You're fine

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Aviso:

Esse capítulo possui cenas com descrições violentas.



Dois anos e 7 meses atrás...

Catherine estava imóvel, deitada sobre o terraço de um alto prédio. A porta de acesso estava reforçada por duas correntes velhas, e alguns mortos batiam na madeira desta, que servia como barreira entre vida e morte para ela.

Estava catatônica demais para apenas sair correndo e lidar com aquela situação.

Tinha feito muito, de fato. Tinha feito tudo que conseguiria, tudo que estava a seu alcance, e mesmo assim sua mãe morrera. Mas houve um momento de descuido, um momento de desatenção, uma pequena escorregada por parte de sua mãe. Bastou apenas isso. Enquanto fugiam de uma horda, a mulher acidentalmente escorregou sua mão para fora do aperto dos dedos de Catherine, e nada mais pôde ser feito.

Não conseguiu sequer enterrá-la, teve de fugir. E três dias depois, ainda sentia um persistente gosto amargo na boca.

O vento batia em seu rosto. O céu estava limpo e sem nuvens, em um lindo dia de verão.

Apesar de tudo, não queria morrer. Então levantou, lentamente, dolorida nas costas pelo período de repouso sobre o concreto.

Agora teria de escapar dali, ilhada, com mortos tomando sua única saída, de algum jeito.



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Catherine estava com uma sensação ruim. Um aperto justificável no peito, visto que já era anoitecer, com o arrepio de temor se alastrando por toda sua espinha.

Ele deveria ter voltado horas atrás. Os mortos ficavam muito mais ativos no frio da noite.

Ponderou se deveria sair e procurá-lo. Mas deixar Nina sozinha não era a decisão mais fácil do mundo – se acontecesse algo no castelo, Catherine não iria conseguir ouvir de jeito nenhum.

Esperou mais meia hora. E foi o seu limite.

Trancou todas as portas e janelas do local. Orientou Nina a se manter fechada e segura em seu próprio cômodo, com a arma em mãos. E que, ao menor sinal de perigo, que fugisse sem pestanejar e se escondesse, pois a acharia independente de qualquer coisa.

Passou a alça de couro de sua longa carabina, destravada, ao redor de seu torso, e deixou seu pacato lar.

Subiu o capuz de seu casaco e iniciou uma corrida até a região que, segundo o loiro, é onde ele estaria. Começaria as buscas por lá, e iria morro abaixo se não tivesse sucesso imediato ali. Queria achá-lo vivo, não aceitaria nenhuma outra possibilidade.

Não estava em condições de lidar com a morte de mais ninguém.

Percorria o caminho pelos cantos, evitando chamar a atenção da maioria dos mortos. Usava um facão contra os que vinham ao seu encontro – mesmo com silenciador, o que mitigaria o problema do barulho, não queria usar sua arma pois poderia precisar das balas.

Enquanto castigava suas pernas correndo rápido sobre a estradinha de pedras tortuosas, ouve um disparo. Único, solitário, não parecia distante.

Foi o suficiente para Catherine entrar em desespero.

7 dias - Nathaniel Carello, Amor DoceOnde histórias criam vida. Descubra agora