Capítulo 14.

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Pensei que já tinha visto coisas bonitas ao longo da minha vida. Mas isto aqui, ao meu lado, é de se admirar.
É uma pena que eu não teria coragem e dizer isso em voz alta. Mas caramba, a Hera dormindo, é lindo, tranquilo, calmo, transmite paz, e segurança. Daria tudo para saber o que ela estar sonhando agora, mas com certeza é algo bom. Diferente dela, eu não consigo fechar os olhos, que noite terrível, se eu pudesse apagar tudo, desde o início faria, desde quando tive essa idéia maluca de vim aqui nessa cidade, e principalmente de ter colocado ela no meio disso.

06:00am🕝

-Hera?
A chamo.
Uma.
Duas vezes.
Na terceira mexo em seu ombro.

-Ai, seu idiota, meu sono estava tão bom. Qual é.
Ela diz.
Com a voz sonolenta.

-Temos que ir, é sério, meu pai pode chegar a qualquer momento.

Ela abre os olhos de repente e levanta da cama num pulo.

Pegamos nossas coisas, e por muita insistência dela, deixei que arrumasse a cama que dormimos. Caso meu pai entre aqui e não desconfie de nada. Mas é impossível ele vim nesse quarto.

Agora estamos no carro, olho para ela, estar quieta, provavelmente se perguntando o que estar fazendo dentro do meu carro, às 06:00 horas dá manhã, numa cidade à mais de 1 hora de distância da sua casa, em pleno domingo.
Ou talvez, ela seja daquelas pessoas que odeiam abrir a boca quando acorda, pessoas que passam mais de 30 minutos raciocinando, e com crise existencial.
De repente ela fala.

-Tem algum lugar aqui que você queira me mostrar?

Sou pego de surpresa com essa pergunta.
Na verdade eu só quero dá o fora daqui o mais rápido possível.

-Tem um café que podemos ir, ainda estar cedo, mas esse horário eu sempre saía pra correr, e eles estavam arrumando as mesas, talvez podemos passar lá, você quer?

-Eu adoraria, estou morta de fome.
Ela diz.

Encosto o carro entre um de vários lugares vazios a essa hora da manhã.
Entramos no café, o cheiro de limpeza invade meu nariz, assim como o cheiro de comida, meu estômago ronca. Acho que a Hera ouviu, porque ela olhou para mim e deu uma risadinha.
Sentamos numa mesa um pouco escondida da entrada do café, não quero ser pego de surpresa em ver algum conhecido. Não funcionou, porque minutos depois escuto uma voz.

-Colin?
Escuto uma voz se aproximando.

Que não seja ninguém da família.
Repito essa frase 3 vezes enquando cruzos os dedos por baixo da mesa.

-Oi?
Vejo quem é.
Alfred.
Alívio me preenche.

-Você aqui novamente? E à essa hora.
Ele pergunta gentilmente.

-Eu vim ontem para o aniversário do meu avô, mas já estou de saída.
Digo.

-Essa é a Hera, minha namorada.
Olho para ela.
Posso jurar que seu café não estar tão quente agora, mas sua reação, é a mesma quando levamos café a boca e ele estar pegando fogo.

-Hera, esse é o Alfred.
-Ele é basicamente um tio para mim.
Digo.

-Muito prazer em conhecer sr. Alfred.
Hera diz.
Agora entrando em seu personagem.

-Então é por isso que você não vem mais aqui não é? Tem alguém importante demais lá.
Ele rir.

-Viu o por quê? Não consigo ficar sem ela um dia Alfred, acredita?
Entro na brincadeira.

-Eu posso apostar nisso.
Ele responde sorrindo.
-Vou deixar vocês em paz, foi o prazer conhecer você Hera, e você filho.
Ele aponta em minha direção.
-Estar no melhor lugar que poderia estar, não volte para essa cidade, seu lugar não é aqui, eu assisti seu jogo, você sempre teve muito talento, mas aquele é seu lugar, está indo na direção certa, não desista, não importa o que seu pai, e sua família pensa sobre isso.
-E você Hera.
Ele aponta agora em direção a ela.
-Cuide muito bem do meu menino.

