A meu amor!
Queria poder lhe dizer que sonhei contigo esta manhã,
E que fui à varanda, para olhar as estrelas como fazíamos depois de uma noite de amor.
E a cada lágrima que escorre do meu rosto, há ali uma lembrança sua.
E que na súplica da noite há o desejo nocivo de tê-la
Talvez o amor seja isso, seja a capacidade de amá-la tanto, que o próprio sentimento seja capaz de curar a dor de perdê-la
Sinto tanto um egoísmo de lhe querer só ao meu lado, quanto o amor no entendimento de que eu tinha de partir
Talvez o egoísmo e o amor tenham algo em comum, pois caminham lado a lado.
E nos questionamentos do próprio sentimento que me servem talvez de terapia
Pego uma foto sua, e fico imaginando se você olha as estrelas na mesma intensidade com que eu olho, se vive nas lembranças como eu vivo
Levanto-me e volto para o quarto para escrever na minha antiga escrivaninha, com a vontade de manter-me ao relento.
Manter-me no passado vivendo em mim o que sobra da sua imagem.
J.D.Ortega, 2023
