03| Belle Kadyrova

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“Mas devo admitir que sinto
terrivelmente sua falta.
O mundo é muito quieto
sem você por perto”
Lemony Snicket

Não há muita coisa que eu considere pior do que ter um pesadelo, principalmente quando os tenho tão frequentemente, então sempre tenho que enfrentar toda a agonia e angústia que eles trazem

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Não há muita coisa que eu considere pior do que ter um pesadelo, principalmente quando os tenho tão frequentemente, então sempre tenho que enfrentar toda a agonia e angústia que eles trazem. É uma tortura fechar os olhos, sendo que eu sei o que me espera; choro, batida, sangue, gritos e uma mente confusa em meio ao caos.

Quando acordei, o cômodo desconhecido me assustou, demorou um pouco para eu me lembrar de onde eu estava, e o porquê de estar lá, e agora, mais de uma hora depois, tenho todo mínimo detalhe do quarto gravado na minha mente, e já refleti sobre os meus sentimentos mais do que posso contar. Sobre isso, porém, eu ainda não cheguei a uma conclusão, não sei o que eu estou sentindo.

A pintura das paredes estava começando a me incomodar, ficar congelada na mesma posição fazia meu corpo doer, sem aguentar mais, então, eu me levantei, decidida a fazer o que costumava acalmar minha mente, mesmo que eu vá arriscar minha pele por isso, já que apesar de estar aqui há um tempo, eu não conheço essa parte da cidade ainda.

Não foi difícil encontrar um moletom e um legging escuro, é praticamente só o que eu uso, e havia um par de tênis jogados próximo a porta, o que eu não encontrei, porém, foi o meu fone, então desisti da procura e decidi que infelizmente iria sem, saindo do quarto no máximo silêncio que eu podia.

Quando cheguei aqui, milagrosamente não demorou para que eu começasse a me sentir a vontade, e isso se deve exclusivamente a presença de uma garotinha linda e esperta, com olhos grandes que sempre me lembram a intensidade dos olhos de seu irmão. Ela me fez um tour guiado pelo apartamento e foi uma ótima desculpa para que eu pudesse fugir de seu irmão. Graças a ela, eu sei onde fica as chaves, então não vou ter trabalho de sair daqui.

Ou pelo menos isso era o que eu pensava.

— Vai a algum lugar?

Eu me virei lentamente na direção de sua voz, meus ombros tensos e eu mordia o lábio inferior, esse tipo de nervosismo apenas aumentou quando eu o olhei. Iesu¹, ele estava preguiçosamente escorado na passagem para a cozinha, cabelos bagunçados, suas penas estavam cruzadas e ele estava descalço, usava uma calça de moletom cinza e estava sem camisa.

Merda, merda, merda.

Eu engoli em seco com meus olhos presos em seu tronco, a pouca luz não me deixava ver muita coisa além de sua silhueta de músculos definidos e alguns dos locais em seu corpo que havia tatuagens. Eu não imaginava que seriam tantas, a visão fez meu coração acelerar e uma sensação estranha começar a se formar no pé da barriga, espalhando-se ao ponto de eu sentir minhas pernas falharem por um segundo, voltando meus olhos rapidamente para o seu rosto para não continuar a me perder, eu vi o sorriso de lado que havia se formado em sua boca, e foi o suficiente para me ajudar a pôr a mente lugar.

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