Escuto diante de um lamento silencioso
A maturidade inocente de uma flor que desabrocha em meio aos espinhos
E enquanto sinto o diálogo inaudível que ecoa no fundo dos olhos de meu eu refletido
Me perco na face verdadeira
E adentro ao espelho ao reverenciar com piedade e remorso o homem que suplica ao pouco de conhecimento as respostas dos maiores questionamentos da vida
E quanto mais próximo das conjecturas
Vou fechando os olhos da falsa face
E em meio ao nada
Vejo o vidro fino que me separa da realidade
E ali, o homem sem reflexo
Deixa de ser a sombra no fundo da caverna
Parte as amarras
se solta das correntes
quebra o vidro
Mas quando enxerga a luz
Se vira para a irrealidade e agradece o contraste.
Se vira para si mesmo diante do espelho e agradece a sua humanidade.J.D.Ortega, 2022