Corro o risco de amá-la
De subir ao emaranhado de cordas bambas
E de derrubá-la pela inconsequência de cada pegada
Ou talvez de cair, no fosso profundo e solitário que nos acompanha
Mas não deixarei que morra em mim o desejo
Pois não querer amá-la
É como comprar uma casa e pintar tudo de branco
É retirar todos os móveis,
Toda a comida
Toda a Água
É pegar o relógio e retirar o ponteiro das horas
E apagar as lâmpadas, fechar as cortinas e trancar as portas
Viver a si mesmo mudo, intacto, isolado em uma quina qualquer
Sem saber se é cozinha, quarto ou até mesmo sala
E viver sempre numa total agonia, mas sem se ferir, sem sentir a adrenalina pulsando nas artérias, por que não há nenhuma pulsação se quer.
É não ouvir nem uma batida no peito em meio ao silêncio.
Mas sem ter a dádiva de estar morto.J.D.Ortega, 2023