Catherine Dupan

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Aviso:

Esse capítulo, bem como o restante da história, possui cenas de violência.

Armas, conflitos e morte serão tópicos recorrentes, fruto da própria natureza do tema da história.

Demais gatilhos serão sempre sinalizados.


Glossário:

Recuo: o recuo de uma arma de fogo é a reação de uma arma após o disparo, que resulta em seu deslocamento para trás. Em termos técnicos, é causada pela reação que o projétil faz na arma, segundo a terceira Lei de Newton.


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- Nathaniel Carello, senhorita. Às suas ordens. – Disse, irônico.

- Oh, que obediente. – Ela devolveu a brincadeira, enquanto um barulho de zíper sendo aberto surge. Pelo visto a mulher estava revirando sua mochila. Seria uma salteadora?

Seria muito azar.

- Quietinho aí. – Nathaniel é repreendido quando tenta virar lentamente a cabeça para trás, na esperança de conseguir incluir o que acontecia em seu campo de visão. Desistiu, então. Se não apresentasse resistência nem a irritasse, seria mais fácil escapar depois, quando surgisse uma melhor oportunidade.

Uma oportunidade em que não houvesse uma arma em contato direto com sua preciosa cabeça.

Não era a primeira vez que era feito de refém – já escapara de situações bem mais complexas. Engana-se quem pensa que, no apocalipse, os mortos são mais cruéis do que os vivos.

Então sabia como se portar nessas situações. Seria pacato, manso, seguiria todas as exigências impostas. E no momento certo se aproveitaria de algum lapso de sua "sequestradora" (não sabia se podia chamá-la assim, visto que teoricamente ele subira na moto por vontade própria) para tomar a arma que agora era apontada para ele.

E se atiraria nela ou não, dependeria das circunstâncias futuras.

Não era estúpido, nem idealista. Sentia apreço pela vida humana, mas com a própria bem acima em relação a dos outros. E depois de tantos anos após o caos começar, já tivera de fazer muita coisa para não morrer.

Coisas nem sempre confortáveis.

Matar ou ferir não era agradável. Sempre o deixava aquela sensação ruim no peito, um vazio agoniante, porém preferia sentir isso a não estar mais vivo. Fizera uma promessa, para uma pessoa muito importante, de sempre lutar a qualquer custo por si próprio, e não iria descumpri-la agora.

Memórias sobre a promessa o traziam lembranças sobre a emboscada.

Tanto tempo passou desde aquele dia.

E lembrar sobre a emboscada o deixava triste.

- Muito bem. Pode se virar. Acho que até agora eu não fui muito amigável com você. – A voz feminina ecoa novamente.

- Sim, senhora.

Quando ele se vira, calmamente e mantendo as mãos à mostra (precauções básicas, não queria levar um tiro), percebe que a mulher retirara o capacete que antes encobria sua cabeça. Agora, conseguia vê-la.

Ela tinha grandes olhos escuros, afundados em olheiras. Seu cabelo era curto, em um repicado feito sem muito capricho. Além disso, era baixa - bem baixinha, abaixo de seu ombro.

7 dias - Nathaniel Carello, Amor DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora