Capítulo 6

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ADRIAN HÉRNANDEZ

Já posso imaginar o que deseja dizer. Por que trouxe aquele menino? – pergunto. Pode parecer que estou bravo com a ousadia de minha noiva, mas não, sei que ela tem um irmão e o protege com sua própria vida.

— Ele é meu irmão, senhor. – sua voz sai falhada. Nádia esta sentada em uma das proltonas em frente à minha mesa. Seu olhar focado nas mãos inquietas, e posso ouvir a ponta do seu salto batendo no piso de mármore branco.

— Disso eu sei. Por que o trouxe? – insisto. Quero que ela diga, e principalmente, seja sincera comigo. Por um momento me sinto um desgraçado quando ouço um suspiro duvidoso, e posso ver seus olhos cheios de lágrimas à começarem derramá-las em um choro silencioso.

Me ponho de pé no mesmo instante. Será que à magoei? Por dios. Saio de trás da minha mesa do escritório e caminho de forma calma até ela, não quero assustá-la e vê-la correr o mais distante possível. Com minha fiel escudeira ao lado - a bengala - fico de frente para Nádia e me encosto na mesa.

— Olhe pra mim, Nádia. Não estou brigando com você. – digo suave, o que faz a menina suspirar e fechar os olhos com força antes de abri-los. Quase caio para trás quando seus olhos cor esverdeadas me olham daquela forma.

— Eu temo por Miguel naquela casa. – assume em um sussurro. – Me perdoe pelo atrevimento, mas eu estava desesperada. Meu pai não é um homem exemplar que parecer ser, eu só queria mantê-lo longe do meu irmão.

— O que faz seu pai ser tão ruim?

— Muitas coisas. O senhor não entenderia.

— Tente, Nádia. Eu sou um mafioso que tem uma grande lista de mortes e pecados, não sou perfeito e estou longe de ser. Fui condenado a usar uma bengala para o resto da minha miserable vida. Sou à última pessoa que pode julgá-la, mas posso ajudá-la. – quando seu olhar se acalma, seguro em suas pequenas e frágeis mãos e lhe ajudo à ficar de pé.

— Meu pai é uma péssima pessoa. Pode achar que estou passando dos limites, mas não, isso tudo eu digo porque vivi na pele. – se afasta de mim, indo até a porta de entrada abrindo a mesma e fechando em seguida. – Miguel é o que mais sofreu nas mãos dele. De início esse sofrimento era somente de minha mãe, mas após o meu nascimento, começamos a partilhar desse inferno.

— Sua mãe morreu de infarto, não é? – pergunto, já que ouvi rumores sobre isso. Mas a atitude de Nádia me surpreende, ela dá uma leve risada de deboche, mas não dura muito quando seus olhos voltam a chorar.

— Isso foi o que ele disse.

— Então conte-me, o que realmente aconteceu.

— Não posso. – seca as lágrimas e segura nos grandes cabelos cor de mel –  Isso é pessoal.

— Entendo. – dou um passo na sua direção, e posso ver seu corpo tensificar – Mas vamos nos casar. Mesmo que eu tenha um dossiê completo sobre você, algumas coisas não conseguimos descobrir, por exemplo, o que acontece na sua casa.

— Por que está tão interessado na minha vida? Vamos nos casar, mas isso é pura conveniência! Não poderia simplesmente fingir que não liga?

— Não. Isso iria contra tudo que eu acredito. Se vamos nos casar, no mínimo, devemos ser amigos e ter uma boa convivência. – quando nossos corpos já estão perto o suficiente um do outro, fecho meus olhos e respiro fundo, sentindo o cheiro de Nádia. Ela é viciante, seu olhar doce me faz querer olhá-la todo momento. – Não vou mentir, tenho que gerar herdeiros para essa organização e..

— Estou servindo como vaca parideira? – sua voz soa de pura indignação. Ela se afasta rapidamente de mim, andando em círculos e passando rapidamente as mãos nos cabelos perfeitos. – Isso é inacreditável! Mas o que eu poderia esperar de vocês, não é? Com certeza meu pai sabia disso.

— Uou – seguro seus pulsos, impedindo que ela se agite mais. Sem a bengala, dou um leve pulo para o meu corpo ficar mais próximo ao dela, segurando firme trago seu pequeno corpo ao meu. – Não é nada disso. Eu, como muitos outros, em algum momento precisamos ter herdeiros. Isso é inevitável.

— O que você ganha com isso?

— Perdão?

— O que você ganha me confortando? Não somos amigos e muitos menos nos gostamos. Nunca tive demonstração de afeto na minha vida, a única pessoa que amo é meu irmão, e ele passa a maior parte do tempo implicando comigo.

— Posso ver que sua vida não foi fácil, mas estou aqui. Não pense que eu lhe amo ou a partir de hoje seremos o casal mais feliz da Espanha, por que isso não vai acontecer, nada impede de sermos amigos. – com uma mão segurando sua cintura, a outra acaricia seus cabelos. Um beijo é depositado na sua testa – Estou aqui para ajudá-la, mesmo que eu não saiba direito em que estou lhe ajudando.

— É complicado.

— Eu sei. Vou esperar o momento certo para termos essa conversa. – me afasto um pouco para olhá-la – Mais calma?

— Sim, obrigada. – sorri levemente.

Seus lábios carnudos e avermelhados se abriam em um sorriso. Nádia pode não saber, mas ela transmite sexualidade e elegância a cada pequeno gesto. Sei que não sou digno de tê-la ao meu lado, mas o meu egoísmo não à deixará ir embora. Em algum lugar por aí, está o homem certo pra ela. Mas o felizardo será eu.

Ainda encarando seus olhos encantados. Seguro em sua nuca com a mãos que estava em seus cabelos. Continuo a segurar sua cintura e até trazê-la mais para mim, necessito sentir esse pequeno corpo ao meu. Seus olhos se fecham e sua cabeça se inclina para mais perto de minha mão.

— Posso beijá-la? – quando percebo, a pergunta já fugiu de meus lábios enquanto eu espero ansioso pela resposta.

Os olhos de Nádia se abrem rapidamente. Sua postura foi endireitada, quando eu pensei que ela diria um grande não e sairia por essa porta, somente me esperando para ir até o jantar, ela me surpreende. Suas mãos vão até minha nuca e ficam ali, acariciando e puxando os pequenos fios de cabelo. Seus lábios se aproximam do meu, mas por um segundo ela se vira e beija o meu rosto.

— Quem sabe outro dia. – sorri levemente – Vamos?

Esta mujer va a romper conmigo

Linda Tentação - Os Hérnandez 01Onde histórias criam vida. Descubra agora