10. classificados

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10. Classificados

Maracanã
21:27

Quarta-feira. Dia de jogo. Flamengo x Corinthians.

Júlia foi para o jogo com o coração na mão. Sua situação com o Eduardo era o que menos a preocupava. Toda a sua tensão estava no jogo e no resultado. Ela até convenceu Madu a ficar no meio dos fiéis, já que Yuri insistiu para que elas ficassem no camarote e ela estava sentindo a necessidade de estar com a torcida, cantando os hinos, sentindo toda a vibração e emanando toda a força para o campo. 

— Se Yuri me ver aqui… — Madu disse, minutos antes do início do jogo.

— Mulher, relaxa.

— Você está falando “relaxa” sendo que está pirando desde que chegamos. Nós nem passamos no hotel direito.

— Esqueci minha camisa do timão, você queria que eu viesse sem? — Mentiu.

Ela poderia esquecer tudo, menos de levar seu manto, mas seu medo de encontrar Eduardo no hotel, especialmente depois da conversa da festa, fez com que ela mentisse. 

— Mas precisava demorar tanto para comprar outra? 

— Eu estava escolhendo com cuidado.

Assim que ela terminou de falar, os times começaram a entrar em campo, posicionando-se e começando a cantar o hino que ecoava pelo estádio. Júlia não pôde deixar de reparar no camisa 37. Ele parecia concentrado e isso era a única coisa que importava, já que seu foco era essencial para a decisão da classificação da Libertadores.

Os jogadores se cumprimentaram, se posicionaram em suas devidas posições e após o um minuto de silêncio e o apito ecoar, a partida começou, fazendo os gritos da torcida reverberarem. 

Júlia estava sendo movida pelo êxtase de torcer. Gritando enquanto via o timão jogando, provocando os rivais e até criticando o elenco e seus amigos quando necessário. 

Após quarenta e três minutos do primeiro tempo cheio de tensão para ambos os lados, o Corinthians conseguiu recuperar a bola e em um cruzamento do Vital, Queiroz conseguiu marcar um gol e abrir o placar. 

Era quase inacreditável. A Fiel foi ao êxtase, Júlia e Madu abraçaram-se, assim como grande parte dos torcedores. 

De repente, em meio a felicidade que quase não cabia no peito, Júlia se lembrou do responsável por esse sentimento, que coincidentemente estava olhando em sua direção enquanto os jogadores estavam comemorando com ele. Foi uma sensação esquisita.

Minutos depois, o primeiro tempo acabou e o intervalo se iniciou. Aquele sentimento ainda estava ali, assim como qualquer outro em relação a ele. 

Durante o intervalo, alguns torcedores reconheceram ambas, Madu por ser namorada de Yuri e Júlia pela proximidade com o elenco. Era cada vez mais comum que elas fossem reconhecidas pelos torcedores, mas depois de tudo o que aconteceu, era difícil pensar que tudo aconteceu sem que a Fiel soubesse. É óbvio que muitos jogadores optam por deixar sua vida pessoal mais privada e eles não estão errados, mas sobre isso, era estranho pensar que eles tinham zero noção do que aconteceu entre eles.

O segundo tempo se iniciou após o intervalo e menos de cinco minutos depois, o Flamengo empatou a pontuação, com gol do Matheus França. 

— Puta que pariu — Júlia gritou. 

— O que ele tem de bonito tem de filho da puta — Madu disse, ganhando um olhar mortal de sua amiga.

— Deixa o Yuri saber disso.

— Namorar quer dizer estar cega agora? O cara é gato.

De repente, como se o camisa 9 estivesse escutando a conversa e tivesse ficado enciumado, um golaço é marcado pelo moreno que faz questão de fazer um "M" com os dedos depois de deslizar pelo gramado como de costume.

— Esse é o meu menino! Eu te amo, bebê — Madu gritou, obviamente sendo abafado pela multidão em êxtase.

— Fale sobre outros homens com mais frequência — disse, rindo.

Alguém atrás delas gritou "gostoso" e Madu olhou para a direção que o som veio, disposta a matar quem quer que tivesse gritado. 

— Não cuide do que é seu não, viu, Maria Eduarda — Júlia disse, rindo ainda mais.

— Cala a boca. 

O jogo continuou com bastante afinco e acirrado, mas com um encerramento vitorioso para o timão com o placar de 2 a 1. 

— Classificados para Libertadores, porra! — Júlia gritou, abraçando Madu.

Foi realmente uma grande noite para torcida Corinthians.

nota esse é o primeiro capítulo que é ambientado num jogo e como vocês podem ter notado, não é rico de detalhes porque além de ser trabalhoso para a escritora descrever a partida inteira na íntegra, acredito que deixa o capítulo muito grande e massante de ler. outra coisa é que nem tudo vai ser como era no jogo de fato, já que tento incluir o jogo de uma forma que encaixe mais na história (por exemplo, neste capítulo o gol do yuri foi descrito como se tivesse sido logo na sequência do gol do rival, o que realmente não aconteceu). são pequenos detalhes que são alterados para melhor moldar o enredo e eu espero que vocês entendam.

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