos em rendição.

"E eu nunca brigaria com você."

"Esse é o seu lance? Não luta com mulheres?" Uno as sobrancelhas, com uma falsa dúvida.

"O meu lance é não lutar com garotas bonitas." Sua abstenção é fofa, eu gosto dela. E dele.

"Mas isso pode ser considerado um tipo de flerte, não?"

"Não na América." Ele retruca.

"Somos retrógrados." Dou de ombros.

"Somos racionais. Bom, nem todos. Mas a maioria são."

"Podemos dizer que um idiota foi idiota comigo, mas..." Faço um suspense besta. "Eu posso lidar com a situação. De uma maneira nem tão racional, mas ainda posso lidar com ela."

"Ok, me deixe adivinhar." Lip pensa um pouco. "O idiota se chama Adam. Não é esse o nome dele?"

"Está lendo a minha mente?" Cerro os olhos, tentando desviar do assunto para continuarmos na conversa boba.

"Não preciso, está um pouco óbvio. Ele é o seu namorado?"

Acabo sorrindo pela impressão errada que demos a ele, "Não! O que!? É claro que não!"

"Ok, tranquilo. Lip não faz julgamentos."

"Lip faz julgamentos sim, e tende a fazer isso com os olhos. E é idiotice falar em terceira pessoa." Rebato, ainda mantendo um sorriso no rosto.

"Eu me sinto como o Terry quando faço isso."

"Não, quando ele faz é engraçado." Acuso, fazendo biquinho.

Lip rir, me olhando como se eu tivesse o machucado, "Você é tão..."

"Má? Eu sei."

Má, triste e bonita.

"Então porque não usa as suas habilidades de ser tão má com ele?" Lip pergunta, mas não preciso pensar muito na resposta, apesar de não ter processado tanto ela em minha mente.

"Eu uso, mas ele parece gostar disso." Explico. "Tanto é que sempre volta, e de alguma forma, eu também volto para ele."

"Então é um lance sadomasoquista?"

"Não diga isso!" Exijo entre uma risada ou outra.

"Ou problemático..." Seus ombros sobem e descem com a sugestão que quase parece não querer ser dita.

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