Capítulo 26

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Ebela olhou preocupada para o companheiro. Sentado à ponta da mesa de jantar, Lopel segurou a mão dela, que estava à sua direita.

Eu havia chegado há poucos minutos. Sentei-me em silêncio, assim como todos estavam.

A seriedade que estampei era gélida e distante. Estava acostumada a usá-la quando os pensamentos me corroíam e precisava de quietude para ouvir a cada um.

Isbel, sentada à minha direita, quebrou o silêncio ao cochichar para a mãe, Belena, a seu lado. A Suprema Beta pareceu mais interessada em observar a rigidez no rosto do pai.

Eu me concentrei, disposta a ignorar a presença de Bertore à minha esquerda, na outra ponta da mesa. A meu lado.

Tinha a sensação de que me olhava.

Ele deveria imitar a irmã.

Segurei um suspiro baixo que acabaria com a indiferença em meu rosto.

Depois da conversa inacabada com Rabela, havia me certificado de tomar um banho longo, com excesso de sabonetes e óleos corporais. O único intuito era tirar o cheiro de Rainha de mim para que passasse despercebido por Bertore. Não estava convicta de que consegui enganar o faro do Supremo Alfa. E os seus olhos percorrendo por minha pele eram um indicativo negativo.

Passei a língua entre os lábios e ergui o queixo em uma tentativa de parecer entediada. Então, fingindo distração, voltei-me para ele.

Merda.

Bertore observava minha boca.

Descaradamente.

— Aqui em cima — sussurrei, e ele subiu sem pressa o olhar ao meu.

Repuxei o canto da boca.

A mesma que esteve insanamente em contato com a maciez da dele.

Meu sorriso provocador perdeu, aos poucos, a firmeza. Porque Rabela não sabia que eu havia o beijado. Assim como eu não sabia quantas vezes Bertore havia a deitado em sua cama.

A rigidez em minha face agora era genuína. Voltei-a para o outro lado da mesa.

Mas, assim que vi Lopel fechar lentamente os olhos, senti a mão de Bertore recaindo sobre a nudez da minha coxa esquerda. O short dava bastante espaço para a sua palma quente explorar.

Mais uma vez, olhei para ele.

O seu cinismo era o reflexo perfeito do meu. Fingimos tédio juntos.

Então, deixei que a repousasse em mim.

Quando retornei a concentração a Lopel, percebi que Croix me observava da outra extensão da mesa, ao lado de Ebela massageando com o polegar o dorso da mão do Ancião.

Ergui a sobrancelha para o loiro.

Ele desviou a atenção de mim.

— Preciso mesmo ficar aqui? — Isbel perguntou à avó.

— É um momento significativo para o seu avô e para a alcateia — Ebela repreendeu.

A loba loira bocejou em resposta.

— Quanto tempo ele vai ficar assim? — Isbel retrucou.

— O mínimo possível se ficar quieta, querida. — A Anciã respondeu com uma calma invejável. — Precisamos de silêncio. Seu avô usará a magia que une os Filhos de Anara para falar com Liris.

Então, o silêncio retornou e permaneceu por longos minutos.

Em algum momento, o braço rígido de Lopel relaxou. Como se ele estivesse presente fisicamente, mas não mentalmente. Não espiritualmente.

Teu Paradoxo Sou EuOnde histórias criam vida. Descubra agora