Capítulo 12.

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-Sábado.
14:05pm🕡

Seria uma péssima idéia sumir e deixar o Joseph me procurando?
Já tive muitas escolhas erradas, mas aceitar ser a namorada de mentirinha num aniversário, foi a pior delas.
Nesse momento estou esperando por ele do lado de fora do prédio onde moro. Estou entre ir, e fugir, normalmente não fico nervosa, mas caramba, estou indo conhecer a família de uma pessoa que conheço há dois meses, e nem amigos somos.
Não tive coragem de contar a ninguém sobre isso, e ele também não falou se podia. Disse a Riley que ia para casa de uma amiga, caso meu pai pergunte. Porque ser de maior, e ter suas próprias responsabilidades, não morar mais sob o mesmo teto que ele, estar quase formada, e ser independente, não existe no vocabulário do meu pai.

Finalmente ele chega.
Não vou levar muitas coisas, só o necessário.
Entro no carro.

-E ai? Como estou?
-A namorada perfeita?
Olho para ele.

-A namorada perfeita.
Diz.

-Tudo bem, você tem mais de uma hora de viagem, para me contar tudo.
Digo.

-O que você quer saber?
Pergunta.

-Só por que você é obrigado a ir, e por que tem que ter uma "namorada"
Faço aspas com as mãos.

-Basicamente, minha família acha que ter alguém, é algo fundamental para o ser humano, eu discordo, estou muito bem sozinho. Não queria ir "solteiro" porque já fui todas as outras vezes, e as perguntas são as mesmas, estou cansado de responder todas elas. Dessa vez pensei "por que não levar alguém?" Quem sabe eles não calam a boca e me deixam em paz.

Deve ser insuportável tá no mesmo ambiente que essas pessoas, e olha para onde estou indo?

-Então, ter uma namorada vai deixar eles felizes por você?
Pergunto.

-Acho difícil.
Fica em silêncio uns segundos.
-Não tem nada que eu faça, que deixe eles felizes, mas não me importo com isso, não mais, antes era um inferno todos esses aniversários, ou comemorações ao longo do ano. Sempre fui obrigado a ir em todas, como sinal de gratidão ao ter o mesmo sangue.
Acho melhor eu parar de falar, você tá com uma cara, que vai pular desse carro em qualquer instante.
Ele diz rindo.

-Eu sinceramente, estou pensando nisso
Digo.
Meu celular toca. É o Chris, uau. Depois de todos esses dias, tenho quase certeza que alguém contou a ele que eu fiquei sabendo da nova namorada que ele tem. E nem pra me contar. Mas tudo bem. Não tínhamos nada sério, mas ainda fiquei um pouco chateada.
Joseph pergunta quem é, porque já é a terceira ligação. Não acho que contar a ele vai mudar alguma coisa, mas olha onde estou, dentro de um carro, indo para outra cidade, conhecer pessoas insuportáveis, só porque sou curiosa demais. Então digo.

-É só o Chris. Não tínhamos nada sério, mas na quarta à noite, fui jantar com uma "amiga" e ela acabou me contando algumas coisas, nada tão importante, apenas fatos.

-Por quê "amiga"?
Ele pergunta.
Imitando minhas aspas com as mãos.

-Porque ela está com ele agora.
Digo por fim.

-Então, você estar mal com isso?

-Não, quer dizer, não mal pelo motivo de estarem juntos, mas pelo motivo de ser a última a saber, e além do mais, ela me ouvia falar sobre ele.

-Talvez esse tenha sido o problema, a gente não fala sobre pessoas que gostamos, é lei.
Não falamos sobre como elas são boas em todos os aspectos, ou em como ela trata você, entre outras coisas, isso gera curiosidade, interessante, vai por mim, aprendi isso da pior forma.
Ele diz.

Alguns minutos se passaram, e ainda estou pensando em tudo que ele disse, isso é tão verdade, agora me sinto uma pessoa com outros olhos. Porque nunca ninguém tinha me falado algo tão certo. E agora eu vou seguir esse conselho.

-É isso, chegamos.
Ele diz.
Parando em frente a uma casa enorme.

Fico chocada com o quão a casa é linda, não tem nenhuma assim aonde moramos, é extremamente chique.

-E você conseguiu estudar na Saint Mary, através de uma bolsa, como assim?
Pergunto. Ainda chocada.

-Essa é a casa do meu avô, não fique tão surpresa assim. A minha é totalmente humilde. Como minha mãe queria que fosse. Agora essa mansão aí, é só pra mostrar as pessoas.

Saímos do carro e fomos em direção a entrega da casa, Joseph carrega minha bolsa, quase brigamos no carro, porque segundo ele, não faria questão nenhuma de levar, e eu rebati dizendo que tinha duas mãos.
Somos recebidos por uma mulher mais velha.
Porém, muito bem vestida. Quem fica de salto dentro de casa? Essas pessoas devem ser muito ricas mesmo.
Ela fica surpresa em me ver. Digo boa tarde, num tom tão amigável, que nem eu sabia que conseguia ser.

-Estou surpresa demais em ver que você finalmente trouxe alguém Colin.

Então chamam ele de Colin aqui? Como será que eu devo chamar?
Estou ficando neurótica.
Preciso assumir meu personagem de namorada perfeita.

-Estou surpreso também, finalmente tive coragem de trazer alguém aqui, e sinceramente, acho que não foi uma boa idéia.
Ele diz.
Fico calada olhando para ambos.

-Sou a Hera.
Crio coragem para dizer.
Estendo minha mão a ela.

-Muito prazer Hera, seja bem vinda.
Ela aperta minha mão.
Joseph revira os olhos com esse ato.

-Vem, vamos guardar nossas coisas.
Ela pega na minha mão.
Não estava esperando por isso. Mas a partir de agora, não sei o que vamos fazer tanto na frente deles, então vou fingir naturalidade.
Indo em direção aonde quer que seja, porque estou sendo carregada por ele, observo a casa, me sinto num palácio. Ele por outro lado, não acha nada interessante.
Entramos em um quarto.
Ele fecha a porta.
Respira fundo.
Olha para mim.

-Vamos embora, sério, isso foi uma idéia idiota, você não sabe aonde se meteu, e eu sou muito babaca de trazer você aqui.
Ele diz.

-Ei, tá tudo bem, já estamos aqui Joseph. Ir embora só vai piorar as coisas, você não estar mais sozinho, eu tô aqui.
Digo me aproximando.
- E agora preciso que me diga como devo te chamar. E o que vamos contar sobre como nos conhecemos e quanto tempo temos.
Começo a me sentir nervosa também.

-Está preocupada em como vamos mentir na frente deles, e em não como vamos dividir aquela cama?
Ele aponta para a cama.

-É, tem razão, não vou dormir com você ali, de jeito nenhum.

-Você vai. Se estamos juntos não vamos dormir em quartos separados. Só se você contar que é da igreja, e que só vai chegar perto de mim quando nos casarmos.
Ele diz.
Num tom de brincadeira.

-De forma alguma, isso seria tão constrangedor.

-Vamos lá, temos uns demônios para enfrentar.
Ele diz.
Abrindo a porta do quarto. E me guiando novamente para algum lugar dessa mansão.
Estou nervosa. Pela primeira vez na vida. Não sei o que me espera. Mas estou pronta, isso vai ser um desafio.
Pego na sua mão, e juntos descemos as escadas.
Olhando assim, parecemos realmente um casal. Afinal esse vai ser nossos personagens por uma noite.
Mal posso esperar pelo que vai acontecer.

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