Até mais.

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Medelin

Capítulo inspirado na música "estilo vagabundo"

Fico ali embaixo martelando toda essa porra que tá acontecendo na minha vida toda vez que essa garota chega perto de mim. Namoral, tá me sugando já.

Pode até parecer que não, mas eu já cortei todo contato que eu tinha com ela desde que eu vi que tava errado com a minha mulher, é isso foi quando a Manuela decidiu voltar pro apartamento dela.

E é por isso pô, por isso que a Esther tá assim, pagando de doida achando que eu to fazendo isso porque a Manuela mandou. Mas não é não, to fazendo por que eu vi que era errado, que eu não iria gostar se ela tivesse uma amizade com algum homem assim.

A garota fez o show todo o almoço todo e eu tentei controlar a Maria pra ela não se rebaixar ao nível, porque é feio pô, vai brigar por um bagulho que é dela? Tem necessidade não.

Tipo como, Manuela deu um fecho nela e eu fui lá reforçar, a Amanda viu pô, botei minha visão no bagulho de que era pra ela fechar a cara pra mim e parar de se fazer pra cima da minha mulher ou ela ia tomar o dela.

Mas também fiquei puto com a Manuela por ela não seguir a postura dela, porque a Maria Manuela que eu vi hoje, não é a Maria Manuela que eu conheço. A Maria que eu conheço não se rebaixa ou se iguala a ninguém, e essa de hoje fez tudo isso.

Martelo minhas ideias ali e quando vejo que já deu tempo da cabeça dos dois esfriar, subo pra conversar com a maluca. Abro a porta do quarto vendo ela digitar rápido no celular com a cara fechada. Ela olha rápido pra mim e volta digitar.

Medelin: Da pra conversar agora?- ela revira os olhos e senta na cama encostando na cabeceira.

Manuela: Da ué!- bloqueia o celular e coloca na escrivaninha do seu lado.

Medelin: Tá dando pra ficar brigando desse jeito não, Maria, vai ser assim sempre? Sem conversar?- ela encurta os olhos na minha direção.

Manuela: Tô cansada Caio, tu gosta de tirar com minha cara irmão. Tu tá sendo um filho da puta e agora vai ser assim todo dia, até tu se cansar de mim.- ela fala bolada e eu seguro a vontade de rir do jeito que ela tá falando.

Medelin: Da teu papo então, filha, da teu papo.- começo a provocar porque na real eu já tô cansado disso.

Manuela: Te da papo? Quem da papo é galinha. Tô cansada de escutar seus papos já, vários vezes já.- gesticula com a mão e seguro na mão dela no ar que puxa de uma vez.- Tira a mão de mim, seu filho da puta! Nem chega perto, se você chegar perto eu vou te agredir, parceiro.

Medelin: Que isso, cara? Pra que isso?- começo a rir de nervoso.

Manuela: Acabou, cansei, não te quero mais seu comédia.- levanta da cama amarrando o cabelo e encosta na janela olhando pra mim e sem parar de falar.- Vai se fuder! Da atenção pro seus amigos, aquele bando de Otario que anda contigo.

Medelin: Não tô andando com ninguém, filha, tô só dentro de casa. Tá surtando?

Manuela: Surtando? Você que tá surtando querendo me tirar de otaria.- rir debochada e anda de um lado pro outro.- Que isso, não sou uma mina feia, sou uma mina que porra, te dou maior moral parceiro, não tô te entendendo.

Levando da cama sabendo que eu vou estressar mais ela e saio do quarto resmungando pra arrumar um jeito de deixar ela mais tranquila quando eu voltar.

Manuela: Vai me deixa falando sozinha mesmo, porque tu não tem disposição pra me ouvir né? Otario!- grita e eu dou risada desse surto que de um assunto, foi pra outro.

(...)

Saio do banheiro de visitas já de banho tomado e vou pro quarto me preparando pra enfrentar a fera. Quando entro no quarto ela tá saindo do banheiro e me olha com a pior cara do mundo.

Manuela: Se tiver como dormir no outro quarto eu agradeço e se não puder, me avisa que eu vou.- ela fala e eu nego com a cabeça com a decisão de colocar um ponto final nessa briga.

Medelin: Nos dois vamos dormir nessa cama, Manuela!- ela nega com a cabeça e pega o celular e o carregador.- A gente vai sentar e conversar sem aquela palhaçada que foi mais cedo.

Ela olha pra mim e pensa por alguns segundos antes de se sentar na cama e eu sentar na frente dela.

Manuela: Não vou falar nada então, Caio! Vou esperar você me dar alguma razão pra não continuar assim com você.- ela fala e fecha os olhos.

Eu respiro fundo e observo o rosto daquela mulher. A mulher que eu mudaria o mundo de lugar só por ela, que mesmo eu fazendo merda as vezes, é a pessoa que mais me importa.

Medelin: Quando você decidiu ir embora, antes da Ísis falecer, eu cortei todos os contatos com a Esther.- falo e ela aperta os olhos pelo fato de eu ter tocado no assunto que é a nossa filha.- Eu cortei porque percebi que não tava te fazendo bem e que eu estava errado.

Manuela: Olha as coisas que eu tô passando por sua causa, Caio.- ela abre os olhos me fazendo ver as lágrimas se acumulando neles.- Era pra eu tá passando apenas pelo luto da minha filha, e eu tô passando raiva por uma garota que quer você.

Medelin: Ela só ta com raiva porque eu parei de falar com ela e acha que foi você que mandou, amor, pelo amor de Deus.- tento acreditar nisso também e ela nega respirando fundo.

Manuela: Não é, Mano, olha como a garota olha pra você. Eu não sou idiota não!- eu nego com a cabeça olhando pra baixo.- Para de ser ingênuo pelo menos uma vez na sua vida!- ela gesticula com as mãos me mostrando que tá ficando nervosa.

Medelin: Não precisa ficar nervosa, a gente só tá conversando!- tento acalmar ela que nega com a cabeça.- Eu tô entendendo seu lado, mas tenta entender o meu também, pô! Esther foi a minha amiga de anos e de infância, eu nunca ia pensar que ela tava querendo dar pra mim.

Manuela: Por isso eu tô pedindo pra você parar de ser ingênuo, Caio, para pra pensar em tudo, em todas as possibilidades.- ela limpa a lágrima que desce.- Eu tô esgotada com isso tudo já.

Medelin: Me desculpa, amor!- peço com meu peito apertado por ver ela assim.- Me perdoa de verdade.

Manuela: Suas desculpas já não estão adiantando muito mais.- ela limpa o rosto e olha nos meus olhos que provavelmente agora transmitia medo.

Medo de perder ela.

Eu não consigo responder nada e ela também não fala mais nada. Ficamos alguns minutos segurando a mão um do outro até o interfone tocar.

Medelin: Pediu alguma coisa?- ela nega rápido se levantando.

Manuela: É a Virgínia!- responde pegando o hobby estendido no closet.- Ela veio conversar com o Guará, mas disse que antes ia passar aqui.

Eu concordo e ela olha pra mim e desce a escada correndo quando o barulho de tiro é ecoado na rua.