Fortune Cookie.

30 - I can't believe.

Depois que o jantar terminou, tive que dar uma desculpa para sair um pouco mais cedo que o normal, mas eu obviamente não disse qual era o real motivo.

São exatamente nove horas da noite, e no momento eu estou sentada em um dos muitos bancos do Central Park, mais precisamente em frente ao condomínio onde moro. Eu não estava a fim de esperar, e por isso marcamos de nos encontrar ainda hoje. Mas, embora eu esteja ansiosa e impaciente, estou a um fio de sair correndo daqui. Isso é justificável, já que eu irei, finalmente, descobrir a identidade da garota que tanto confundiu a minha mente.

Como isso foi acontecer?

Quando eu havia ido ao Buddakan com Júlia e Patty naquele dia, era pra ser apenas um jantar normal no meu restaurante chinês favorito. Isso se não fosse aquele biscoito da sorte, que eu admito ter mudado a minha vida.

— Brunna? - ouvi uma voz rouca e um pouco arrastada atras de mim.

Essa voz... Não pode ser.

Dessa vez eu não podia estar ouvindo coisa. Eu já não estou mais em uma crise interna. Pelo menos eu acho que não.

Me virei aos poucos, porque estava com um certo receio. Não sei exatamente do que, mas estava. Quando finalmente tive coragem de olhar para traz, meu coração quase parou e meus olhos quase saíram de orbita.

Ela estava parada bem atras do banco onde eu estava sentada. Suas mãos estavam dentro do bolso do seu casaco, e um meio sorriso estampava seus lábios.

Eu senti o chão sumir debaixo dos meus pés.

Eu não conseguia acreditar no que estava vendo. Então é isso? Era Ludmilla esse tempo todo? Eu não estava ficando louca? Eu definitivamente não sei o que pensar sobre isso no momento. É muita informação para processar. Ela... Eu... Que merda!

Isso só pode ser algum tipo de pegadinha, ou talvez um sonho. Seja lá o que for, eu não aguento mais! O que diabos está acontecendo com a porra da minha vida?

— Ludmilla?! - levantei-me do banco — Como... O que você...? Era você esse tempo todo?

Minha mente girava, meu corpo fervia, meu coração batia de forma descompassada, e, por mais que os termômetros estivessem marcando 5 graus, minhas mãos suavam.

— Sim, o tempo todo...

Eu estava incrédula. Durante todo esse tempo, eu obviamente desconfiei que poderia ser ela, mas sempre achei que estivesse ficando louca, e para completar minhas amigas não ajudavam.

Com certeza elas sabiam de tudo. Ridículas.

Eu não acredito que ela conseguiu me enganar com tanta facilidade. Não acredito que ela se aproveitou da minha fragilidade pra isso.

Aproximei-me de Ludmilla e sentia minhas narinas queimando como se tivessem vulcões dentro delas. Mas, por mais incrível que pareça, eu não estava com raiva dela. Como poderia, afinal? Na verdade, eu estava com raiva de mim mesma. Raiva por não ter conseguido descobrir que a garota com quem eu converso por mensagens sempre foi a minha ex-namorada. Porém, por outro lado, eu estava aliviada.

Confessei para ela tantas coisas que na verdade gostaria de confessar para Ludmilla, e veja só! É confuso, eu sei. Minha mente está uma bagunça, e eu preciso descarregar isso em algo. Eu preciso mandar embora todas as energias acumuladas no meu corpo. Eu preciso socar a cara dessa garota!

— Eu não acredito que você fez isso, sua estú... - eu ia terminar a frase no momento em que fechei os punhos para socar os ombros de Ludmilla, mas sem intenção alguma de machuca-la. Porém, ela foi mais rápida e os segurou com força, me puxando pra perto e juntando nossos corpos.