Nono

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[...]

Domingo chegou e, surpreendentemente, Lauren não fez a ligação costumeira. Decidi então levar Kate para o parquinho da praça, uma tentativa de amenizar a falta de companhia que ela teve no sábado. Compramos sorvete e compartilhamos risadas, tornando aquele momento um pequeno ato de recompensa.

Quando a noite se instalou, Ally fez sua partida e eu pedi para Hailee também sair. Envolvi-me em brincadeiras com Kate na sala e preparei um lanche para nós. Enquanto Kate se distraía com vídeos no YouTube, batidas na porta ecoaram pelo ambiente. Apesar de supor que fosse Hailee, era de fato ela.

Horas se estenderam conforme nos acomodamos no sofá, entregues a uma conversa animada e cheia de histórias compartilhadas. A empolgação de Hailee ao falar de sua nova paixão era contagiosa, e entre risos, percebi que tínhamos mais afinidades do que imaginávamos.

A conversa naturalmente se direcionou para Lauren, e mesmo resistindo inicialmente, acabei cedendo às minhas próprias emoções. Entre colheradas de sorvete, acabei admitindo, quase como um suspiro, que estava apaixonada por Lauren. Era uma verdade que até então eu não tinha confessado para mim mesma.

Hailee, com seu olhar perspicaz, lançou a pergunta inevitável: "Será que Lauren sente o mesmo?" Foi quando a realidade, que eu tentava ignorar, veio à tona. Percebi que o tempo e a distância não haviam apagado completamente os sentimentos que haviam existido entre nós.

Enquanto refletia sobre o peso do contrato que nos mantinha distantes e a incerteza do futuro, Hailee me incentivou a considerar a possibilidade de que, talvez, o destino pudesse nos surpreender com uma reviravolta além das nossas expectativas.

Hailee deu de ombros, servindo-se de mais uma colher de sorvete antes de falar:

— Fiquei pensando sobre isso. Essa mulher quis que você dormisse com ela, deseja sua companhia e até mesmo impôs um prazo de um mês. Ontem, ela te levou para uma festa e até comprou um vestido para você. Se ela só quisesse te usar, teria se contentado com alguns encontros casuais. Acho que ela sente algo por você, mais do que gostaria de admitir, mas está confusa sobre como lidar com isso.

Observei Hailee, captando cada palavra enquanto franzi o cenho, tentando compreender tudo aquilo. Tentei negar, buscando me apegar à minha explicação:

— Não. Não é assim. É como eu disse, é apenas atração. Parece que quanto mais nós... você sabe... é como um vício. Ela não gosta de mim, nunca gostou.

Hailee pareceu prestes a abordar outro assunto, algo mais delicado, mas eu a interrompi, evitando que ela continuasse:

— Tenho certeza! Acredite, Lauren Jauregui não gosta de ninguém, exceto dela mesma. — Engoli em seco, meu maxilar ficou tenso.

Hailee se calou, ocupando-se com o sorvete que agora estava em suas mãos, puxando o pote de mim. Revirei os olhos diante da sua ação, sentindo a mistura de emoções que aquela conversa estava trazendo à tona.

[...]

A segunda-feira veio sem o telefonema esperado de Lauren, o que ecoou em meu coração com um eco vazio. Mas as preocupações imediatas tomaram a dianteira quando Kate adoecia.
Sua febre e sua garganta inflamada me arrastaram para uma nova realidade de cuidados e atenção constante.
As horas se desenrolaram em meio a idas ao médico, remédios e tentativas de confortá-la em seu desconforto.

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