Capítulo 5.

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Pela primeira vez tive uma noite tranquila, talvez seja porque estava extremamente cansada do dia que tive ontem. Principalmente do jantar, "evitar distrações" meu Deus, meu pai acha que eu sou o que? Que sou uma adolescente com os hormônios a flor da pele que não posso ver um jogador sem camisa perto de mim? Ele deveria saber que não me importo nenhum pouco com isso.
A temporada de jogos vai acontecer em algumas semanas, e ele tá pirando com isso, só pode ser.

- Percebeu como o Bryce tem a cara de pau de vim aqui apesar do que fez. -Riley.

Vejo a mensagem no meu celular enquanto visto minha roupa para mais um dia na Universidade.

- Pensei que você não se importaria com isso. -Respondo.

- Só dele respirar perto de mim, já quero socar aquela cara de palhaço que ele tem.
. . .
Ela continua digitando alguma coisa que não vou ler.
Não que eu não me importe com a minha irmã, mas os motivos dessas mensagens as 5:40 dá manhã, não é o bom dia que eu esperava receber.
Muito menos a mensagem que recebi do meu pai.

~6:45 🕒

-Me chamou?

-Sim.

Meu pai responde.

-Na sua sala.

Vou em direção a minha sala, abro a porta e dou de cara com o jogador preferido do meu pai, para não dizer ao contrário.

-Sou todo ouvidos.
Eu digo, embora não queria nem estar no mesmo ambiente que ele, não somos mais amigos.

-Tão cedo, e você já está me tratando assim? Isso machuca muito meu coração, só quero que você saiba disso.

-Fala logo o que é, pelo amor de Deus!
Eu respondo totalmente sem paciência.

-Tudo bem, eu estou com uma dorzinha no meu joelho, e como esse é seu trabalho, eu vim aqui.

-É só isso?
Pergunto.

-Hmm, não, também quero que sua irmã me perdoe.

-Talvez você devesse falar com ela, e não comigo.
Aperto seu joelho. Ele faz uma cara de desconforto.

-Ela não fala comigo, você deveria me ajudar.

Quero rir dessa palhaçada, mas fico séria.
Ele só pode estar brincando, não estou defendendo ele, mas a Riley sempre tratou ele indiferente, e nunca falou sobre seus sentimentos, só que do nada, como um passe de mágica, ele ficou com uma das suas amigas, e não uma vez ou duas, foi durante 3 meses, nunca vi ela tão irritada com algo e desfocada.
Mas depois ela me contou, quis rir na hora, porque sinceramente, nunca passou pela minha cabeça que ela pudesse sentir algo por ele.
Agora ela trata ele como se não existisse, e agora eu sou proibida de ser amiga dele, porque segunda ela, isso seria traição.
Mas ainda sim, ela é obrigada a vê-lo algumas vezes por semana, já que ela cursa psicologia, e está fazendo estágio assim como eu, no nosso tão incrível time de futebol.

-Terminei!
Falo para ele, enquanto dou um tapinha no seu joelho.

-Não precisa fazer mais nada, está tudo ok, até porque não tem problema nenhum, sabia que você não estava sentindo nada.

-Eu precisava achar um jeito de falar com você em particular. Ele diz.

-Já ouviu falar em celular? Por que em particular, é só sobre a Riley, não é nenhum segredo de Estado.
Pergunto sarcástica.

-Sim, se eu tivesse seu número, até falaria. Você ainda pergunta, seu namorado não sai do seu pé.

-Ele não é meu namorado, pelo amor de Deus, e além do mais, faz dias que não nos falamos, agora saia daqui.

-Não vai se livrar de mim tão fácil, quero propor um acordo.

-A resposta é não, independente do que for.
Não resta 1% de paciência em mim.

-Vamos tomar um café, caso esteja livre.

Penso um pouco sobre isso, meu estômago ronca só de imaginar uma xícara de café, e uns pãezinhos, não comi nada ainda, estou morta de fome, o acordo não vou aceitar, mas a ida à cafeteria não posso negar.

