Após uma certa pressão por parte de Daniel e uma chantagem emocional por parte de Dylan, cá estou eu cometendo os mesmos erros. Erros que prometi e que os fiz prometer que não voltariam a se repetir.
Talvez seja alguma espécie de ímã. Talvez eu seja um ímã para decisões erradas. Claro, não confessei que também estava curiosa para ir nessa festa, então a minha regra de não me deixar levar pelos pensamentos de outras pessoas não foi totalmente violada. Ok, só um pouquinho. Mas não o suficiente para causar estragos. Não o suficiente para entrarmos em enrascadas ou em um novo castigo mirabolante de Bobby. Não quero voltar a lavar uniformes ou ir, antecipadamente, para casa.
Lembrar de casa me faz lembrar da minha mãe. Lyla. Lyla Campbell. Demorou algum tempo para que ela tirasse o Ransom do sobrenome; tempos dolorosos, não só para mim, como também para ela. Apesar de tudo eu reconheço sua dor, reconheço que por mais mentiras que sejam contadas sobre o seu ex-marido, ela também o ama e sentiu o baque da perda. O vinho se tornou seu melhor amigo, e o nome dele o pior dos inimigos. Ela ficou um pouco mais amargurada do que costumava ser, se perdeu nisso e só recobrou a consciência quando já estávamos nos afundando em dívidas e gritaria dentro de casa.
A última vez que falei com ela foi à mais de quinze dias. As mensagens pararam, as ligações também. Tudo que sobrou foi um eco que não diz nada. Apenas rastros da minha mãe. Ela foi para algum lugar em busca do nosso futuro, da resolução dos nossos problemas. Lyla foi atrás de algo, mas duvido muito que tenha sido de Matt. A conheço tanto quanto me conheço, e o fato de sermos levemente parecidas me faz acreditar que a mulher é teimosa demais para isso. Bom, se eu também estivesse absorta nas suas mentiras, de que ele foi embora porque quis, eu também não iria.
Pedi a Karen que me ajudasse com isso porque não posso fazer muita coisa pulando de cidade em cidade, condado em condado, de dois em dois dias. Isso não funcionaria. Eu mal estou funcionando. Falar com Dylan se tornou uma ideia esquecida e boba, não tenho mais essa vontade. Falar com Adam, que piada, seria como pedir ajuda ao diabo. E ele não me concederia. E claro, apesar de todas as conversas, toques e olhares estranhos e curiosos, ainda o odeio. Talvez um pouquinho menos, mas ainda o odeio.
"Pronto." Daniel finaliza, amarrando as pontas dos meus cabelos com um elástico.
"Obrigada." Agradeço entre um meio sorriso, pegando a única mecha trançada.
"De nada, Katniss Everdeen." Ele se afasta para pegar seu perfume na bolsinha em cima da minha cama.
"Você é obcecado por essa mulher." Dylan diz, concentrada na maquiagem no pequeno espaço entre o armário fedorento e o banheiro.
"Quem não seria?" Ele retruca.
Uma pequena discussão se inicia rápido demais sobre quais são as melhores histórias e alguma coisa a mais da qual não estou interessada em participar. A abstenção nunca foi interessante para mim, porém estou ocupada demais pensando, e pensando, e pensando mais uma vez. Pensando sobre tudo e ao mesmo tempo sobre nada. Pensando sobre nada e ao mesmo tempo sobre uma única coisa, um único assunto, uma só pessoa.
Adam Lockwood passou a tomar algumas horas do meu dia e momentos preciosos de sono a noite. É como se tivesse algo não resolvido entre nós, e isso me impedisse de dormir de verdade. Quero resolver, quero controlar a situação para que a Reese Ransom volte a dormir pateticamente tranquila a noite. Contudo, ainda não decidi o que temos para resolver.
Ele disse que não me odeia.
Mentiroso.
Ele disse que não me despreza.
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Polos Opostos
RomancePela primeira vez em anos, o time de futebol da Hill Davis School foi classificado para o Campeonato Anual de Futebol Americano da Carolina do Sul. A competição reúne escolas de toda a costa como uma tentativa de incentivar os alunos a seguirem o es...