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Aϙᴜᴇʟᴇ ʟᴜɢᴀʀ ᴍᴇ ᴀᴛᴇʀʀᴏʀɪᴢᴀᴠᴀ.
Havia algo errado, tinha que ter. Os movimentos sibilantes das tapeçarias das paredes sempre que o vento as alcançava me deixavam extremamente desconfortável, como se nunca estivesse sozinha, nem por um único minuto no dia.
As estrelas, por mais que brilhassem estavam vagas e nunca desapareceram, em conjunto ao céu sombrio. Sua presença onipotente estava perpetuamente lá, como se tentasse me arrastar para o vazio eterno de sua existência.
E é claro, elas. As rosas. Brancas. Um enovelado inteiro delas que cresciam sobre todas as partes da casa, como se fizessem questão que, interminavelmente, sempre lembra-se de sua presença.
Os movimentos das tapeçarias, as estrelas, as rosas. Tão indiscutivelmente presentes. Eu por vezes, parecia não estar lá de verdade.
Lembrava um fantasma, carregando o peso de memórias em correntes pesadas e barulhentas. Oh meu Deus! Mas me lembrar de que? Lembrava de todos os quartos naquela prisão de pedra, de todas as rosas e eu consegui catalogar todas as estrelas no céu.
Mas por que não conseguia me lembrar de mim mesma? Por que não conseguia entender meu medo exagerado de estar naquele lugar? Por que não podia lembrar de nada?
O mundo não existe. Há a casa, o jardim, e além da floresta, apenas o "nada". Foi assim desde que eu possa me lembrar, e continuará do mesmo jeito, eternamente.
A noite continuará, a ventania serena continuará, e aquele estado de paz antes do dilúvio perpetuamente estará lá.
Mas eu tenho medo. tenho medo de machucar meus dedos colhendo uma rosa, tenho medo do sussurro vazio do vento. Entre ficar aqui e mergulhar no vazio, minha escolha é óbvia. Eu não me importo de deixar de existir, ou de ser esquecida. Não há ninguém para se lembrar de mim, e não há ninguém para me lembrar.
Levantei da poltrona aveludada do salão principal. Andei até uma das três janelas, enormes, iam até o chão da cúpula. E mais uma vez a história se repetia.
Os ramos da roseira se estendiam, juntando-se. Formavam uma estrutura, no formato de uma ponte, que ia das janelas até o nada. Segundo todas as minhas outras tentativas, suportariam o meu peso.
Eu tentaria mais uma vez, desta vez conseguiria.
Respirei profundamente, me ajoelhei e acariciei levemente a estrutura formada pela roseira. Fazia uma prece silenciosa. Deixe-me ir. Por favor, deixe-me ir desta vez.
Levantei e, sem olhar para trás, comecei a correr. corria como se minha vida dependesse disso, o que é um tanto irônico.
A estrutura cedia cada vez mais sob meu peso. Estava a apenas alguns metros do fim da mesma, que desaparecia no meio da imensa escuridão quando algo me envolveu.
Dois ramos de roseira seguravam meus pulsos. Suas pétalas, sua cor invadida pelo vermelho que o dano de seus espinhos causaram em minha pele fina.
E, antes que eu pudesse construir uma base para meus pensamentos, os ramos me puxaram para trás com uma força estonteante, me encontrava no mesmo salão, sentada na mesma poltrona de veludo.
Lágrimas desceram rapidamente por meus olhos. Minha expressão continuava dura como uma rocha, mas a minha alma me traia e escapava pelos olhos.
Elas ainda caiam enquanto descia incontáveis lances de escada, destruindo toda e cada rosa que encontrava no caminho, preferia ficar sozinha a desfrutar de sua desagradável companhia.
Por fim, cheguei ao hall de entrada. Empurrei as grandes portas de ferro com toda a força que me restava.
Depois da camada de poeira e ferro que me trancafiaram, havia o ar frio da noite. Ele balançava as folhas das árvores e espalhava o cheiro das flores.
Me pus a correr novamente, ignorando os pulsos sangrando , a lama e espinhos invadindo minha roupa, me perdendo em meio às flores.
Não havia apenas rosas. Eram tantas cores, uma mais viva que a outra. Me senti hipnotizada, tinha certeza que era a segunda vista mais bonita do mundo, perdendo apenas para a escuridão que completava o imenso vazio.
Mas fui novamente surpreendida por aquela coisa maligna. Rosas, não eram tão bonitas quanto os lírios e narcisos daquele jardim. Eram flores com uma beleza traiçoeira, servida pelo diabo.
Desta vez foram mais violentas. Circundam minha cintura, braços, pernas. Sem piedade, me apertavam, destruindo meu corpo e minha dignidade com seus espinhos.
Fui arrastada de novo. Minhas lágrimas se misturavam com o sangue e o suor de minha face ao abandonar forçadamente o jardim e retornar, ao mesmo salão, na mesma poltrona, na mesma posição.
Dessa vez, as rosas não voltaram aos devidos lugares. Me invadiam por todos os lados, furando meu corpo e alma com os espinhos.
Suas antes brancas pétalas agora estavam totalmente tingidas por minha dor e destruição. Haviam se tornado impuras, assim como eu.
Eu queria ir embora, mas não daquele jeito, queria uma morte rápida e tranquila causada por mim, espinhos perfurando meu estômago e coração não estavam nos meus planos.
Demorei horas até sucumbir. Eu deveria estar realmente bonita daquele jeito, por outro lado. Afinal, bonecas que saem de suas posições designadas devem ser punidas.
Minha morte foi uma humilhação. Mas depois da dor, veio a paz. O mundo se esvaiu, as rosas deixaram de existir.
E eu também. Por um tempo. Até despertar
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❈𝐋𝐮𝐧𝐚 𝐋𝐢𝐥𝐢𝐮𝐦❈ ~ 1° ᏞᏆᏙᎡϴ (Reescrito)
Фанфикшн"𝘓𝘪𝘭𝘭𝘺𝘵𝘶𝘮, 𝘦́ 𝘱𝘦𝘤𝘶𝘭𝘪𝘢𝘳, 𝘵𝘦𝘯𝘩𝘰 𝘯𝘰𝘤̧𝘢̃𝘰 𝘥𝘪𝘴𝘵𝘰, 𝘮𝘢𝘴 𝘦́ 𝘮𝘦𝘶, 𝘰 𝘮𝘦𝘶 𝘯𝘰𝘮𝘦. 𝘚𝘦𝘪 𝘲𝘶𝘦 𝘯𝘢̃𝘰 𝘩𝘢𝘷𝘦𝘳𝘢́ 𝘯𝘪𝘯𝘨𝘶𝘦́𝘮 𝘤𝘰𝘮 𝘵𝘢𝘯𝘵𝘢 𝘪𝘯𝘥𝘪𝘷𝘪𝘥𝘶𝘢𝘭𝘪𝘥𝘢𝘥𝘦. 𝘚𝘰𝘶 𝘢 𝘶́𝘯𝘪𝘤𝘢. 𝘖 𝘶́𝘯...
