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Alguns meses depois.

Pietra colocou os fones para proteger seus ouvidos do barulho ensurdecedor que aqueles motores faziam. Do outro lado da garagem, olhos castanhos, profundos e iguais ao dela, a encarava inquietos.

Sabia que estava sendo infantil como nunca fora antes. Ela precisava por um ponto final naquela angústia, precisava falar com Toto.

A temporada se iniciou agitada, estavam na quarta etapa do campeonato e a Mercedes não era o que todos esperavam. Pietra via como isso deixava o homem ainda mais perturbado. Ela sentia... ele não estava bem e aquilo a partia por dentro como uma faca afiada, esmigalhando o seu coração porque além de tudo eram amigos e sentia falta dele.

Tudo parecia ruir em volta de Toto Wolff. Uma filha que se recusava a falar com ele e uma equipe com um carro que não supria as expectativas esperadas. Só podiam ter jogado praga nele e embora essa desculpa fosse ridícula, ela era melhor para se agarrar do que admitir os próprios erros.

Sabia que se qualquer dia, Pietra soubesse da verdade não o perdoaria, por isso nunca soube por onde começar e a decisão mais sábia era fingir que tudo estava sobre o seu controle, ignorando as inúmeras vezes em que a esposa o puxou para a realidade.

Era um homem tão inteligente, mas do que serviria todo conhecimento se não sabia como fazer a jovem do outro lado da garagem entender que ele só queria protegê-la?

E talvez esse fosse o seu maior erro.
Susie o alertou, ele não ouviu.

Uma terceira pessoa observava a cena de fora. O que faria para unir aquelas criaturas tão teimosas em um lugar só?

Ele pensou diante das duas pessoas mais cabeça dura que já conhecera. Era nítido como os olhares e os suspiros tristes berravam o anseio de uma reconciliação. Na noite anterior, no quarto que compartilhavam no hotel, Pietra confessou a vontade de fazer alguma coisa, mas a sua vergonha não permitia.

Lewis teria que agir, mesmo ainda sendo estranho enxergar o chefe como sogro, precisava por um fim nas noites em que ouvia a namorada chorar baixinho achando que ele estava dormindo.

Ele sentia por ela, mas não poderia intervir seus momentos de desabafos na penumbra do quarto. Era bom que ela chorasse e colocasse para fora aqueles sentimentos do que se fechar novamente.

§

Baku parecia estar mais quente que o normal. Pietra bebeu mais um pouco da água na garrafinha enquanto fitava todos trabalhando para deixar o carro ajustado para a corrida.

Algumas pessoas a encaravam e lhe cumprimentavam com um aceno de cabeça, a impressa não era mais um problema desde que permanecessem distantes, sem incomodá-la com perguntas.

A notícia do relacionamento da moça com o piloto foi um alvoroço em todos os meios de comunicação, seria impossível manter segredo quando coisas como "A protegida de Toto Wolff está tendo um relacionamento com o piloto 44?" circulavam por aí. Era ridículo.

A equipe dela e a de Lewis conseguiram barrar o assédio em cima deles e apenas liberaram uma nota confirmando todo rumor.

— Eu só queria uma praia! — Angela exclamou parando ao lado de Pietra cobrindo os olhos dos raios solares.

Gostava da mulher.

— Faz anos que não sei o que é uma praia.

— Ah, isso não vai demorar de acontecer. Lewis vive em litorais, breve vocês estarão por aí viajando.

Pietra comprimiu os lábios e um pensamento fez o seu estômago apertar. Será que um dia teria coragem de encarar aquele que levou os seus pais?

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