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— Pietra Elouise Barkin!

A voz soou como um trovão pelas paredes de mármore da sala presidencial da Barkin Company.

— Este é o meu nome. — Ela tamborilou com os dedos sobre a superfície da mesa, aguardando o furacão atravessando a sua sala.

Ou poderia dizer um lobo furioso? Curvou a ponta dos lábios com o pensamento.

O sorriso meigo e os olhos angelicais da morena não seriam capazes de salvá-la dessa vez. O homem não cairia mais nos seus truques.

— Nem adianta fazer essa cara. — Ele esbravejou, pondo a mão na cintura, parado com toda a sua indignação e altura bem em frente à mesa de Pietra. — Eu pensei que com os anos, a maturidade chegaria, mas vejo o quanto estou enganado. Você endoidou de vez?

— Não precisa gritar, Toto! — Ele estava certo em gritar. Ela sabia que sim. — Eu não fiz nada demais.

Deu de ombros.

— Você não tem juízo? — Ele estava mais que irritado. Estava em nervos. — Achei que a fase rebelde sem causa tivesse acabado.

Pietra observou o homem cruzar os braços, esperando uma resposta. Ela não tinha resposta ou talvez tinha uma que ele não gostaria de ouvir.

— Eu estou bem, Torger! Não precisa se preocupar. Eu só precisava distrair um pouco... — Suspirou profundamente, inclinando a cabeça para trás, fugindo do contato visual.

O olhar recriminatório de Toto Wolff deixava Pietra com aqueles sentimentos horríveis de culpa. E não é como se ela não fosse realmente culpada.

— Está brincando?! Distrair em cima de uma moto correndo por aí feito uma louca? — Riu sem ânimo. — Você não pode colocar a sua vida em risco dessa forma. Os médicos deixaram bem claro que você foi um milagre e que...

Toto viu o olhar de Pietra se tornar magoado. A mão dela foi, de forma inconsciente, ao peito, deixando-o arrependido de tocar no assunto daquela forma.

— Não pode fazer isso com a gente, Pie... — Derrotado, Toto sentou-se na poltrona mais próxima, respirando fundo. — Ficamos apavorados pensando no que poderia acontecer novamente.

Ele odiava ter que lembrá-la daquele dia. Ela não era mais uma garotinha que ele conseguiria proteger do mundo como prometeu aos pais dela quando se tornou o seu padrinho.

Pietra encolheu em sua cadeira, ressentindo-se por ter causado aqueles sentimentos em Toto e Susie que foram seus pais postiços até ela atingir a maioridade e começar a fazer besteira.

Ela tinha um imã para desastres.

Toto não sabia, mas a Barkin se culpava todos os dias pelo acidente em que se envolveu aos dezoito anos quando decidiu que uma moto potente em um dia chuvoso fosse uma boa ideia. Agora aos vinte e quatro anos foi a primeira vez que pilotou novamente.

E ela respirou fundo, tragando as palavras que nunca diria em voz alta. Não queria um milagre. Não queria ter sido salva para conviver com o remorso de machucar pessoas que se importavam verdadeiramente com ela.

Toto e Susie eram os responsáveis por resgatá-la das próprias misérias e impedir que caísse em desgraça.

Também foram os guardiões legais até que alcançasse a maioridade e pudesse assumir diretamente o legado de seus pais, sendo herdeira de um trono poderoso no ramo empresarial e um sobrenome de peso para deixar qualquer veículo de comunicação de olho na jovem.

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