Capítulo 8.

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~5:15am🕑

Tudo vai indo bem, dois meses se passaram desde que cheguei aqui. A rotina é a mesma todos os dias, mas ainda não me cansei disso.
Às 5:15 dá manhã meu despertador toca. Eu tomo banho, visto minhas roupas e vou para o campo. O treino começa as 06:00 horas. E acaba as 07:00 horas. Depois volto para casa, e me arrumo para a primeira aula do dia, às 9:30. Horário de almoço é sempre o mesmo, na mesma mesa do refeitório junto com os meninos. Tenho tempo suficiente para ir em casa, mas prefiro ficar pelo campus. Tudo acaba as 16:00 horas e vou para casa, agora no meu carro já concertado.
À noite eu aproveito para descansar, assisto filmes, séries, pedimos pizzas e ficamos na sala da casa uma boa parte da noite, depois cada um vai para seus quartos e só nos vemos no outro dia pela manhã.
Só fazem dois meses que estou aqui, mas já me sinto da família, no time, na casa, me sinto bem, finalmente tenho um lugar para chamar de lar.

- Nosso próximo jogo será fora de casa.
O treinador diz.
Estamos todos sentados no gramado do campo, depois do treino.

A Hera tá sentada num banco um pouco distante da gente. Observo ela. Posso decifrar o que tá pensando, provavelmente:" Quando foi que escolhi ser fisioterapeuta de atletas?"
Ela sempre vem ao campo nas terças e quintas, sei que faz parte do estágio, mas tenho certeza que se o treinador não obrigasse ela a vim aqui, ela não faria questão. Ela não parece gostar muito de alguns jogadores, mas posso entender porquê, vez ou outra escuto alguns falando algo sobre ela, que ela é bonita demais, que a melhor parte de estar aqui é por causa que ela é a fisioterapeuta, e piadas que vai disso ao extremo senso do ridículo que eles não tem. Não nos falamos muito, ainda implicamos um com o outro de vez em quando, mas sinto que ela não me odeia mais, só começamos com o pé esquerdo.

Já passa das 17 horas quando chego em casa, amanhã teremos um jogo importante, infelizmente é na cidade que eu morava, estou evitando ir lá, evitando ver meu pai, mas não posso adiar isso para sempre.

-Vamos sair hoje, você vem?
Fred diz.
Batendo na porta do meu quarto.

-Acho que sim.
Respondo.
Resolvo ir com eles, mas não posso ficar muito tempo, prometi a Emma que ligaria por vídeo chamada com ela hoje.
Me arrumo rápido o suficiente para ficar na sala esperando por eles, ainda não sei aonde vamos.

-Bonito o suficiente para a Riley me notar?
Bryce pergunta descendo as escadas.

-O suficiente.
Eu respondo.
Essas briguinhas deles dois me dá preguiça, sinceramente, é tão óbvio que eles se gostam, mas são orgulhosos o suficiente para dizer um ao outro, poderiam estar bem, mas preferem ficar com joguinhos.

-Não vamos demorar, não é? Temos um jogo importante amanhã.

-Relaxa, não é a primeira vez que fazemos isso, a gente dá conta.
Ele diz nenhum pouco preocupado.
-Quando chegarmos aqui amanhã, com a vitória, eu vou beber tanto, por todos esses meses que estou proibido, quero ficar louco, mas hoje, vamos beber pouquinho.

Agora eu fico mais preocupado ainda, como ele pode achar, que ficar bêbado, é um motivo de comemoração? Aonde tem álcool, não tem paz, isso é um fato. Mas quem sou eu, para dizer a um adulto o que ele pode ou não fazer.

~19:00pm 🕘
Estamos todos em um bar, não sei se esse é o lugar certo para ficarmos, uma noite antes de um jogo importante.
Todos menos a Hera, ouvi Riley falando que ela se negou a vim, quase sinto falta dela, porque com certeza, ela colocaria ordem nos meninos e ficaria de olho nas bebidas deles.
Sinto vontade de perguntar o por quê, mas não somos amigos. Então que seja, vou ser a babá, o amigo chato que estraga prazer, ou qualquer coisa que eles queiram me chamar, mas não vou deixar que eles fiquem bêbados e amanhã não dêem conta do jogo.

Já fazem algumas horas que estamos todos em volta de uma mesa redonda, jogando conversa fora, vez ou outra vai alguém no karaokê, agora é a vez da Riley, nunca ri tanto na minha vida, ainda bem que somos jogadores de futebol, porque se fôssemos cantores, estaríamos muito ferrados.
Riley de repente fica animada demais, olhando para alguém, sigo seu olhar e uau, minha nossa, eu pensei que não tinha como melhorar, não consigo parar de olhar para ela, tão bonita. Outras pessoas no bar também olham para ela.
Ela dá um tchauzinho em direção a Riley e vem até nossa mesa, a essa altura não sei dizer qual música ela está cantando, se é boa ou ruim nisso, porquê meu foco todo estar em sua irmã, bem na minha frente com a cara nada boa.

-Posso saber por que ainda estão aqui?
Ela pergunta.
Olhando para cada um de nós.

-Estamos bem Hera, estamos nos divertindo.
Bryce fala.
O único com coragem o suficiente para responder a ela.

-Estou vendo isso. Agora vamos embora.
Ela fala.
Posso sentir de onde vem tanta moral. Seu pai ficaria orgulhoso.
Será que ela pensa que também estou bêbado como os outros? Ao contrário deles só bebi água a noite toda.
Ela chega perto de mim o suficiente que consigo sentir seu perfume. Fica em silêncio me observando por alguns minutos. Quando fala algo me surpreendo.

-Leva os mais bêbados para o meu carro, vou avisar a Riley que já vamos embora.
Fica em silêncio de novo.
-Não sinto cheiro de álcool em você, talvez seja o que tem mais noção entre todos.
Ela diz.
Indo em direção a Riley.

Faço o que ela pediu, três no meu carro, e dois no dela, Bryce vai comigo, porque se ele for no mesmo carro que a Riley, no estado em que estão, vão se matar.
Saímos do bar, alguns minutos depois estamos indo em direção a minha casa. O celular de Bryce toca no bolso da sua calça, vejo quem é.
Hera.

-Tudo bem aí?
Ela pergunta.

-Sim, tudo bem, e aí?

-O Fred vomitou esse idiota. Vou matar ele amanhã.

-Se seu pai não fizer isso primeiro.
Digo.

-Com toda certeza ele vai fazer isso.
Rimos.
Ela desliga a ligação.
Quardo o celular dele novamente em seu bolso.

~00:00pm🕦
Agora em casa, colocando corpos em cima um do outro no sofá e no chão. Estou morto, carregar jogadores de futebol nas costas enquanto estão bêbados nunca foi tão difícil.

-Vocês são muito idiotas sabiam?
Hera diz.
-Tiveram todo o tempo do mundo para ficarem bêbados, mas escolheram um dia antes, de um jogo importante para todos, vai ter olheiros lá, se forem mal, podem perder oportunidades, não acredito que isso aconteceu, depois de tanto esforço por meses. Meu pai vai matar vocês, e com toda a razão.
Ela diz.
Totalmente irritada com a situação.
Não posso discordar. Se formos ruim amanhã estamos muito ferrados.
Fecho a porta da casa assim que ela sai com a Riley. De repente eu lembro. Merda. A Emma.
Saio correndo para meu quarto. Ligo para ela, à essa hora da noite já deve estar dormindo.
Ligo uma, duas, três vezes, nada.
Eu sou muito idiota. Deito na cama, não me dou o trabalho de trocar de roupa. Só quero que esse dia acabe logo.

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