12. imaturo

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12. Imaturo

Cobertura do hotel
2:40

Já tinham se passado duas horas desde o início da festa e o elenco continuava aproveitando cada segundo da felicidade que parecia interminável. 

Júlia estava se revezando entre dançar funk com sua melhor amiga, tomar uns drinks, cantar pagodes com a mão no peito, conversar com o elenco e vez ou outra, prestar atenção no seu ex-namorado. 

Ela estava se divertindo e estava feliz mas ainda era a primeira vez desde o término que ela ia numa festa em que Eduardo estava realmente presente e era um dos motivos principais de toda a celebração.

Du estava se divertindo também. Estava dançando daquele jeito convencido que só ele tem, fazendo as piadas que faziam Roger chorar de tanto rir e bebendo, mesmo que às vezes, Júlia o pegasse olhando para ela.

— Galera, estamos indo — Yuri anunciou, com seus braços em torno da namorada.

— Que bom. Ninguém estava aguentando mais segurar vela. — Fagner disse.

Extraño a mi novia — Fausto murmurou.

— Nós também amamos vocês — Madu disse — Tratem de ficar de olho na Júlia — Semicerrou os olhos para Queiroz que olhou para ela com dúvida. 

— Pode deixar — Cássio disse, sem tirar os olhos da partida de videogame que disputava com Bruno Méndez. 

O casal se despediu do grupo e aos poucos, alguns dos meninos foram deixando a cobertura também.

Júlia foi para a área externa do espaço a fim de observar a madrugada na cidade carioca. 

O abraço de Eduardo começou a passar pela sua cabeça. Ela não entendia o porquê e não sabia se tinha sido uma provocação, uma tentativa de mostrar que estava tudo bem entre eles ou um gesto feito sem pensar. Ela odiava não saber.

— Júlia — Alguém disse atrás dela, a fazendo levar um susto. Era Eduardo.

— Que susto — Júlia disse, com a mão no peito.

— Foi mal — Queiroz disse, imediatamente.

— Não foi nada. Eu só não estava esperando.

Eduardo aproximou-se da grade que cercava o ambiente, ficando a alguns centímetros da garota, fazendo seu corpo inteiro formigar.

— Já faz um tempo que não nos falamos — Queiroz disse, depois de alguns minutos de silêncio.

— Desde a festa, eu acho — Júlia disse, dando de ombros. 

— É — Concordou — Eu cheguei tarde, você tava meio bêbada quando eu cheguei e...

— E você estava com uma amiga — Júlia abriu um sorriso cínico, bebendo um gole de energético que estava em sua mão.

— Olha, eu...

— Você não precisa se explicar.

— Eu preciso, sim — Eduardo respondeu, sincero — Eu a conheci alguns dias atrás mas naquela mesma noite eu percebi que ela era interesseira. Ela implorou para que eu a levasse e chegando lá só sabia puxar saco dos outros jogadores e...

— E depois de se decepcionar, você resolveu me abraçar e falar comigo — O riso cínico surgiu em sua fala novamente.

— Não, Júlia. Eu a abracei porque não adianta fingir que não nos conhecemos e é uma noite feliz. Não sabia que você se importava tanto com uma porra de um abraço — Uma firmeza foi imposta à sua voz.

— Mas você está sempre na defensiva. Quer saber? Eu não deveria ter explicado nada — Concluiu.

— Você me fez ser assim com você.

— O quê? Eu tenho muito mais motivos para estar bravo com você.

— Não começa, Eduardo.

— Você sabe que é verdade. Você se afastava toda vez que eu queria algo sério. 

— Porque você é imaturo. Ao mesmo tempo que queria algo sério, você agia como um cara solteiro para me provocar. Para eu ver como você tem uma fila atrás de você e você fez isso na festa.

Eduardo ficou quieto. Ele não tinha muito o que falar.

Ele nunca tinha a traído ou algo assim, mas seus perdidos, sua indiferença e sua falta de fazer questão a machucaram tanto quanto uma traição.

— Você está certa — Eduardo disse e a preta ficou surpresa — Você me machucava não confiando em mim e eu te fazia o mesmo ao ficar revoltado. Mas eu estou disposto a um recomeço, como disse quando estava na festa. 

Júlia suspirou. Ao mesmo tempo que era algo que já tinha se passado pela sua cabeça, era algo surreal de se cogitar, especialmente depois da festa com a loira.

— Não posso. Não posso até ver que algo vai mudar.  

— Eu entendo — Suspirou — Amigos enquanto vou estar me esforçando para mostrar a diferença? — Estendeu a mão.

Depois de alguns minutos olhando para a mão estendida, ela a apertou e disse:

— Por que não?


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