CAPÍTULO CINCO

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EM PARIS

Alessandro Del Rei Martinelli


Olho para Benício que estava sentado ao meu lado no carro, ele observava as tão famosas ruas de Paris. A cidade era de fato encantadora. Mas tinha seus defeitos, como, os lixos espalhados e o mau cheiro.

Depois de alguns minutos paramos na frente do hotel da família, fui o primeiro a sair do carro e franzi o cenho ao perceber que Benício ainda continuava no mesmo. Me abaixei um pouco para vê que o mesmo ainda estava sentando, e encarando a porta com dúvida.

— Vamos Laurent. Saia do carro.

— Eu não posso. — Ele diz, e percebi o tom nervoso em sua voz.

— É claro que pode, venha. — Estendo a mão para ele, e ele a encara.

— Não preciso disso. — Ele diz se referindo a minha mão.

— Ah, é claro! Esqueci que você não é uma donzela. — Falo com humor.

— Idiota! — Ele diz enquanto saia do carro, fecho a porta do carro e paramos em frente a calçada observando o hotel.

— Acho que nunca vim aqui.

— Esse é o melhor hotel de Paris. — Falo convicto — E o melhor é que... — Viro o meu rosto, vendo ele também me encara — Ele é da nossa família.

Falo antes de entrar. Logo seguimos para a nossa suíte, era como se fosse um apartamento particular no hotel da família.

— Ei o que achou?

— Ainda não entendo porque temos tanto dinheiro.

— Pare de ser estraga prazeres.

— Só falo a verdade, poderíamos estar ganhando dinheiro limpo e não vivendo essa vida.

— Primo, você tem que entender que nada é puro. Tudo no mundo, incluindo as pessoas, tem uma parte que não deve mostrada.

— Esta falando que todos tem um lado obscuro? Isso não é novidade.

— Isso! É mesma coisa com os negócios de qualquer empresa, não há nada limpo sempre há algo que pode destruir a empresa em segundos. Agora vamos parar de falar disso.

— E do que você quer falar?

Sento-me em um dos sofás que havia no cômodo e o encaro.

— Você realmente vai querer continuar com as suas propostas? Ou terei que mudar alguma?

— Continuarei com todos.

— Okay. Vou só lhe relembrar uma coisa. — Falo assumindo uma postura mais séria enquanto via ele se sentar também — A primeira coisa que você irá fazer ao assumir a Copa novamente é pedir desculpas para tia, e só depois irá procurar um marido.

— Lembrando que também pode ser uma mulher, priminho — Benício me lembra e eu sorrio de lado.

— Você se casar com uma mulher? Isso seria impossível, você gosta de homens.

— Você não pode ter tanta certeza.

— Eu tenho muita certeza. — Falo sugestivo.

— Aquilo não significava nada.

— Quando você estava me fodendo, significava algo.

— Esqueça isso.

— Quando você se casar, prometo que não falarei que meu primo já me comeu enquanto a família inteira estava reunida na sala.

— Por quê você é assim?

— Essa não é sua versão preferida de mim?

— Odeio essa sua versão. — Ele diz revirando os olhos e indo ate o pequeno bar que havia ali. — Não esqueça que nosso combinado é achar que está causando essa bagunça na família.

— E depois o matamos.

— Eu o mato. — Ele diz afirmativo enquanto se servia.

— Você mata e o resto da família só dá uma pequena tortura para o indigente.

— Ele não vai morrer antes de passar pela mão de todos. — Ele diz com o copo na mão e leva o copo a boca, voltando a tomar o líquido.

— Tá bom, já entendi. — Falo me levantando — O que está na sua lista de prioridades?

— Primeiro, vou assumir a Copa Francesa novamente. Depois, irei pedir desculpas para a mamãe, em seguida, irei procurar o desgraçado ou a desgraçada que está tentando acabar com nossa família.

— Não esqueça do casamento. — Falo me apoiando no balcão, enquanto o encarava tomar mais um gole da bebida.

— Ah! Como eu poderia esquecer? — Ele diz com tédio — Procurar uma bonequinha ou bonequinho para tratar como um vaso caro de porcelana.

— Sabe que pode se casar por amor.

— Do que o amor vale para nós? Ele nos deixa cego.

— Esqueci que seu coração é de pedra.

— Metaforicamente sim. — Ele diz tomando um último gole.

— É sério, Beni. Sabe que depois de tudo que suas mães passaram, você pode se casar por amor e pela pessoa que você desejar. O amor é-

— O amor é blá-blá-blá... não estou afim. Eu provavelmente vou encontrar o meu amor quando eu estiver morrendo. — Ele diz com a sobrancelha arqueada e um sorriso cafajeste nos rostos.

— Eu espero que você encontre uma pessoa antes disso.

— Não, isso só me atrapalharia. Melhor viver uma vida infeliz, do que uma vida idealista.

— Você está exagerando.

— Eu aprendi uma coisa a cinco anos atrás. — Ele diz apoiando o copo no balcão — Aprendi que a vida não é um conto de fadas, como nos contam quando crianças. Aprendi que não estamos em um livro de conto de fadas, e sim na realidade, e ela é cruel.

Ele diz se retirando do meu campo de visão. Viro meu corpo vendo ele entrar no quarto e eu me sentir incapaz de segui-lo.

"Afinal, o que aquela desgraçada fez com ele?"

FAZENDO DE TUDO PARA CONQUISTÁ-LO - OS MARTINELLI'S - LIVRO 2Onde histórias criam vida. Descubra agora