Estou na sala da minha casa, sentada na poltrona do papai, com a minha roupa de bailarina para apresentação de hoje.
Ouço vozes no andar de cima.
Papai sempre diz para nunca ir até elas quando eu às ouvir.
Antes eu não entendia, mas agora eu sei que é ele e a mamãe em umas de suas enormes discussões.Falta alguns minutos para minha apresentação começar, vou chegar atrasada se papai não me levar.
Vou em direção as escadas e sigo as vozes deles dois. Se eu não chamar ele, não vai da tempo, não posso perder essa oportunidade.-Você deveria ir embora.
Escuto papai dizer.-Não me peça isso novamente, você sabe que não tenho para onde ir, e a Hera, você não cuidará dela sozinho.
Minha mãe diz.Consigo ver eles agora, estão tão perto um do outro e se olham nos olhos, mas não estão apaixonados como antes, porque me lembro de ver eles próximos assim antes, mas era diferente, agora o sentimento é ruim, consigo sentir da porta do quarto, aonde eles ainda não me viram.
-Você não vale nada, sabe que dia é hoje?
Meu pai pergunta.Silêncio.
-Não, você não sabe, porque estar aí, novamente no mesmo estado da semana passada, eu não quero mais você aqui, não ver que faz mal a Hera?
Vejo minha mãe respirar fundo.
Ela estar no mesmo estado da semana passada, mês passado, e ano passado.
Sempre alcoolizada.
Eu odeio ver ela assim.-Eu vou embora, e eu não vou voltar, nem que você me peça de joelhos.
Ela diz.-Eu não vou pedir.
-Saia sem que a Hera veja, ela não pode estar com a cabeça cheia de preocupação enquanto se apresenta.
-Você foi uma mãe de merda, esse tempo todo, eu só quis ajudar você, pelo seu bem, pelo bem da Hera, e da nossa família, mas você não fez sequer um esforço, não apareça mais aqui.
Papai diz sério.
Enquanto aponta o dedo no rosto da mamãe.
Ela respira fundo e fecha os olhos.
Isso não foi um aviso.Meu coração para, o que está acontecendo com eles? Ela vai embora, para onde? E por quê?
Minha respiração falha, dou alguns passos para trás enquanto me afasto da porta do quarto.
Bato meu corpo na mesinha que fica no corredor, um quadro com nossa foto cai no chão fazendo barulho e chamando a atenção deles. Papai me ver. Não consigo dizer nada, abro minha boca mas não consigo falar. Só consigo pensar nele chateado comigo porque quebrei uma regra.-Você tá bem?
Ele me pergunta.
Indo na minha direção.
E essa é a última voz que escuto antes de ficar tudo escuro.~05:15am🕑
Segunda-feira.Acordo num pulo.
Estou suando, me sinto sufocada.
Corro para meu banheiro e lavo minhas mãos, não sei quando adquiri essa mania, mas me sinto melhor sempre que faço isso.
Me olho no espelho, estou horrível, meu rosto estar inchado, meus olhos estão vermelhos, meu cabelo estar uma bagunça.
Novamente esse sonho.
Fiz muitas sessões com a minha psicóloga sobre isso, aquele dia me desenvolveu um trauma enorme. Eu era inocente e ingênua.
Enquanto eu era mais nova, não entendia o que acontecia com eles, mas quando completei meus 11 anos, consegui compreender o que acontecia naquela casa.
Meus pais já não eram mais um casal.
Meu pai praticamente bancava a casa inteira com seu trabalho sendo treinador.
E minha mãe, quase nunca estava presente, e quando resolvia aparecer, estava bêbada, implicava com tudo, e eles dois sempre brigavam muito.
Eu sempre ficava longe, era uma das regras que papai me deu. Me trancava no meu quarto, colocava meus fones de ouvido e dançava todas as minhas músicas preferidas. Saía da realidade que era o caos que acontecia no quarto ao final do corredor. Enquanto eu dançava, não existia pai preocupado, mãe alcoolizada, nada, só existia eu, minha dança, e minhas músicas.
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maybe about us.
RomanceQuando duas pessoas com vidas completamente diferentes se encontram, tudo pode da errado, ou certo demais, depende do seu ponto de vista. Livro iniciado em: 21/10/2022