Shion deveria ter simplesmente se jogado da janela e morrido na queda.
"Precisamos conversar." O que porra do caralho tinha sido isso?! O que estava acontecendo?! Shion tentou não surtar, tentou não pegar suas coisas e simplesmente matar aula, e se não fosse por Safu, ele realmente teria feito aquilo sem pensar duas vezes.
As duas últimas aulas pareceram durar oito horas. Ele não prestou atenção em nada que foi dito, pois para ele todos estavam falando grego. Talvez dizer para alguém que precisa conversar com ela e depois sumir sem deixar rastros não fosse uma boa ideia. Shion sentia que estava a beira do colapso, a beira da insanidade. E tudo isso por culpa de um homem.
Quando a aula finalmente acabou, ele jogou seus materiais dentro da bolsa e saiu às pressas da sala. Seu coração estava acelerado e aos poucos sua perna ficava dormente, era esquisito como o corpo reagia de uma forma exagerada quando você estava sob pressão.
— Garoto! — Safu gritou e o empurrou contra o armário. — Você tá ficando maluco?!
— Hã? — Shion piscou seus olhos e olhou ao redor, as pessoas os observavam um pouco assustadas. Por que Safu gostava tanto de chamar a atenção?
— Eu tô te chamando há meia hora e você tá me ignorando! — ela disse irritada.
— Eu não ouvi.
— É, eu percebi.
Shion sentiu seu celular vibrar e se apressou.
— Escuta, eu não vou ir pra casa contigo hoje — ele foi bastante claro, pois estava sem paciência para ficar criando desculpas sem sentido. — Eu vou sair com o Nezumi.
— Nem fodendo.
Shion revirou os olhos e se desprendeu do armário, ele voltou a andar com pressa pelos os corredores e foi seguido por Safu, que agora corria como um pinguim e lhe enchia de perguntas sobre aquele "encontro" que não era bem um encontro.
Eles chegaram no estacionamento e avistaram Nezumi. Safu foi correndo até ele enquanto Shion tentava não cair no chão e morrer. Quando ele chegou perto o suficiente, só deu um sorriso amargo e de certa forma cansado.
— Por que vocês não me contaram que estavam juntos?! Hein? Hein?
Nezumi deu um peteleco na testa dela e abriu um sorriso calmo, um sorriso que não combinava com ele.
— Porque você fica insuportável quando o Shion começa a sair com alguém — ele respondeu amargo e se voltou para Shion. — Vamos, amor?
Ele fez que sim e ignorou fortemente o apelido que acabara de ouvir sair da boca de seu inimigo. Safu ficou quieta e certamente espantada. Shion seguiu Nezumi em silêncio e foi levado ao carro, eles entraram e ficaram em silêncio por longos minutos.
Shion queria surtar, queria saltar em Nezumi e obrigá-lo a dizer o que quer que ele tivesse a dizer, mas não fez.
— Vou te levar em casa e pedir pra sua mãe te deixar sair comigo — aquelas palavras soaram engraçadas aos ouvidos do outro.
— Minha mãe nunca vai me deixar sair de casa. Eu tô de castigo!
— Eu sou ótimo com mães, todas as mães gostam de mim — Nezumi se gabou e Shion, pela primeira vez no dia, se permitiu rir de alguma besteira. — Eu já tô conquistando você, com sua mãe vai ser fácil.
— Você não está me conquistando, eu estou rindo de desgosto.
Nezumi arqueou uma sobrancelha e ligou o carro, Shion abriu sua boca para passar seu endereço novamente, mas foi silenciado quando o outro disse não precisar, pois já sabia o nome da rua e o número da casa de cor.