25 - The moment.

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Sexta.

Eu passei a manhã inteira a beira de um colapso, olhando as horas no relógio de cinco em cinco minutos, mas, quanto mais rápido queremos que o tempo passe, mais devagar ele passa. Ele é um completo filho da puta.

De qualquer forma, estou terminando de me arrumar para ir ao tal "encontro", que na verdade não é exatamente um encontro.

— Pegou a venda preta? - Júlia perguntou e eu chequei novamente se o pano estava dentro do bolso da minha calça.

— Sim.

— Deixe-me ver se ela realmente esconde alguma coisa. - disse ela.

Júlia estirou a mão e eu lhe entreguei a venda. Ela logo envolveu sua cabeça com a mesma, cobrindo seus olhos.

— E então? - perguntei.

— Mhm... Tem o selo Júlia de aprovação. - revirei os olhos — Vamos logo, Brunna. Quando chegarmos no local eu a coloco em você.

— Ok.

Júlia e eu descemos no elevador até o primeiro andar do prédio e fomos até a garagem onde ela havia guardado seu carro.

Eu podia sentir meu coração bater cada vez mais rápido em cada novo metro que avançávamos no veículo. Tive medo de que ele saísse pela minha boca.

Veja bem, eu tenho motivos para tamanho nervosismo. Acreditem se quiser, mas eu sou tímida e nunca sei como reagir a elogios pessoalmente e sei que a tal garota vai fazer questão de me elogiar a cada minuto. Também estou nervosa porque não faço a mínima ideia de quem ela seja e justamente por isso eu irei ficar com uma vontade enorme de arrancar essa venda dos meus olhos a fim de descobrir sua identidade, mas nós temos um trato e eu não irei quebra-lo.

Estou começando a achar que tenho crise de ansiedade.

— Chegamos. - anunciou Júlia ao parar em frente ao local marcado. — Vire-se para que eu possa ajeitar isso nos seus olhos.

E assim eu fiz. Me virei de costas para Júlia no banco do carro e ela apertou bem a venda nos meus olhos.

Eu não estou enxergando absolutamente nada.

— Cuidado comigo, sua puta insensível. - falei quando ela deu a volta para abrir a porta do carro pra mim.

— Cala a boca, Brunna. Eu já estou fazendo demais. Acha que eu queria presenciar um encontro seu? E o pior... Observando tudo de outra mesa, SOZINHA.

— Problema seu.

Júlia resmungou alguns palavrões desconhecidos por mim e finalmente me guiou até uma mesa, puxando uma cadeira para que eu me sentasse logo em seguida.

— Espere um pouco, ela deve estar chegando. Eu vou ficar na mesa ao lado. Divirta-se. - Júlia sussurrou no meu ouvido e depois eu já não sentia mais a sua presença ali.

Quase gritei para que ela voltasse, mas isso não seria muito legal.

Aproximadamente 3 minutos depois, senti uma pessoa se aproximar e logo puxar a uma cadeira para sentar.

É ela.

— Boa tarde, Brunna. - falou. — Eu estou forçando a minha voz o máximo que posso para que ela fique pelo menos um pouco irreconhecível. Espero que não se importe. - soltou uma pequena risada pelo nariz.

Embora ela esteja forçando a voz, ainda é perceptível que a mesma é um pouco roupa e arrastada, assim como a voz de Ludmilla. Será que...

Não, nada a ver. Isso não é possível. Eu estou ficando paranóica demais e vendo a Ludmilla em todo lugar. Preciso parar com isso urgentemente.

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