7 dias - Nathaniel Carello, Amor Doce

Cativeiro

Glossário:

Brassempouy: comuna francesa, na região da Nova Aquitânia.

No entanto, o nome da organização representada na história não vem da minúscula comuna em si, e sim da figura da Vênus paleolítica de Brassempouy. Esta é uma pequena figura esculpida em marfim, da era paleolítica, sendo um dos artefatos mais antigos a conter representação da face humana. As outras esculturas da época não costumavam apresentar rosto definido.

As Vênus paleolíticas carecem de compreensão exata a respeito de suas funções e significados. No entanto, há indícios de que as figuras sejam emblemas de segurança, sucesso, fertilidade e prosperidade.

A importância da figura da Vênus de Brassempouy será explicada posteriormente na história. Existem outras: a famosa Vênus de Willendorf, de Lespugue, de Malta, Roumanie, etc.

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Catherine descia o morro com o pé no freio, pois se não o fizesse, o carro desceria ladeira abaixo em uma velocidade imensurável. As gastas pastilhas cantavam, sôfregas pelo esforço sobre as estreitas ruas de pedra. Era triste deixar Èze, ainda mais quando sequer tinham um plano muito sólido.

Tudo que fora definido é que seguiriam em direção ao norte. Pegar a longa estrada e tentar achar alguma propriedade distante o suficiente, e mais isolada – alguma fazenda ou casa de campo, qualquer coisa do gênero.

Era cedo da manhã. Cedo demais para Nina, que adormeceu no banco traseiro assim que afivelara o cinto. Ao seu lado, estavam amontoados todos os itens – que não cabiam no porta-malas - adquiridos na proveitosa estadia no castelo.

O loiro, no banco do passageiro, observava a paisagem – repleta de casas desgastadas e mortos letárgicos, tentando alcançar o carro mas não possuindo velocidade o suficiente, antes de finalmente desistirem - , pensativo. Sua mão esquerda estava repousada, tenra, sobre a coxa da motorista, fazendo um leve carinho.

- O que você está pensando? – Perguntou Catherine, vendo que ele estava imerso na própria mente.

- No passado. – Respondeu, simplesmente.

- Ah, nos tempos em que você era o brilhante, favorito dos professores, querido representante de turma?

Ele riu.

- Eu não era exatamente "querido", devo dizer.

O loiro voltou, mentalmente, aos tempos de escola. A fama de "certinho", enfadonho (talvez a gravata azul não ajudasse muito a combater isso) e, segundo Castiel, até de talarico.

Castiel, seu maior "rival". Nunca mais o vira. Será que estaria vivo? Será que estaria bem?

A pergunta era dotada de uma pontada de esperança que Nathaniel sabia que era inútil ter. Provavelmente estaria morto, Amoris foi devastada em questão horas. Sobrou ele, até onde sabia. E só. E não precisava ser assim.

Às vezes se perguntava se Ambre ainda estaria viva se ele não tivesse tomado aquela decisão errônea.

Imerso na própria mente, foi puxado violentamente de volta para a realidade com o alto barulho de estouro do pneu. Com a força, Catherine bate a cabeça na janela e perde o controle da direção, e o veículo derrapa para fora da pista. Nina acorda e grita com o susto.

O impacto é forte.

Batem numa árvore grossa ao lado da pista, cerceada por uma densa floresta.

Os vidros laterais esquerdos, do lado que encontrou a madeira, estão estraçalhados. Catherine tinha sangue escorrendo de sua sobrancelha, e não entendera o que aconteceu.