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— Cassie, preciso de um favor. — Lewis encostou a cabeça na parede bege do hospital apertando os olhos com a mão livre, esperando a resposta do outro lado da linha.

— A boca de quem que eu devo calar? — a RP respondeu com ironia.

— Um hospital — sussurrou quando uma enfermeira passou por ele no corredor. — Preciso que entre em contato a administração e peça um contrato de sigilo para a paciente do quarto 207. Nada pode vazar, entendeu?

Lewis. O que aconteceu? — a voz de Cassie demostrou preocupação.

— Pietra precisou de atendimento, ela está bem, não se preocupe. Apenas certifique-se de que o rosto dela não pare em tabloides.

Cassie pigarreou e respondeu antes de desligar. Certa do que faria.

Ok. Não se preocupe.

A mulher era a sua RP dentro e fora da Mercedes, ela soube de quem o piloto estava falando sem precisar ouvir o sobrenome.

Lewis confiava na sua equipe. A última coisa que Pietra precisava agora era lidar com a mídia especulando qualquer coisa sobre seu estado de saúde ou sobre eles.

Ele se viu angustiado por ela do outro lado da porta. Fora do quarto hospitalar.

A vida de Pietra era uma montanha russa, ela conheceu a dor muito nova e agora parecia que a vida estava mais uma vez jogando um caminhão de entulhos em cima dela. O homem não conseguia medir o quanto ficaria atordoado se acordasse um dia e soubesse que esconderam detalhes importantes da sua vida.

Ele já estava com a mão na maçaneta da porta para voltar ao quarto quando a loira apontou no corredor. Susie caminhava as pressas em sua direção. Dava para notar a respiração dela acelerada.

— Lewis! O que aconteceu? Como ela está?

— Primeiro respira, Susie — ele a segurou nos ombros. — Ela esta bem. O doutor explicou que foi apenas um desmaio pós fortes emoções. Ela só precisa de repouso.

— Eu disse! Eu avisei ao Torger que não era uma boa ideia Pietra ir até a casa — a mulher passou as mãos pelos cabelos. — E eu nem consegui falar com ele antes de sair.

— Não foi por causa da visita...  — Susie parou no lugar e o encarou — Acho que tem algumas coisas que vocês duas precisam conversar.

Lewis apontou para a porta do quarto. Ficaria ali fora para deixá-las ter privacidade. Susie balançou a cabeça unindo as sobrancelhas tentando entender, mas abriu a porta e entrou.

§

Dentro do quarto Pietra se sentia sonolenta. O que estava acontecendo? Seu corpo parecia pesado.

Ela levou a mão até a garganta seca e engoliu a saliva com dificuldade. Todas as coisas vieram a tona em sua mente e ela jogou a cabeça para trás no travesseiro, cobriu o rosto com as mãos e respirou fundo até que a porta do quarto se abriu revelando Susie e toda preocupação estampada no rosto dela.

Suspirou aliviada por ser ela e não Toto. Não queria vê-lo agora ou poderia falar coisas que talvez se arrependesse depois. Não confiava em si mesmo nem para olhá-lo.

— Pietra! — A mulher se aproximou da cama sentando-se e agarrando a mão pálida da jovem — O que aconteceu meu bem?

Toda aquela tristeza na voz da mulher levou Pietra fechar os olhos sentindo o seu interior aperta-se como se pudesse esmagar seus ossos.

Os grandes olhos azuis a fitavam esperando uma resposta e tudo que ela mais deseja agora era desaparecer a ter que lidar com o assunto.

Fugir. Sempre fugia.

Mas não era ela aquela que enfrentaria as coisas de frente agora? Já era uma mulher e estava cansada de deixar a criança traumatizada dentro de si ditar os seus passos.

— Suz... — Ofegou. Coragem, precisava daquilo mais do que nunca. — Me diz que você também não sabia. — sussurrou. — Me diz que não fui a única a ficar no escuro aqui.

As palavras fracas saindo de sua boca fizeram o semblante da mulher mudar.

Susie passou as mãos algumas vezes em seus fios loiros. Estava nervosa. Pietra viu nos olhos dela a resposta que não queria.

— Do que está f-alando? — Ela pôs uma mecha atrás da orelha e gaguejou.

Susie Wolff nunca gaguejava.

— Que Toto Wolff é o meu pai biológico.

— Como você...

— Não acredito que também sabia de tudo, Susie! Não acredito que me deixou viver esse tempo todo acreditando em uma mentira! — a voz dela aumentou alguns tons. — Por que? Me diz!

A mulher cruzou os braços e respirou fundo. Sabia que aquele dia iria chegar, não desejava que fosse dessa forma, nunca desejou. Sempre foi a favor que tudo fosse esclarecido, mas nunca foi ouvida.

— Pietra. Eu sei que agora a sua mente deve estar bem confusa, acredite, eu também fiquei assim quando Toto me contou tudo. Não posso ser a pessoa que vai te contar toda a história, isso é algo que precisa ser resolvido entre vocês dois. — Ela se aproximou da cama novamente, sentando. — Foi uma escolha dele para te proteger. Não foi a mais sensata, mas sabe como aquele homem consegue ser teimoso, né?

Susie riu e viu o canto dos lábios de Pietra se arquearem minimamente aliviando a tensão.

— Eu precisa de tempo. Vou ficar na casa do Lewis, pode arrumar uma mala para mim? — informou.

— Sim, eu sei, meu bem. Tome o tempo necessário, irei conversar com ele. Não se preocupe, mando levar as suas coisas.

Pietra confirmou com a cabeça sentindo o coração se agitar, recebeu um beijo na testa da mulher e pediu para que ela mandasse Lewis entrar.

O seu olhar se perdeu na direção da janela. Parecia que a vida gostava de lhe pregar peças difíceis de serem superadas.

satellite | lewis hamilton Onde histórias criam vida. Descubra agora