15| Belle Kadyrova

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“Você transpassa minha alma;
sou metade agonia, metade esperança
[...]
Não tenho amado ninguém, apenas você"
Jane Austen

Eu quis para-lo no momento em que ele virou as costas e partiu, quis dizer que ficaria, para sempre, mas não consegui voz para isso

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Eu quis para-lo no momento em que ele virou as costas e partiu, quis dizer que ficaria, para sempre, mas não consegui voz para isso. Dominada pelo medo, pensava que talvez eu devesse considerar mesmo partir, que eu precisava disso.

Fiquei em torno de quinze minutos ou mais sentada na bagunça, olhando para a parede sem graça do quarto, peguei meu celular na bolsa, digitei o número de minha mãe, liguei para ela mas desliguei antes mesmo de chamar. Não, eu não farei isso, não preciso disso.

Eu estava esperando pela droga de uma resposta que eu já tinha, eu não quero tempo, não quero me afastar, não quero fugir, não preciso ficar sozinha, não preciso do medo, eu quero ficar aqui, o meu lugar é aqui, com ele, é onde eu pertenço.

Soltei os sapatos que eu segurava com tanto afinco em uma das minhas mãos, e larguei meu celular sobre a cama, para então ir para a porta de seu quarto. Não hesitei em entrar, já chega de hesitações por hoje, já que no mínimo sinal desta, meu medo se aproveita para me fazer fugir, e eu não quero mais fugir.

Ele não estava a vista, estava no banheiro, a julgar pela luz que vinha de lá, provavelmente sairia logo, então fui me sentar em sua cama, para espera-lo, e evitar sair correndo pela porta.

O que eu não contava, porém, era com o objeto do outro lado da cabeceira, em cima da mesinha, que fez-me sorrir e esquecer um pouco do resto. Ajoelhei-me na cama para alcança-lo, e quando o peguei, sentei-me sobre os meus pés, deslizando meu dedo sobre a extensão do porta-retrato.

— Eu sabia que você tinha pego – murmurei para mim mesma, olhando para a foto que eu perdi no dia em que ele me chamou para vir morar aqui.

Foi no meu aniversário de quinze anos, eu nunca quis um aniversário de quinze anos, mas meu pai sim, seu sonho era ter a valsa comigo, então acabamos fazendo um. Além de dançar com meu pai, dancei também com Alex, ele não queria ser o centro das atenções do público, mas aceitou dançar comigo. A foto foi tirada exatamente nesse momento, pelo celular de minha mãe, e apesar de que ela sempre tire fotos onde o dedo dela cubra a câmera, essa especificamente havia ficado linda, foi tirada das costas de Alex, com um zoom excessivo, que me mostrava sorrindo para ele, por algum motivo, com suas mãos em meu rosto, e dele dava para ver apenas um pedaço do seu pescoço e cabelo, e o par de brincos recém comprado pendurado na orelha de ambos. Ele disse que gostava da foto porque eu era a estrela principal, ninguém perderia tempo olhando para ele.

— Não vou devolver para você – eu ouvi sua voz atrás de mim e me virei para ele sorrindo.

— Eu não estou pedindo – respondi, e ele sorriu de canto.

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