Na biologia, anfíbios são vertebrados conhecidos por terem uma "vida dupla", capazes de transitar e viver na água, assim como em solo. Na Marinha da Coreia, o termo tão usado vinha nesse sentido, pois apesar de evidentemente os militares servirem ao mar, também estavam presentes em terra.
A seleção de militares para o Comando Anfíbio era ainda mais rigorosa do que o normal, mas, o difícil mesmo era não desistir ao longo do treinamento depois de uma prévia seleção para ingressar. No treinamento, passavam por exposição a situações de extrema resistência física e psicológica, zero contato com a família, treinamento intenso de combate corpo-a-corpo, técnicas de mergulho e salto ao mar, desarmamento de explosivos e tantas outras habilidades precisas a se desenvolver. Ao fim, os que conseguiam concluir, se diziam com orgulho parte do grupo de elite dos Fuzileiros Navais. Assim, nomeava-se fuzileiro um militar integrante do Corpo de Fuzileiros Navais, organização da Marinha que contava com uma unidade dos Comandos Anfíbios no Batalhão de Operações Especiais de Fuzileiros Navais.
O objetivo de um fuzileiro ser arduamente treinado era estar apto a combater — característica que os diferencia dos marinheiros, que auxiliam na rotina de uma embarcação —, por isso, sendo exigido tal rotina pesada. Definitivamente não era para qualquer um fazer parte de um grupo de elite. O Kim e o Jeon sabiam muito bem disso, pois viver como um anfíbio, duplamente, não era apenas relacionado à estar no mar e no solo. A "vida dupla" também era em relação à vida militar e à vida pessoal.
Carregar as insígnias no peito era pesado. Não era por nada que Jeongguk sentia pressa e pressão nesse exato dia.
No banheiro masculino de um posto de gasolina perto do porto, a pressa se notava nos passos descoordenados e intuitivos que faziam parte do beijo nos últimos minutos de despedida de um par de noivos. Pressa para fechar a porta da cabine, pressa para abrir o zíper da própria calça com uma mão, pressa para suspender o vestido justo da noiva com a outra mão e pressa moderada para que, com o dedo indicador, ele a tocasse e fizesse movimentos circulares no clitóris dela. Também havia pressa para virá-la de costas e conduzir toda a transa, somente a pedindo "faz daquele jeitinho" e ver ela se empinar e se empenhar para ele. Pressa para colocar de lado a calcinha de Nari e pressa o suficiente para ser capaz de, sem querer, conferir as horas no relógio enquanto a penetrava.
A pressão, claro, era voltar ao trabalho depois de um bom período em casa. Em outras palavras, os dias de folga do Capitão-de-Mar-e-Guerra acabavam.
Era de se esperar que eles iriam aproveitar cada segundo na despedida, da forma que gostavam. No bolso, ao deixarem o local, Jungkook levava a calcinha fio-dental que Nari usava até poucos minutos atrás.
Era isso. Agora, restavam suspiros e últimos beijos para Nari perder de vez o seu noivo para o trabalho, porque ela sabia que o Jeongguk se tornava outra pessoa quando entrava numa embarcação ou trabalhava em solo firme. Sabia que ele não a ligava todos os dias, não jogava videogames, raramente atualizava as redes sociais, já não trocava muitas mensagens e tomava todos os problemas da rotina dos Fuzileiros Navais para si mesmo.
[...]
Com o relacionamento de Ji-Eun e Taehyung, nunca foi sentido um distanciamento naquele mesmo sentido. Taehyung se comunicava bastante com a família. Eles levavam um ritmo diferente, já casados, com um filho e, de certa forma, com maior compromisso um com o outro.
O que tiveram vontade de fazer, fizeram em casa. Na despedida, o casal escolheu ficar no carro até o último momento, brincando de adedonha com o filho. Taehyung cansou de perder propositalmente, mas aguentava perder mais algumas vezes, só para o filho se achar. A sensação de estar em família era gostosa, mas chegava a hora de partir e sair do automóvel com a mochila camuflada nas costas.

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Ultramar [taekook]
Fiksi PenggemarUma operação militar nem tão desejada se torna o pontapé para que o comandante Jeon Jeongguk passe a ter o fuzileiro Kim Taehyung em sua equipe. Eles já sabiam de tudo: bater continência, deixar os pés juntinhos, perfilar-se, estufar o peito, coloca...