(Não confie em tudo que vê, até o sal pode parecer açúcar.)
— Autoria desconhecidaCidade de Moscou — Ano de 2015
Para um seleto grupo de pessoas que vivem nas trevas do próprio ódio, ao contrário do que muitos lunáticos e romancistas pensam, o mundo da máfia nunca foi um conto romântico e belo, onde a mocinha domina o mafioso mal encarado e eles vivem felizes para sempre.Não existe finais felizes para mafiosos. Não há misericórdia para eles.
Embora, o cinema e os livros, tenham romantizado esse universo, dando a impressão de que nele existem boas pessoas, na vida real é totalmente o oposto. Membros da máfia nascem para conviver com uma constante violência, desde atritos internos até com outros grupos rivais.
Não há um momento de paz para eles.
Não há uma vida justa.
O perigo constante é uma sina de maldição que os persegue.
O homem acorrentado ao poste de ferro maciço, no centro da sala meio retangular, sabia muito bem disso. Ele encarava o chão, a cabeça pendendo para baixo, desgraçadamente.
Seu corpo inteiro estava quase sucumbindo ao poder das torturas que vinha sofrendo até o momento. A respiração fraca e entrecortada dele, combinava perfeitamente com o ambiente deteriorado da sala. O rosto magro e ossudo, coberto por uma pele macilenta, sangrava permanentemente; seus dentes doíam junto com a mandíbula quebrada, em virtude dos socos impiedosos que tinha levado.
De qualquer modo, a esperança de sobreviver não era mais uma opção. A sentença de sua morte havia sido assinada quando foi pego pela armadilha inimiga.
A morte era inevitável e chegaria de todo e qualquer jeito, por causa da sua falha.
A localização do cativeiro do homem era numa fábrica desativada das indústrias QETROV, próximo à Praça Vermelha, que separava a cidadela real, conhecida como Kremlin, do bairro histórico de Kitay-gorod, Rússia.
O cubículo retangular em que o preso estava no terceiro andar, era frio e sem muita luminosidade. Os tubos prateados da tubulação velha e cheia de lodo, estavam visíveis a qualquer um que entrasse ali. Tinha fuligem e outras sujeiras empregadas nas paredes acinzentadas, e as duas únicas janelas do ambiente haviam sido fechadas, piorando terrivelmente o cheiro fétido propagado no ar.
A lâmpada fluorescente instalada meio do teto, falhava de vez em quando, dando a entender que brevemente não se acenderia mais.
O único móvel da sala era uma mesa de metal extensa e amarelada, cujo o longo tempo de uso a deixara enferrujada nas quatro pontas. Detalhes prescindíveis que não a impediam de ser usada. Sobre ela, haviam os mais variados e temidos objetos de tortura: um empalador ao contrário, um esmaga-polegar, facas, garfos de prata encurvados, machadinhas, tesouras de ponta enferrujada, alicates de variados tamanhos, serrotes de pequeno porte e seringas com vidrinhos transparentes ao lado.
Todos bem enfileirados e prontos pra uso.
O algoz do homem amarrado sorria em satisfação, enquanto procurava o próximo objeto da tortura.
Ao inspecionar os materiais que tinha à sua disposição, seus olhos encontraram um dos vidrinhos transparentes. Era o menor de todos, lacrado por uma tampa vermelha. O sujeito pegou o vidro e inseriu o fluido esverdeado de dentro dele numa seringa.
Quando se aproximou da vítima aprisionada, deixou que um sorriso diabólico surgisse em seus lábios e aplicou no homem a injeção.
— O que é isso? — perguntou o aprisionado. — O que injetou em mim? — o nervosismo e o pavor, dominavam a voz dele.
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A Chama Que Nos Atrai
ChickLitCattleya Prince não se considera uma sábia dos tempos modernos, mas apanhou muito da vida até aprender que homem e amor são termos que nunca poderão coexistir na mesma frase em bom tom. Cética, mal sabe ela que o destino já lançou as cartas do seu...