O Desenrolar das meias

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Vivo a vida como visto as meias
E vou desenrolando a trama, Devagarinho
Prevejo o mal cheiro e a podridão nefasta
E tento prevenir com talcos da sabedoria
Sinto minha história roçar nos calos do mundo
Ah como eles doem no meu ser
É possível cortá-los lixa-los,
É possível lhe dar uma aparência mais bela
Mas sua raiz continua ali
Se alimentando das células mortas e crescendo incessantemente
Chego ao fim do desenrolar
E percebo que não há nada mais verdadeiro que calçar as meias.
Ela também chega ao fim
E quando ajusto aos pés
O primeiro fio se soltou
Abrindo um bucaro no princípio do ser

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