“Tempos difíceis nos aguardam e
em breve teremos que escolher entre
o que é certo e o que é fácil.”
J. K. RowlingJá olhei em todo lugar, todo canto desse apartamento, até nos lugares que ela não caberia, mas mesmo assim não a achei. Só faltava um lugar, que eu sabia que ela estaria lá desde o início, mas mesmo assim eu entrei em negação e não quis ir procurar.
— E então? Não vai responder? Tratamento do silêncio não funciona comigo, você sabe que eu insisto até conseguir o que quero – a voz do outro lado da linha me fez parar em pé no quarto, com a mão livre apoiada na cintura.
— E o que você quer, dona Emília?
— Como está sendo morar com o Alex? Você tem alguma coisa para me contar?
Sua voz parecia sugerir que ela sabia de algo, ou que achava saber de algo que merecia demasiada empolgação, e meus pés gelaram enquanto eu andava para fora do quarto.
— Você é a segunda pessoa a me perguntar isso, na terceira irei oferecer minha vaga – eu respondi, prestando atenção na minha voz para não entregar que eu estava desconversando.
— Bem, isso é com certeza algo que levanta a curiosidade das pessoas – defendeu.
— Não sei o porquê.
— Cínica, sim, você sabe – ela respondeu, e eu soltei um riso nasal, parada em frente a porta ao lado da minha.
— Você não respondeu a segunda pergunta.— É porque eu não tenho nada para contar – respondi, hesitando com a mão na maçaneta.
Tomara que minha voz esteja controlada, Alex me paga por ter me feito perceber essas coisas. Mas se bem que foi eu que perguntei.
— Ah, pelo amor de Deus, eu conheço minhas crianças! O que? Vocês se beijaram? – eu me engasguei com minha própria saliva e comecei a tossir freneticamente, sentindo minha bochecha esquentar.
Quando minha mãe ficou tão direta assim?
— Ah, isso é um não. O que esses jovens de hoje em dia têm? Achei que vocês fossem mais rápidos, mas são mais lentos que minha geração.
— Mãe! – exclamei, depois de me recompor, forçando minha garganta a funcionar direito.
— Acho que vocês precisam de um incentivo – ela parecia estar pensando alto, mas a frase me causou um arrepio na espinha.
— Não precisamos de nada – eu disse, tomando fôlego e finalmente abrindo a porta.
— Ah, não, querida, eu sei exatamente o que vocês precisam – se bem conheço minha mãe, sei que ela piscou um olho.
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hiraeth
RomanceLIVRO DOIS | Alex Kozlov era visto por todos como inabalável, isto até o retorno de Belle Kadyrova à sua vida, e o "bad boy" de tatuagens ser desmontado novamente por esse belo fantasma do seu passado. Mas agora, Belle estava indo embora mais uma ve...