Capítulo 19

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ADRIAN HÉRNANDEZ

— Ele está lá dentro – Jane Savóia afirma, com suas mãos em sua cintura e encarando o prédio abandonado à nossa frente.

Para um aliado dos Mexicanos, ele está sendo escondido bem mal. Até os Australianos cuidam melhor dos seus informantes. Após a minha noiva correr dos meus braços, eu não consegui pensar em outra coisa ao não ser no nosso momento na sala de música. Será que ela se sentiu tão arrependida ao ponto de correr para o mais longe possível?

Eu sei que não sou um homem bom e muito menos ideal, mas por um momento, pensei que ela tivesse gostado do que lhe proporcionei. Temo que ela tenha se assustado quando reclamei da dor no pé sem movimento. Sei que é horrível ter um noivo que usa bengala e não tem muito movimento com os pés, mas jamais imaginei que ela recusaria ficar tão próxima de mim por conta disso.

Não querendo mais pensar em Nádia, respiro fundo e pego minha arma que estava na minha cintura. Destravo a mesma e dou o primeiro passo, sentindo o pé arder mas decido ignorar completamente isso. Ouço Martim e Mathias resmungarem algo, enquanto Jane toma a frente derrubando a porta.

— O casalzinho – chama atenção dos dois – Vocês podem ir pela saída de trás, eu e Adrian vamos por essa.

— A senhora que manda – Martim diz sorrindo, enquanto puxa Mathias para o outro lado desse prédio.

— Melhor irmos logo. Tenho dois filhos esperando por mim – passa rapidamente pela porta e começa a subir as escadas. Mierda!

Fico parado no início da escada, penso se à outra forma de chegar até lá em cima. Desde o acidente nunca me arrisquei a subir uma escada não ampla como essa. Iago em um ato de me ajudar, colocou um elevador em sua casa, assim como eu fiz. Jane parece perceber que não saio do lugar e volta, parando na minha frente.

— Vai ficar aí?

— Não vou conseguir subir. – respondo, olhando para o chão.

— E porque não? – me olha desconfiada – O que há que não pode subir?

— Já viu minha condição física? – aponto para o meu pé – Isso atrapalha muitas coisas, sabia?

— Atrapalha porque você deixa isso lhe atrapalhar. – da de ombros – Você pode muito bem subir essas escadas ou até mesmo viver uma vida normalmente. Adrian, – desce mais ficando mais perto de mim – Vejo em seus olhos a insegurança por conta do que aconteceu com você. Atrevo-me à dizer que isso tem haver com sua noiva. Nádia, não é?

— E você sabe de alguma coisa? Não gosto de suposições. – troço a boca, retirando uma gargalhada dela.

— Pare com isso! Sei que usa essa arrogância como meio de se proteger, mas comigo não funciona. – se aproxima mais – Sabe porquê? – nego com um balançar de cabeça – Porque eu mesma fazia muito isso. O medo de ser julgar por não ser uma Savóia de sangue me deixava conturbada, mas entenda, você tem que enfrentar seus medos.

— Porque está querendo me ajudar? Não nos conhecemos e muito menos temos algum vínculo. – ajeito meu terno – Nao compreendo o que você ganha me ajudando com essas palavras motivacionais.

— Não ganho nada. Adrian, eu não quero que você se prive de algo por medo. – volta a subir as escadas – Um medo que está te distanciando da felicidade, abra os olhos e veja como você e incrível. Sou uma mulher casada, mas não sou cega, vejo como você é um homem com uma beleza deslumbrante e que encanta qualquer mulher por onde passa.

— Não estou conseguindo compreender o rumo dessa conversa, Savóia.

— Você ama sua noiva, mas o medo de que ela te rejeite, te priva de mostrar quem você realmente é. – sorri maliciosa – Sei que aí dentro, existe um homem de coração bom e que fará aquela mulher muito feliz.

— Como pode ter tanta certeza? Por onde eu passo é só destruição. Eu sou um Hérnandez, minha fama por aí não é ser dócil ou gentil. – me aproximo dela, subindo dois degraus – Nádia não merece estar ao lado de um demônio, não sei me controlar quando tenho uma crise de raiva. Eu sou instável, sou uma péssima escolha para um matrimônio.

— Até agora você só disse coisas que ela já sabe. Me diga algo seu, que ela não saiba e por isso, ela pode rejeitar quem você realmente é. – a olho sem entender, e Jane aumenta seu sorriso vitorioso – Viu? Você não tem mais argumentos, porque sabe que se ela ainda está ao seu lado é porque te aceita da forma que é. Com o pai sendo considerado um traidor, pelas leis espanholas, ela pode pedir a anulação do noivado.

Não tinha ainda pensado nisso. Mas Jane está certa, se Nádia quiser ela pode anular esse noivado. Somente de pensar nessa possibilidade meu estômago se revira e meu sangue esquenta. Não posso deixá-la a mercê de inimigos e pessoas que possam fazer mal à ela e o seu irmão. Eu irei protegê-la até o meu último suspiro, não vou deixá-la nunca.

— Hérnandez. – Jane chama minha atenção novamente – Sei a fama que você e sua família tem. Eu sou uma Savóia e mesmo não sendo do mesmo sangue, eu sou igual à eles. Eu tive medo de um dia ser mãe, sabe porquê?

— Não.

— Porque sabia que meus filhos iriam ser chamados de agregados quando crescessem. – chega mais perto, como se fosse contar um segredo – Acredite, eu até cogitei em casar-me com Mathias, assim meus futuros filhos teriam sangue de um Savóia.

— Isso é loucura. – começamos a subir devagar a escada – E o que fez você mudar de ideia?

— Saber que independente do que acontecesse, eu estaria com eles e os protegeria de quem fosse. – põe a mão no meu ombro – Cuide dela, mostre à ela o homem incrível que você.

Ela começa a subir as escadas na minha frente e eu fico analisando suas palavras. Nádia tem a mesma visão de mim, que todos dessa organização tem. Eu ainda não fui informado de um possível pedido da parte dela, o que me acalma mais. Quando voltar, a contarei como me sinto em relação à muitas coisas.

— Hérnandez – Jane me chama novamente, me fazendo olhá-la atentamente – Vê se para de exalar beleza por onde passa, assim eu fico com inveja. – não aguento com sua brincadeira e gargalho, voltado a subir as escadas.

— Vamos matar o meu sogro, estou ansioso para retornar à Espanha. – passo por ela sorrindo, o que faz a mesma abrir um sorriso também.

 – passo por ela sorrindo, o que faz a mesma abrir um sorriso também

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Linda Tentação - Os Hérnandez 01Onde histórias criam vida. Descubra agora