Anonymous『Em revisão』

Capítulo 13 | Sangue, suor e lágrimas.

Eu não sabia exatamente quantas horas já haviam passado, mas eu sei bem que eu não poderia me sentir melhor. Meu corpo se sentia eufórico, eu já não conseguia mais ficar quieta e eu sabia bem o motivo. As luzes da noite estão todas apontadas para ela, iluminando toda a sua majestosidade dos pés a cabeça. Ela sabe que tem o poder em mãos e certamente vai usá-lo com muita garra. Cass sorriu de lado, o que fez várias pessoas gritarem e não minto, estou a ponto de perder a voz de tanto exaltá-la.

ㅡ Vocês estão preparados? ㅡ sua voz está um pouco mais rouca que o normal, o que fez sua frase soar bem sexy.

Gritos ecoaram por todo o local, todos esperavam um show mais do que digno dessa noite e eu creio que eles entregarão isso de bandeja. Ela sorriu mais uma vez, antes de desaparecer na escuridão do palco. Mais e mais berros, todos anseiando pelo que está por vir. Nessa brincadeira eufórica, virei dois copos e nem sabia do que, mas que me fizeram sentir muito bem, muito mais leve.

Eu consegui ouvir a baqueta marcando o tempo, logo um clarão se localizou no centro do palco, onde a Cass começou a cantarolar a música. Todos surtaram ao som de "Prisoner", que não é um rock em si, mas a versão que eles fizeram ali foi mais do que o suficiente para levar as pessoas à loucura. Eu abri um grande sorriso ao ver quando a guitarra entrou, revelando a Alice, tão perfeita quanto a Cass e mais maravilhosa ainda, quando abriu seu vozeirão.

Nunca vi a Ashley tão empolgada e o Elli tão surtado, nós três parecíamos loucos com uma vibe totalmente inexplicável. O Leon não se conteve e foi tocar sem camisa, o que arrancou altos gritos das mulheres presentes, mas não tanto quando o Aaron fez movimentos com a baqueta de forma inexplicável. Todos eles pareciam estar tocando de alma e corpo, exalando um ar tão gostoso de sentir.

Meu peito começou a queimar, então me levantei do banco e me joguei de cabeça na vibe caótica do refrão. Nada conseguia ofuscar o sorriso em meu rosto, fazia tempos que eu não conseguia me sentir tão viva assim. Elli se juntou, jogando o seu corpo freneticamente no ritmo da música, assim com a Ashley atrás de mim. As pessoas nos olhavam com sorrisos nos rostos, mas isso não parecia me incomodar naquele momento, na verdade, nada parecia me afetar.

Cass desceu do palco e continuou cantando o seu solo, desfilando entre as mesas. Ela fez questão de dar dedo para o quarteto que também está se divertindo bastante ao seu som, logo seu olhar se voltou para nós. Seus passos se apressaram e ela deu as costas para mim, tombando a sua cabeça em meu ombro, então fiz o mesmo encarando o teto.

Ela começou a sibilar o pré-refrão e eu senti totalmente a sua energia invadindo o meu corpo. Ela colocou o microfone para o lado, então viramos a cabeça cantando o último verso, antes que a Alice entrasse rasgando com o refrão. Meu corpo gritou por mais animação, então comecei a dançar de uma forma que só eu poderia compreender.

Ash e Elli me acompanharam, os três tão envolvidos de forma tão unificada, que poderíamos dizer que naquele momento éramos um só. Todos aqueles momentos, martelaram fortemente na minha cabeça e logo tudo pareceu estar passando tão devagar. As pessoas, a música, a euforia, todas as cenas ficaram em slow motion para mim.

E então tudo voltou com uma enorme força, me fazendo recordar de quem um dia eu fui.

Por um momento, eu me senti entre o céu e o inferno, eu estava tão perto de encontrar a minha paz, mas meus demônios nunca me permitiam. As lembranças de um passado a qual eu não deveria recordar vieram como uma tsunami, invadindo cada centímetro da minha mente.

Eu me recordo bem, um dia eu fui assim, tão livre e espontânea, como se nada do mundo pudesse me parar. Vivia de uma forma insana, sem medo das consequências da vida e muito menos ligava para o que pudesse acontecer depois. Eu estava viva, mas tão viva, que sorrir era a minha marca, todos me conheciam pelo meu sorriso inabalável.