Capítulo 4

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António on

Eu nunca fui muito de conversar, prefiro ficar no meu canto, eu não dou muito confiança às pessoas, por medo de que elas me magoem, se eu não der muita confiança, elas acabam por se afastar, não foi o caso da fisioterapeuta.

Ela está sempre com um sorriso no rosto, ela já foi tema de conversa no nosso balneário, principalmente quando ela chegou, eu não liguei muito, e nem dei a minha opinião sobre ela, porque eu acho esse assunto irrelevante, estamos aqui pela mesma razão, para fazer o que gostamos, e ganhar dinheiro, e é nisso que eu me vou focar, tenho recebido muitas propostas de outros clubes o que é bom, mas por um lado eu não quero ir já embora, já estou muito habituado as pessoas e ao clube.

Fui convocado para o Qatar, eu fiquei contente, obviamente, ter 19 anos, ser convocado para a seleção, e jogar ao lado dos jogadores que eu mais admiro, mas por outro lado, se fui convocado para aquecer o banco e ver os outros a jogar, preferia não ter sido convocado.

Margarida on

Estes últimos dias têm sido tranquilos tenho acompanhado os jogadores do Benfica, e tenho passado tempo com a Aurora, ela tem me pedido para ir jogar futebol, eu já tinha pensado nisso, mas não tenho tido tempo para nada.

Neste momento eu estava a terminar o meu trabalho, tinha acabado de sair do estacionamento quando me ligaram, era um número desconhecido, o meu telemóvel estava conectado ao carro, o que facilitava a condução, eu atendi, era uma mulher.

Eu parei no sinal, assim que desliguei, eu começei a gritar de alegria, foi quando percebi que estava a ser observada, olhei para o carro do lado, e estava um casal a olhar para mim, eu desviei o olhar envergonhada.

Eu tinha sido convocada para acompanhar a seleção, aparentemente precisavam de fisioterapeutas, eu iria amanhã de manhã, estacionei o carro na garagem, peguei na minha mala, entrei dentro de casa, tirei os sapatos, pousei a minha mala, e caminhei até á cozinha.

Eu contei aos meus pais as novidades, eles ficaram muito contentes, quem não ficou lá muito contente foi a Aurora, que assim que ouviu a notícia saiu da cozinha, assim que vi que a minha mãe não precisava mais da minha ajuda, eu subi as escadas, fui em direção ao seu quarto, e bati na porta, mas não ouvi nada, abri a porta do quarto, ela estava deitado em cima da cama, de costas para mim, fechei a porta atrás de mim, e caminhei em bicos dos pés até ela.

—Não quero conversar mãe—ela disse

—Como é que sabias que era eu?—eu perguntei sentando-me aos pés da cama

—Vi-te pelo espelho do armário—ela respondeu como se fosse óbvio

Olhei para o espelho, como é que eu não pensei nesse detalhe.

—Como foi a escola?

—Normal—ela respondeu num tom de voz seco

—Quando quiseres conversar, eu estou aqui para te ouvir.

Eu resolvi não insistir, dei-lhe um beijo na testa e levantei-me para me retirar.

—Eu não quero que te vás embora—ela sentou-se na cama a olhar para mim com uma cara de choro

—Eu não me vou embora—eu disse voltando a sentar-me

—Eu ouvi-te a falar com os avós.

Algumas lágrimas escorrer dos seus olhos, eu enxuguei-as, e começei a explicar-lhe a situação, acabei por ficar no quarto com ela até á hora do jantar.

(. . .)

Qatar

Os jogadores da seleção tinham-me recebido bem, eu também me tenho adaptado á equipa técnica, eles são excelentes pessoas, o António tem ignorada a minha presença, o que não me é indiferente, já que os outros jogadores falam bastante comigo, já ele está sempre calado, e nós jogos sempre que olho para ele, ele está sempre com o olhar no jogo.

Portugal ganhou á Suíça, assim que o apito final soo, a minha felicidade era tanta, que me agarrei á pessoa mais próxima o problema era que essa pessoa era o António, a sua expressão era neutra, eu larguei-o e pedi-lhe desculpa, ele não disse nada, logo em seguida apareceu o Gonçalo e os restantes jogadores e abraçaram-nos.

(. . .)

Eu não podia acreditar, nós tínhamos acabado de perder contra Marrocos, a seleção estava destroçada, eles e todos os adeptos que os apoiaram, custou-me bastante vê-los assim.

Após muita choradeira, eu consolei alguns dos jogadores, estávamos com tanta fé que iria ser desta vez, e foi tudo por água a baixo, as equipas começaram a abandonar o relvado.

Aparentemente já não estava ninguém no balneário, eu entrei lá dentro pq iria verificar se alguém se tinha esquecido de alguma coisa, ouvi uma voz, e aparentemente a pessoa estava a chorar.

—Está aqui alguém?—perguntei batendo na porta

A pessoa não respondeu, eu resolvi abrir a porta, ao abri-la, deparei-me com o balneário vazio, tirando o facto, de que havia uma pessoa sentada com a cabeça entre as mãos.

—Está tudo bem?—eu perguntei

A pessoa ao ouvir a minha voz olhou para cima, era o António.

—O que fazes aqui?—ele perguntou com uma cara séria

—Eu estava a ver se alguém se tinha esquecido de alguma coisa—eu respondi calmamente

Ele não disse nada, eu decidi perguntar-lhe.

—O que se passa?—eu perguntei aproximando-me dele

Ele não respondeu, apenas ficou a olhar para mim, eu podia sentir o seu olhar sobre mim, ele olhou-me de cima abaixo, e em seguida desviou o olhar para o espelho á sua frente.

—Se quiseres podes falar comigo—eu disse ficando mesmo á sua frente

Ele desviou o olhar do espelho para mim, o seu olhar era intenso, parecíamos que estávamos em transe, nenhum de nós desviava o olhar.

—Tu não irias compreender—ele respondeu

—Talvez se me explicares eu compreenda—eu disse agarrando na sua mão

Ele olhou para as nossas mãos, e em seguida de volta para mim, ele franziu as sobrancelhas em desgosto, e levantou-se soltando a sua mão da minha, ele era bem mais alto que eu, por isso ele tinha que olhar para baixo.

—Alguém disse, que eu queria que tu o fizesses—ele respondeu friamente e saiu de ao pé de mim

Eu ouvi o barulho de um fecho, e ouvi passos a caminharam para longe, então fez-se silêncio.

Eu suspirei, porque é que ele é tão fechado, eu só o quero ajudar, não prejudicá-lo, ele também não facilita as coisas, eu sou simpática com ele, mas eu para ele sou indiferente, eu ainda vou mudar o seu comportamento.


Mais um capítulo...

Digam-me o que estão a achar, e claro se quiserem dar algumas sugestões do que queres que aconteça na fanfic é só dizerem.

Opposites-Antônio SilvaOnde histórias criam vida. Descubra agora