Capítulo 35 - Defeituosos

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"Tenho apenas uma exigência: que ninguém esteja tocando violão." Daniel me puxa pela mão enquanto descemos um morrinho até chegar à praia.

"Qual o motivo da sua aversão a violões?" Questiono, realmente interessada.

"São chatos, nada dançantes e melancólicos."

Sinto os grãos finos de areia entre os dedos dos pés, é quase como voltar para casa.

"Não acho que tenha violão." Digo. "Dylan não viria para uma festa onde o único som vem de um instrumento tão chato, nada dançante e melancólico."

"É sempre bom conversar com alguém que me entende." Um sorriso se alarga em seu rosto, então ele para, virando de frente para mim. "Como estou?"

Estreito os olhos, Daniel não é o tipo de cara que se importa com a aparência. Desabotou dois botões da blusa com pequenos flamingos azuis que pareciam estar o sufocando.

"Lindo, como sempre. Por que?"

"Nada. Foi só uma pergunta."

Voltamos a andar, então me agarro a sua mão novamente para acompanhar os passos apressados. Daniel ficou subitamente nervoso, e fica ainda mais a cada passo que damos na direção da fogueira.

"Eu vou..." Ele solta um pigarro. "Vou fazer uma coisa."

"Que coisa?"

"Uma coisa. Você vai saber quando chegar a hora."

Decido não pressioná-lo quando chegamos perto da fogueira, de alguns pufs jogados na areia e baldes de gelo cheios de cerveja.

"Quer algo para beber?" O meu amigo pergunta.

"Contanto que não seja álcool." A vodka da noite passada foi o suficiente para me dar uma leve dor de cabeça pelo restante do dia.

Daniel ergue as sobrancelhas, parecendo surpreso, "Vai ser difícil."

"É a sua missão da noite, Daniel Moreau."

"Não é a única." Ele se afasta.

Daniel se afasta e deixa toda a curiosidade dentro do meu pequeno ser. O que ele vai fazer esta noite que é tão importante assim para deixá-lo aflito? Uma hora ou outra eu vou saber, então não preciso me preocupar, não é? Não, é? Arg, preciso saber o que é.

Instantaneamente minha pele aflora quando sinto uma presença familiar atrás de mim, e não preciso virar para saber quem é.

"Má, triste e bonita." Adam sussurra, perto o bastante, assim como naquele armário. "Principalmente bonita. Não facilita nenhum pouco para mim, não é Reese?"

"Não estou fazendo nada." Não consigo conter um sorrisinho, por mais que eu odeie ele.

"Você faz muitas coisas comigo, moranguinho. E nem precisa se esforçar para me distrair."

"Distrair?" Solto uma risada nasal que não passou de incredualidade descarada. "Culpe a sua imaginação, não a mim."

"É você quem dá asas à minha imaginação, pensei que soubesse disso."

Adam toca o meu cabelo, como sempre faz, e de repente tenho um déjavù.

"O que eu sei é que a sua imaginação é um tanto quanto suja." Olho por cima do ombro, ele não está olhando para mim, mas o sorriso fechado em seus lábios é para mim.

"Gostei do vestido. Lilás é a sua cor."

"E branco é a sua." Observo a sua blusa branca com botões, Adam está mais praiano hoje.

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