sete minutinhos no céu; nezushi

cinderela.

— Não é possível. Isso com certeza deve ser armado! Você planejou isso! Certeza! Você quer acabar comigo, quer acabar com o resto da minha sanidade! — Shion disparou enquanto começava a andar de um lado para o outro feito uma barata tonta.

— Antes eu não queria, mas estou começando a ter bons motivos para fazer isso — Nezumi respondeu. Ele se encostou na porta de madeira e cruzou seus braços. — Se dermos sorte, alguém vai vir mijar e vai nos tirar daqui. Se formos azarados, vamos sair daqui só depois de meia noite.

Shion sentiu que iria morrer, seu coração acelerou e sua barriga ficou fria. Aquelas palavras o colocaram tanto medo quanto a ideia de estar preso com seu maior inimigo. Ele havia dito que voltaria cedo, e quebrar promessas não era de seu feitio, até porque não tinha como quebrar promessas familiares, ou você fazia o que lhe era dito ou era deserdado. Se ele não estivesse em casa até às onze, seria um homem de saia morto.

Aonde Safu estava? Ela precisava vir resgatá-lo daquele emo atleta mal intencionado.

— Fala sério, por que tudo tem que ser justo com você? Por que eu não poderia me prender com qualquer outra pessoa minimamente sã? — Shion resmungou e abruptamente parou em frente ao espelho, ele checou seu cabelo e sua maquiagem, ambos estavam intactos, o que por si só era bom, pois ele não queria levar uma bronca de sua meia irmã.

— Você fica lindo de maquiagem.

— Não flerte comigo — Shion alertou e encarou o garoto, que coçou sua cabeça e suspirou pesadamente.

— Não estou flertando, só estou te elogiando. Credo cara, relaxa! Você é chato pra caralho, hein? — Nezumi resmungou e se desprendeu da porta, ele foi até Shion e o prendeu contra a pia. — Você é um gatinho, mas é um babaca. Se eu soubesse que você era assim eu nunca teria me confessado. 

Shion revirou seus olhos e não respondeu, ele sentiu o joelho de Nezumi no meio de suas pernas e deixou com que ele as abrisse e grudasse ambos os corpos. O de madeixas claras levantou seu rosto e encarou seu arqui-inimigo (agora quase ficante), ele tentou associar a confissão, os beijos, a carta, os olhares àquele cara, mas não funcionou. Nenhum outro garoto tinha se interessado por Shion da mesma forma que Nezumi tem estado. O que ele havia visto que gostou tanto?

Shion não conseguia ver qualidades em si mesmo, ele era um suco de ansiedade com daddy issues. 

De repente, ele foi beijado e puxado de seus pensamentos tenebrosos. Nezumi havia o dado um selinho e agora sorria envergonhado.

Não fazia sentido.

— Por que você gosta de mim? — ele perguntou baixinho, ambos os rostos estavam próximos, então não teve necessidade de gritar.

Aquela pergunta causou uma reação engraçada em Nezumi, uma vez que ele arqueou suas sobrancelhas em surpresa e acabou rindo envergonhado. Lentamente ele se afastou e sentou na tampa da privada.

— Eu não sei — respondeu. — Quero dizer, você normalmente não olha pro céu e pergunta o motivo dele ser azul, ou o motivo das árvores serem marrons e verdes. Você só sabe que são assim e pronto. 

— Há uma explicação lógica pra isso.

— Mas não há uma explicação lógica que explique como o amor se manifesta em cada pessoa. Eu não sei porque gosto de você, valeu? E antes que você diga, não é pegadinha. Eu gosto de você porquê sim, porque te acho atraente, te acho inteligente, te acho fofo. Só que você me crucificaria se pudesse — ele falou e Shion projetou seu lábio inferior para frente e julgou ser verdade. — Não vou ser o seu namorado, nem ficante e muito menos ter uma amizade colorida com você, sei disso, não precisa jogar na minha cara que não vamos ser um casal, ou melhor, joga logo que só assim eu choro no banho quando chegar em casa.