Sentamos em uma das meses do refeitório, queria mesmo era ir à cafeteria que fica na outra rua, mas o Bryce insistiu dizendo: - Aqui comemos de "graça" docinho."
Não quis discutir, estou com muita fome para isso.

-Não que eu vá aceitar, mas o que você tem em mente para conquistar ela? Caso esse seja o plano.
Pergunto logo após de fazer meu pedido.

-É o plano. EII!

Ele grita chamando alguém. Não vou me virar para ver, sinto a pessoa se aproximando nas minhas costas.

Vai a algum lugar?
Bryce pergunta.

-Não, estava indo sentar naquela mesa ali. Apontou para algum lugar longe do meu campo de visão.
Automaticamente reconheço a voz.

-Senta aqui com a gente, vem.

-Não quero incomodar vocês, licença.

-Tudo bem, pode sentar.
Digo rápido demais, o que? Por quê eu fiquei mal com isso, ele não vai me incomodar.
Ele senta ao lado de Bryce, ambos de frente para mim.

-Voltando ao assunto, é, eu quero voltar a falar com ela.
Bryce diz.

-Quando isso aconteceu então? não me lembro de vocês serem amigos.
Respondo quase sorrindo.

-Não disse amigos, mas pelo menos ela ainda olhava para mim, trocava algumas palavras, agora ela me odeia mais que antes.

Sinto vontade de dizer o porquê, mas não cabe a mim, se tem alguém que tem esse direito é a Riley e eu espero que ela consiga, não aguento ver minha irmã sempre mal humorada quando estamos todos juntos.

-Quer dá sua opinião?
Bryce o pergunta, olhando de lado.

-Sinceramente, acabei de chegar, não estou entendendo nada. Ele diz. Tomando seu suco.

-Eu contei a você ontem, no caminho, não lembra? Disse que a Riley era meu aviso para evitar distrações.

A expressão em seu rosto diz muito sobre o que ele lembra da conversa que eles tiveram no carro. Fico pensando se ele sempre é tão expressivo assim, se algo o incomoda ele vai deixar que as pessoas vejam, e se algo o deixa feliz também.
Eu pedi desculpa por ter sujado ele de café, e ele não respondeu, mas espera, de novo, por que me incomodo com isso?
Ou ele não gosta da gente, ou ele não fala muito, ou tenho quase certeza que é porque o Bryce fala demais e não da espaço para ninguém abrir a boca.

Fiquei mexendo no meu celular, checando meu email, com medo de aparecer algum trabalho surpresa. Não dando mais a mínima atenção a eles.
Até ouvir meu nome no assunto.

-O que você falou?
Pergunto.

-Seu pai.
Ele repete.
-Parece ser um homem muito rígido.

-E por que meu pai é o assunto agora?
Pergunto na defensiva.
Não gosto que fiquem falando nele, eu evito pensar no meu pai.

-Não sei realmente, estávamos falando sobre pais em geral.

-E por quê?
Pergunto agora um pouco mais calma.

-Porquê foi o que ele demonstrou ontem.

-Você não conhece ele, não pode falar que acha ele um "pai" faço aspas com os dedos
Rígido, só porque ele falou uma frase. Ele só quer o bem do time, o mesmo que você faz parte.

Ele ficou em silêncio.

-Certo, estou indo para minha aula, não era esse o rumo dá conversa que queria ter chegado. Vou entender isso como um não, você não vai me ajudar com a Riley, e eu consigo entender, eu dizia ser amigo de vocês durante esses anos, e ferrei com a lei de amigos não pega amigos, consigo entender a raiva da Riley por mim, e a sua também.
Bryce diz.
Juntando suas coisas e se levantando da mesa.

Não respondo nada, estou envergonhada o suficiente para não conseguir dizer um A.
Por quê eu tenho que surtar nesses momentos? Nunca aprendi a me conter quando o assunto é meu pai. Embora ele sempre tenha sido uma boa pessoa. Mas desde aquele dia, ele não é o mesmo comigo.
"Não tenho culpa de nada" é o que eu digo sempre que essa lembrança surge na minha cabeça.

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