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— Dragão é o seu animal favorito – disse Belle, e Alex olhou para ela alarmado. — Mesmo que sejam criaturas místicas e não exatamente reais.

— Como sabe? – ele perguntou, nem sequer tentando desmentir a afirmativa dela.

Belle mostrou uma foto para ele, uma que ela estava enquadrando para colocar no quarto dela, como decoração, mas que não quis mostrar pra ele quando o mesmo notou o que ela fazia.

A foto havia sido tirado quando eles e a família de ambos foram visitar o Castelo de Caerphilly¹, onde há várias esculturas de dragões. Na imagem, Alex tocava impressionado a cabeça de um dragão, enquanto Belle fingia estar sendo agarrada pela imensa mão do mesmo.

Havia também uma foto seguinte, era uma foto que ela já tinha enquadrado, tirada no mesmo dia que a outra, e no mesmo local. Nesta foto, Belle estava sendo abraçada por Alex, que tirava algo do cabelo dela, ela aparentava assustada, e estava, já que havia corrido para ele justamente por medo.

— O que houve, annwyl²? – ele perguntara a ela, quando sentiu o corpo dela colidir-se com o seu, usara o apelido sem perceber, e não se incomodara com isso, talvez, principalmente, por ela não saber o significado.

— Joaninha – ela respondera, seu corpo tremia levemente, e ele retribuiu o abraço tentando pensar em algo que ajudaria ela a acalmar.

— O que tem? Você tem medo delas?
Ela anuiu fortemente, o movimento com a cabeça o fizera notar o inseto em questão preso no cabelo dela.

— Está tudo bem, não tem nenhuma aqui – ele mentira, procurando alguma forma de distrai-la enquanto desenganchava o bicho do cabelo dela. — Sabia que joaninhas são consideradas besouros de Nossa Senhora?³ Talvez Ela esteja tentando se comunicar com você.

— Ela não poderia usar outra coisa? Eu tenho medo! – choramingou.

— Está tudo bem, annwyl, vou falar com Ela, da próxima vez será outra coisa.

A joaninha já tinha ido embora, mas ele não tentou afasta-la, estranhamente, para alguém que não curte muito contato físico, aquele era um bom abraço.


  — Como diz dragão em galês? – Belle perguntou, olhando para a mão dele que estava em suas costas, na foto, de alguma forma, ela lembrava a garra que ela outrora brincara, mas em um bom sentido. Podia sentir, mesmo por uma fotografia, que aquilo havia sido feito de forma inteiramente protetora.

Draig⁴.

— Vou te chamar assim, daqui por diante – ela disse, e ele não tentou entender o porquê, gostava da ideia, gostava mais ainda do fato de ter um apelido criado por ela. — Draig – ela testou o nome em sua voz, e agora não havia mais volta, era como um acordo tácito de que havia sido feito especialmente para ele.

 — Draig – ela testou o nome em sua voz, e agora não havia mais volta, era como um acordo tácito de que havia sido feito especialmente para ele

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Notas de Rodapé

¹: É um castelo medieval no Sul do País de Gales, em Caerphilly, e data do século 13. No castelo há várias esculturas de dragões gigantes que são atração por lá;
²: Querida, em galês;
³: Surgiu na Grã-Bretanha, as pessoas começaram a associar o inseto a Nossa Senhora, e quando a pintavam faziam com um manto vermelho com sete bolinhas pretas;
⁴: Dragão, em galês.

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