“Nós vamos sobreviver
você e eu"
F. Scott FitzgeraldAos primeiros raios de sol que teimosamente se infiltraram no quarto, eu acordei, com meu corpo e mente mais descansados que nunca, aquecida até a ponta dos dedos. Havia até mesmo um par de meias cinza que eu não lembrava de ter colocado, mas essa não era minha principal fonte de calor.
Minha principal fonte de calor dormia serenamente, ressonava baixinho, de uma forma até fofa, e me apertava em seus braços, ao ponto de que eu me sentia protegida, nesse casulo quente e confortável.
Não há nada mais belo do que Alex relaxado, suas preocupações e defesas caem, levando embora assim as marcas físicas que trazem consigo.
Perco-me em seus traços, sem perceber os dedilhava, desde o contorno da mandíbula aos fios grossos da sobrancelha cheia, estava tão bonito e tão próximo que o ar quente que saia de sua boca entreaberta arrepiava minha pele. Meu polegar tocava seus lábios, cheios e macios, faziam-me questionar incontrolavelmente, bem no fundo dos meus pensamentos, aquela parte da nossa cabeça onde fingimos que os monólogos que acontecem lá nunca aconteceram, como seria ter, novamente, seus lábios nos meus. Isso automaticamente fazia minha boca ficar seca e começar a formigar, e uma sensação ansiosa no pé do estômago se instalar, era um sentimento de... algo, que eu provavelmente sabia o que era, mas não queria admitir.
Seus olhos tremeram e o ritmo uniforme de sua respiração se alterou, ele estava acordando, e a última coisa que eu queria era ser pega admirando-o mais ainda e de quebra ainda ter uma conversa estranha de manhã seguinte, mesmo que não tenha acontecido nada na noite passada, então tive que agir rápido para sair daquela situação, literalmente já que eu precisei me virar de costas para ele mesmo com seus braços me apertando.
Eu provavelmente mereço entrar no Guinness Book¹, por ter conseguido me virar antes que ele acordasse, e também receber um Oscar de melhor atuação, por conseguir simular uma expressão serena quando meu corpo todo tremia e meu coração batia como um louco. Acho que tenho sorte do som dos passarinhos do lado de fora da janela, já que do contrário, creio que ele seria capaz de ouvir meus batimentos cardíacos sem esforço algum.
A ansiedade me corroía, a vontade de abrir pelo menos uma fresta do olho para conseguir ver o que acontecia, mas temia que ele descobrisse que eu fingia, já que o mesmo é tão bom em saber quando eu minto, não deve ser um desafio perceber quando finjo dormir. Eu sentia seus olhos sobre mim, mas ele não fazia nada por longos e agonizantes segundos, isso até ele finalmente agir.
Sua mão pesada e quente tocou minha testa, provavelmente para ver se eu ainda estava quente da febre, era gostoso e conflitante ao mesmo tempo, seu toque, quando sumiu, tive que controlar o impulso de mexer a cabeça na sua direção, como um protesto para a volta do contato. Senti-me tão carente quanto um pequeno animal de rua, que para minha felicidade, a mão voltou, só que dessa vez eram seus dedos, na minha bochecha.
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hiraeth
RomanceLIVRO DOIS | Alex Kozlov era visto por todos como inabalável, isto até o retorno de Belle Kadyrova à sua vida, e o "bad boy" de tatuagens ser desmontado novamente por esse belo fantasma do seu passado. Mas agora, Belle estava indo embora mais uma ve...