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Pietra sentiu as mãos firmes agarrarem a a sua cintura com leves apertos. Já não era possível decifrar se o calor no ambiente vinha da lareira ou de seus próprios corpos.

Ela sequer notou que havia parado no colo do piloto. As suas respirações ofegantes se condessavam, a jovem sentiu o interior contrair-se como um alerta de que as coisas estavam avançando rápido demais. Não sabia se estava pronta.

Sentiu quando os dedos dele tocaram a sua pele passando a barra blusa, o contato inesperado a fez arfar contra os lábios de Lewis. Ele a desejava, ela conseguia sentir. Sentia em cada toque, beijo, sentia o corpo de Lewis puxando o seu para ele como um encanto.

Os rostos se separaram para buscar o fôlego e ela precisava dizer.

— Lewis... Eu... — Respirava tão fundo a fim de controlar o ar em seus pulmões que ouvia o barulho da própria respiração. — Eu nunca fiz isso.

Seus olhos fecharam. Estava com vergonha. Ele com certeza tivera experiências mais intensas que as dela. Se é que se auto-conhecer com os hormônios a flor da pele poderia ser chamado de experiência.

As mãos dele envolveram seu rosto.

— Pode me olhar? — Ele pediu risonho e ela sacudiu a cabeça em negação. — Amor?

A palavra chegou até Pietra como uma flecha, então abriu os olhos para encara-lo se vendo no reflexo dos olhos que tanto amava.

— Amor? — O canto dos lábios dela se arquearam.

— Você foi o meu primeiro amor, Pietra. Quero que seja o último.

Ela uniu as sobrancelhas sendo atinginda mais uma vez pela força das palavras e ele continuou.

— Não precisa dizer nada. Prometo que tudo acontecerá no seu tempo. Eu esperei pelo dia que poderia apenas colocar meus olhos sob você novamente. Não fui ambicioso o suficiente para pedir aos céus mais do que apenas olhar para você e saber que estava bem. — Os dedos acariciaram a pele do rosto dela. — Mas te ter aqui tão perto é sinal que sou um puta sortudo e não tenho receio em esperar todas as fases com você esde que nunca mais saia da minha vida.

— Lewis... — Choramingou. — Nem sei o que dizer. Você roubou todas as palavras bonitas.

Ambos gargalharam.

— Quero aproveitar mais da vida ao seu lado todos os dias. Chega de distância, não? E a sorte é minha por você ainda me aceitar de volta na sua vida.

Ele sorriu largo e a pequena falha entre os dentes era a coisa mais fofa que Pietra sempre adorou nele.

— Estou sonhado? — Lewis brincou.

— Se isso for um sonho, não quero acordar.

E os lábios se conectavam novamente. Ele a puxava trazendo para mais perto como se fosse possível se fundirem um ao outro naquele desespero mútuo de sanar tudo o que o tempo plantou entre eles.

§

— Você está certa disso? — A voz de Phill soou preocupada do outro lado.

— Sem dúvida alguma. — Ela mordiscou a pelinha do canto dos dedos. — Quero que assuma como Presidente Administrativo da Barkin.

— Mas e...

— Estou bem Phill, não se preocupe. É claro que não vai deixar de ser meu manda-chuva. — Riu. — Mas quero que se concentre na empresa e na sua vida. Agora vou viver de verdade e sabe o que estou pensando? Vou pedir a Toto um emprego na equipe. Assim vou me sentir menos inútil acompanhando ele nas viagens. — Olhou para o calendário de mesa na sua escrivaninha. — Que logo vão começar.

— É bom vê-la tão feliz, senhorita. Não se preocupe, assumirei as minhas responsabilidades.

— Para quê tanta formalidade? Nem parece que já limpou meus vômitos ou me deu soupinha na boca. — Gargalhou alto ouvindo um fiapo de riso do outro lado. — Obrigada Phill. Obrigada por cuidar de mim. Mande um abraço para Melanie.

— Sou muito bom em cumprir minhas promessas senhorita e faria tudo de novo para vê-la bem. Melanie está com saudades.

Pietra sorriu sentindo o calor nos olhos.

— Eu prometo que volto para visitá-los. — Pietra fungou e antes de finalizar a ligação lembrou-se de algo que queria. — Phill, sabe onde estão as chaves da casa aqui da Inglaterra?

— Acredito que estão com o senhor Wolff. Mas o que aconteceu?

— Acho que irei até lá. — Pietra entendeu o que o silêncio do outro lado significava. — Não se preocupe, Phill. Estou bem, juro.

— Tudo bem, senhorita.

E a ligação foi finalizada deixando-a pensativa se deveria mesmo ir até a casa.
Algo em seu interior pedia que enfrentasse mais aquela barreira e era o que faria, mesmo que as feridas fossem pressionadas.

O luto é um processo doloroso onde a cicatrização é lenta e o que podemos fazer enquanto esperamos os efeitos é enfrentar com o que temos em mãos.

Fugir para não encarar as coisas de frente não era mais uma opção para ela.

satellite | lewis hamilton Onde histórias criam vida. Descubra agora