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Manuela

Viro de um lado para o outro naquela cama pela vigésima vez nessa noite, olho pro lado da cama onde o Caio está deitado dormindo e olho pro teto passando a mão na minha barriga que foi um ato que eu ainda não desacostumei.

3 dias que eu me despedi deles, mas toda vez que eu me toco ainda dói. A cicatriz dói, quando me mexo dói, mas a dor interna é muito maior. Sinto meus olhos lacrimejarem e respiro fundo tentando não chorar mais uma vez na noite.

Medelin: Tá sentindo alguma dor?- pergunta chegando mais perto de mim e dando um beijo na minha testa. Eu nego com a cabeça sabendo que ele vai sentir o gesto.- Quer conversar?

Eu concordo, porque tem coisas me incomodando. Sei que não é coisa pra me preocupar agora, mas o fato de ele não me beijar desde que tudo aconteceu, tá me causando dúvidas enormes.

Sinto ele fazer um cafuné em mim e eu olho nos olhos dele que ainda está visível pela luz do porte que tá entrando pela cortina mal fechada.

Manuela: Você quer que eu vá embora da sua casa?- ele me olha franzindo as sobrancelhas confuso e eu sinto meu peito apertando pelo medo da resposta, mas mesmo assim continuo.- Porque se você quiser, eu vou, Caio! Não tem problema, juro. Sei que era nossa filha, mas se eu estiver te incomodando eu vou pra algum lugar.

Medelin: Tá falando isso porque, Maria?- se ajeitou na cama se sentando e eu encostei na cabeceira com um pouco de dificuldade.- Eu te fiz alguma coisa, pô? Se eu tiver feito pode falar.

Eu olho pra janela tentando conter as lágrimas, posso tá sendo chata por tá chorando todo momento, mas é uma coisa que eu não estou conseguindo controlar. É um momento que eu tô sofrendo tanto, tá doendo tanto que eu nem sei mais.

Olho pra ele de novo que espera uma resposta minha e penso mesmo se vou falar tudo o que eu tô pensando.

Manuela: Você não me beijou desde que tudo aconteceu.- ele respira fundo e fecha os olhos.- Você mal me tocou, Caio.- sinto a lágrima descer pelo meu rosto e tento limpar rápido mas ele é mais rápido e segura meu rosto.

Medelin: Eu tô te dando seu tempo, meu bebê!- diz limpando meu rosto.- Eu não sei qual a sua decisão de antes de tudo, então tô te dando seu tempo.- eu balanço a cabeça concordando.- E sobre não te tocar é porque eu tô com medo.- confessa.

Manuela: Medo de que?- pergunto com o resto de voz que me sobrou.

Medelin: Medo de te machucar!- suspira.- Pra mim se eu te tocar, eu vou te quebrar. Medo de sentir o que eu senti quando ouvi aquele barulho.

Manuela: Mas eu tô aqui, Caio, não tem como você me quebrar.- minhas lágrimas já rolavam descontroladas.- Eu preciso de você amor!- ele abaixa a cabeça e levanta bem rápido.- Eu preciso do seu colo, preciso que cuide de mim, assim como eu vou cuidar de você.

Medelin: Me perdoa, Manu!- olha dentro dos meus olhos chorando também.- Eu sinto que tudo isso foi minha culpa, e eu não sei o quanto eu vou ter que te pedir perdão pra essa culpa passar.

Manuela: Mas não é sua culpa.- falo convicta, pra ver se ele entende de uma vez.- Entende isso, não é sua culpa.- enfatizo mais uma vez.

Ele concorda e deita no meu peito me abraçando com cuidado por conta dos meus pontos. Abraço ele de volta e faço carinho no seu cabelo sentindo a sensação de paz depois de dias. O contato dizendo que nos amamos além de palavras.

Sinto o leite do meu peito vazar e sujar a blusa de dormir que eu vestia. O processo de pós parto tá sendo difícil, e meu corpo parece que não entendeu ainda que não tem bebê pra todo esse leite.

Manuela: Pega uma blusa pra mim, meu peito tá vazando!- ele concorda e levanta da cama indo pro closet enquanto eu tiro a blusa jogando no sexto que tá ficando do lado da cama.

Ele volta com a blusa que eu tinha comprado pra amamentação e olha diretamente pro meus seios inchados de tanto leite. Passo o lenço umedecido sentindo a dor em toda região e ele me entrega a blusa.

Ele me olha curioso e coça a cabeça inquieto. Balanço a cabeça na sua direção perguntando o que era e ele senta na ponta da cama.

Medelin: Posso experimentar?- pergunta baixo mas ainda assim me fez escutar. Olho rápido pra ele confusa tentando saber se era aquilo mesmo e ele tampa o rosto com vergonha.- Caralho!- levantou e correu pro banheiro e eu fiquei ali com cara de tacho.

Até mais.Where stories live. Discover now