-Pode confiar.
Hera o responde.

O resto dos nossos pedidos chega à mesa e essa é a deixa para o Alfred ir embora. Não queria que ele fosse, mas ele tem horário na oficina, poderia ter dito pra ficar, e tomar café com a gente, mas meu pai não tolera atraso.

-Uau.
Ela diz.
-Que senhor carinhoso com você Joseph.

-Demais, o Alfred sempre foi assim comigo, desde quando só ficou eu e meu pai, ele sempre trabalhou na oficina.
Digo.

-Seu pai tem uma oficina?
Ela pergunta.

-Sim, fica na parte de baixo da casa, você não viu porque a entrada dela fica pelos fundos.
Respondo enquanto levo um pedaço de pão à boca.
Ela me observa.
Estar fazendo aquilo de novo, está me analisando, como sempre faz.

-Foi ele que me deu uma bola quando eu era criança, meu pai sempre me deu ferramentas, ou carrinhos de brinquedo, no início era divertido, eu brincava até enjoar, então depois eu desmontava tudo, e trocava todas às peças, mas também com um tempinho eu enjoava, mas a bola, nunca enjoei, é por isso também que meu pai é daquele jeito.

-E tem mais motivos?
Ela pergunta.
Agora parece chocada.
Não quero responder sobre isso. Não agora.

-Você é boa, tenho que admitir.
Quero mudar de assunto.

-Boa em quê?

-Em nunca falar sobre você.
Digo.

-Não tenho o que falar.
Ela faz pouco caso.

-Talvez você tenha, só não queira.
-Mas veja, não somos mais desconhecidos, você já sabe muitas coisas sobre mim, e eu não estou com medo de contar todo o resto, porque sinto que posso confiar em você.

Ela pensa um pouco.

-Tudo bem, é justo.
Diz.

-O que quer saber?
Pergunta.
Finjo pensar em algo.
Não quero que fique tão na cara que penso sobre isso.

-Com quem estava falando, no dia que você ficou com a Riley no refeitório,numa pesa separada, você falou algo, e a Riley ficou em choque. Fiquei curioso pra saber.

Ela respira fundo.
Pensa por alguns segundos.

-Com a minha mãe.
Ela diz.
-A Riley ficou daquele jeito, porque todos pensam que não tenho mais contato com ela, escondi isso de toda minha família, minha mãe não é mais bem vinda nas nossas vidas.

Merda, talvez eu não devesse continuar com isso.
Agora é tarde demais.
Não vou perguntar os motivos.
Mas estou curioso.

-Então agora você vai ter que contar a todos sobre isso?
Pergunto.

-Eu devo? Sinceramente, não acho certo esconder, mas ninguém ia aceitar isso, foi preciso.

-Eu acho que você é adulta. E independentemente se sua mãe não é bem vinda a sua família, ela é sua mãe. Você fala para eles se quiser.

Ela parece levar o conselho à sério.

-Tem razão. Vou ter que lidar com meu pai de qualquer forma, mas eu já sou acostumada com isso.

O assunto se encerra quando vejo que já comemos tudo e podemos ir embora. É o que mais quero afinal.

Entramos novamente no carro. Agora pegando a estrada de volta.

-Por quê estava tão queita mais cedo?
Pergunto.

-Tive uma boa noite de sono. Depois de muitos dias, só estava surpresa.

-Então dormir comigo fez bem, hein?
Brinco.

-Ei, você não é tudo isso.
Ela entra na brincadeira.
-Mas talvez, seja verdade.

-Posso colocar alguma música?

-Fique a vontade.
Respondo.

Ela conecta seu bluetooth no som do meu carro. De início as músicas estavam lentas, me pergunto se a playlist dela é assim, sempre as mais calmos primeiro.
Vejo ela batendo os dedos da mão em suas pertas no ritmo da música, mesma coisa que fez no volante no carro do John, será uma mania?
Não vejo a hora passar, e não estou preocupado em voltar para casa agora, ao contrário do sentimento que estava sentindo mais cedo. De repente, está nesse carro, ao lado da Hera, ouvindo suas músicas preferidas, é uma das melhores sensações que já tive.

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