3º Capítulo

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Emma já estava a um tempo na estrada, seguindo para o Maine. No rádio tocava sua playlist favorita, o que deixa o caminho um pouco menos tedioso.

Já era perto da hora do jantar quando Emma chegou na frente da casa dos pais. Ficou um tempo admirando a faixada, o quintal, tantas lembranças felizes aquele lugar carregava. Podia dizer com certeza que tivera uma infância e adolescência maravilhosas, não havia o que reclamar. Depois de um tempo nessa nostalgia, ela respira fundo, como se no oxigênio viesse a coragem que precisava - Acho que eu estava menos nervosa quando assumi pra eles que eu era lésbica - pensava Emma enquanto saia do carro.

Pegou sua pequena mala no banco traseiro do carro e seguiu em direção à casa. Nunca entregara sua cópia de chave aos pais, eles diziam que era bom ela a ter, pois assim qualquer imprevisto era só chamar a filha. Mais na verdade eles jogavam essa com o intuito de ter uma cópia também de seu apartamento em Manhattan, coisa que a loira nunca fez. Imagina só os pais entram na casa dela do nada e a encontram com alguém em momentos íntimos? Emma morria de vergonha só de imaginar isso acontecendo.

- Mãe? Pai? Tô em casa! - Emma falava enquanto adentrava pela porta principal. Logo sentiu aquele cheiro característico do seu querido chocolate quente com canela que só sua mãe sabia fazer à perfeição. Nem o seu ficava tão bom quanto o dela. A loira entrando na cozinha surpreende a mãe que estava de costas para a entrada distraída - Como você sabia que eu estava chegando?

A mais velha levou um susto que quase deixa a caneca cair no chão, levando instintivamente uma das mãos em direção ao coração, como se isso o ajudasse a bater mais devagar - Emma? Filha? Meu amor, o que você está fazendo em casa? - Mary tinha um sorriso largo e surpreso. Sua filha não costumava os visitar sem ser em datas comemorativas.

- Não posso mais visitar meus pais? - a mais nova se fingia de indignada.

- Ora, lógico que pode! Essa é sua casa! Eu só não esperava você aqui - a mais velha olha atentamente para a filha e depois de um tempo, abre os braços e diz - Vem, da um abraço na sua mãe garota! - e assim fizeram, deram um abraço apertado de saudade. Depois do abraço a mãe ofereceu uma xícara com o preciso chocolate para a loira que aceitou com um largo sorriso no rosto e um belo ronco de seu estômago. Havia esquecido de novo de almoçar.

- E o papai mãe, cadê ele?

- Precisou ir até o fórum resolver algo minha filha, mais pela hora ele já deve estar chegando! - olhou mais um pouco para a filha, estava realmente feliz com ela ali - Por que não sobe para seu quarto, toma um belo banho e depois eu te chamo quando o seu pai chegar. Deve estar cansada de dirigir.

- Estou mesmo mãe. Assim que ele chegar por favor, me avise. Preciso conversar com vocês.

A mais velha notando o semblante preocupado da filha não conseguiu se concentrar mais em sua cozinha. O que de tão grave poderia ter acontecido à Emma para ela ter vindo conversar com eles? Ela falava ao telefone com a filha quase todos os dias e se o assunto não foi pauta de nenhum desses telefonemas então era muito importante para se falar pessoalmente.

Não demorou mais de 1h para David chegar em casa - Mary querida, cheguei! - ele anunciava assim que entrava na sala.

- Até que enfim David! Emma está em casa e precisa conversar conosco! - ela falava com seu melhor ar de mãe preocupada.

- Calma Mary Margareth, não deve ser nada de grave! Eu vou tomar um banho e desço com ela para jantarmos, ok? - ele segurava o rosto da esposa com suas duas mãos e depois deposita um singelo selinho em seus lábios. Logo seguindo para seu quarto, precisava desesperadamente de um banho quente.

Emma em seu quarto tinha mais um momento de nostalgia. Ele estava exatamente como deixara, sua cama de solteiro no meio, o papel de parede branco com pequenas flores amarelas, muitos pôsteres de banda que ela amava na adolescência e seu painel de fotos. Ali estavam retratados os anos mais felizes de sua via. Tinham fotos do tempo de colégio e até da faculdade.

Depois de um banho quente se jogou na sua cama e ficou pensando em sua vida, em cada passo que tomou pra chegar no dia de hoje. Tentava a todo custo tentar entender como as coisas estavam saindo do trilho assim. Ela não tinha ideia de onde havia surgido essa Lilith muito menos que história era essa dela ter pego sua história. A cabeça da loira estava um caos só!

A loira foi acordada de seus pensamentos com uma batida na porta e em seguida, o rosto de seu pai timidamente adentrando ao quarto - É aqui que tem uma princesa? - Emma poderia fazer 50 anos que sempre seria a princesa do pai.

- Pai! - ela deu um pulo da cama e se agarrou ao pescoço do pai com um abraço apertado de saudade e felicidade.

- Calma Emma, eu não vou correr! - a filha o apertava tão forte que quase não conseguia respirar.

- Desculpa! - ela respondia afrouxando o aperto - É que eu senti saudades.

- Eu também minha princesa. - fazia um carinho nos cabelos loiros da filha - Agora vamos descer para comer e botar o papo em dia antes que sua mãe venha aqui e nos puxe pelas orelhas! - os dois como se tivessem combinado, levam as duas mãos aos ouvidos como se as tivessem protegendo de puxões nada delicados da matriarca.

O jantar correra animado, conversavam como a família amorosa e feliz que eram, a tempos não tinham um momento de qualidade, só os três. Emma estava nervosa, precisava parar de enrolar e falar com seus pais, notando a sua inquietude sua mãe fala - Anda Emma, fala o que houve pra você estar nervosa assim! - Mary Margareth podia ser apenas uma dona de casa mas o seu maior dom era detectar mentiras a quilômetros. Não havia uma pessoa nesse mundo que conseguisse esconder alguma coisa dela.

A loira respirou fundo, sabia que não tinha para onde correr - Eu preciso que vocês se sentem e me deixem falar tudo sem me interromperem. Tudo bem? - tendo a afirmativa dos dois ela puxou mais uma vez o ar e contou tudo sobre o processo, enfatizando bastante que não sabia de quem se tratava a tal pessoa.

David estava vermelho de raiva, como alguém poderia caluniar assim sua princesa? Ele ajudaria Ruby e o tal Robin, advogado da editora de Emma a ganharem esse processo e depois eles abririam um novo pedindo uma bela indenização por calúnia e difamação!

Mary Margareth já tinha um semblante mais pensativo, andava de um lado para o outro na sala, tentando lembrar de algo. Foi até uma mesinha que havia ao lado da lareira e tirou uma agenda la de dentro, folheou as páginas até encontrar aquilo que procurava - Emma, nos conhecemos a família Page! Essa menina deve ser filha da Úrsula! Ela estudou na mesma escola que você, assim que acabou o 3º ano elas se mudaram. Você não lembra delas?

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