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O homem mirou o relógio caro em seu pulso de maneira impaciente, cruzou os braços e exclamou.

— Vamos nos atrasar! — Toto fechou os olhos e massageou a têmpora direita.

— Já estamos descendo! — A voz de Susie ecoou do alto da escada. — Paciência, Wolff.

— Vocês disseram isso há um minuto! — Toto revirou os olhos e voltou a sentar-se no sofá.

Os murmúrios e reclamações se misturavam com o barulho dos saltos vindos da escada. Ele avistou as duas mulheres belíssimas descendo, enquanto a Sra. Wolff parecia brigar com a mais nova.

— Pietra não queria usar o vestido. Acredita? — Disse, gesticulando.

— Eu só acho que está chamativo demais. — Pietra choramingou, alisando o tecido acetinado vermelho. — Eu poderia usar o preto.

— Não, não! Você vive enfiada em roupas pretas vinte e quatro horas. — A loira se aproximou do marido, selando os lábios com os dele rapidamente, e virou-se novamente para a jovem emburrada. — Vermelho realça os seus cabelos.

— Vocês serão as mulheres mais bonitas da festa, sem dúvida! Agora podemos ir?

Pietra suspirou e abriu um meio sorriso, dando-se por vencida.

§

Seus olhos percorreram todo o salão. As pessoas conversavam sorridentes enquanto bebiam em suas taças de champanhe.

Toto Wolff seguiu pela entrada principal, mas Pietra e Susie entraram pelos fundos, uma forma de fugir da imprensa na entrada do local do evento.

Ela odiava ter que lidar com qualquer veículo de comunicação, mesmo compreendendo que eles apenas cumprem seu trabalho, mas para Pietra, eles eram parte das dolorosas memórias de seu passado. Afinal, todos queriam saber sobre a nova herdeira órfã e não mediram esforços para veicular o sofrimento da garota.

— Veja, esse é o novo contratado. — Susie apontou para um homem alto de olhos azuis, acompanhado por uma mulher de sorriso largo e bastante elegante. — E aquela é Carmen, a namorada dele.

— Fazem um belo casal! — Disse, observando.

— E são uns queridos. Vem, vamos cumprimentá-los.

Carmen e George eram duas pessoas maravilhosas. Pietra pensou em alguns minutos de conversa depois que ambos se juntaram a ela e Susie na mesa.

De longe, avistou quem seus olhos procuraram desde que pisou os pés naquela festa, e ele estava acompanhado. A loira belíssima enroscou-se ao braço do piloto, sorrindo abertamente para todos que os cumprimentavam.

Susie olhou na mesma direção que ela, franziu o cenho e bebeu da sua taça. Pietra apenas pediu licença e se retirou para a sacada, com a desculpa que precisava tomar um ar antes que eles chegassem a mesa onde estava e tivesse que ensaiar um sorriso falso.

O que ela estava fazendo? Não era como se pudesse sentir aqueles sentimentos, não é como se pudesse ter esse direito, mas ela sentia. A pontada dolorosa do ciúme estava lá, como uma faca afiada pressionando seus pulmões.

"Você o abandonou. Não seja idiota", a mente acusou.

Pietra apertou o mármore do guarda-corpo da sacada e sorriu ironicamente para a noite nublada.

— Se escondendo como as estrelas? — A voz repentina a fez sobressaltar no lugar.

— Que susto! — Seu coração acelerou algumas batidas.

— Desculpe. — Lewis parou ao seu lado, olhando o céu. — Não foi minha intenção.

Ela apenas anuiu com um movimento mínimo de cabeça. Não confiava em si mesma para encará-lo.

— Então, o que faz aqui? — Lewis perguntou.

— Precisava de um ar, e você? — Olhou rapidamente para o homem ao seu lado.

O terno azul petróleo de tecido acetinado destacava ainda mais a beleza dele. Lewis agora tinha tranças amarradas para trás. Estava lindo do jeito único que somente ele conseguia ser aos olhos dela.

— Susie me disse que estava aqui, e então pensei em cumprimentá-la.

— Não precisava deixar a sua companhia sozinha. — Ela permitiu que a frase saísse e ouviu um riso baixo vindo dele.

— Não é a minha companhia. Nos encontramos na entrada, Minka é filha de um dos patrocinadores.

Pietra piscou algumas vezes em silêncio. Seu ciúmes ficou tão explícito assim? Ela mordeu o lábio, sentindo-se ridícula. Talvez, agora que estavam ali sozinhos, pudesse aproveitar para colocar em prática o conselho que recebeu de Susie.

— Lewis... — Ele virou-se para ela. A claridade da lua, junto com as luzes alaranjadas da sacada, trazia um certo conforto para o momento. — Será que podemos ter aquela conversa?

A surpresa no rosto do piloto deixou explícito que ele esperava qualquer coisa, menos aquilo.

— Janta comigo amanhã? — Ele pediu.

Foi a única coisa que seu cérebro conseguiu formular rapidamente, mas a insegurança nos olhos dela quase o levou a se arrepender.

— Não sei... não quero me expor tanto em lugares públicos.

— Pode ser na minha casa.

Pietra passou os dentes nos lábios inferiores, suspirando rapidamente. O canto de seus lábios repuxou para cima. Eles precisavam daquela conversa.

— Sendo assim, aceito.

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