Décimo

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[...]

Lauren deu a volta no sofá e eu a segui até a sala de jantar.
Paramos perto da enorme mesa de vidro e ela se virou para me olhar. Falei:

— Desculpe, Lauren. Eu não podia...

Fiquei surpresa quando ela me puxou pela cintura e me beijou. Tentei me desvencilhar, com medo que minha filha aparecesse ali de repente, mas a ternura e a paixão com que ela me beijou acabaram com as minhas defesas.

Finalmente, Lauren envolveu-me com seus braços, sustentando minha cabeça em seu ombro. Parecia que algo poderoso e profundo nos conectava, mas hesitei em considerar se era apenas fruto da minha imaginação.

— Fique. – Ela fez um pedido suave.

— Minha filha está aqui, não posso tomar nenhuma decisão precipitada.

Ela colocou o indicador sobre meus lábios.

— Não importa. Tudo o que quero é você.

— Por quê? – Encarei-a atentamente, buscando respostas em seu olhar.

Ela não respondeu. Ficamos nos encarando meio confusas quando o celular dela tocou em seu bolso, logo ela fez um gesto para que eu voltasse para a companhia da minha filha.

A situação de estar ali com Kate e Lauren era como algo fora do comum. Lauren permanecia na sala, sua expressão séria e calada, nos fazendo companhia. Seus olhos estavam fixos em Kate com uma certa curiosidade, especialmente quando Kate soltava risadas contagiantes enquanto assistia à TV. Eu também sentia o olhar dela sobre mim, intenso e penetrante. Era um mistério decifrar seus pensamentos e entender por que ela optava por não nos mandar de volta para casa.

O desconforto me invadia, sem saber como agir e lamentando meu impulso impensado. Parecia uma loucura estar ali com minha filha.

Engoli o nó que se formou em minha garganta. Sentia-me fora do meu lugar, desejando estar em casa.
De qualquer forma, já era tarde demais para remorsos.

Kate ficou quieta, seus olhos vermelhos revelando o cansaço. Ela assistia aos desenhos sem interrupção, até que finalmente o sono a venceu e adormeceu.

— Melhor chamar o Liam. – sugeri.

— Já o dispensei. Vocês irão dormir aqui. Coloque-a na minha suíte e durma com ela. Ficarei no quarto de hóspedes.

— Você não vai dormir agora?

— Faça o que estou pedindo.

Concordei e antes que eu pudesse fazer qualquer movimento, Lauren se levantou. Deixei que ela pegasse Kate no colo. Ainda me parecia estranho ver alguém tão sério e áspero agindo com tanta delicadeza.

Observei à distância enquanto ela colocava Kate cuidadosamente no meio da cama, rodeando-a com travesseiros e a cobrindo em seguida.

Ao retornar para a sala, ela havia apagado todas as luzes, apenas a TV estava ligada ainda, passando um filme qualquer.

Sentei ao lado dela, nervosa, com o coração quase na boca.

Olhei para a TV, mas só conseguia pensar e visualizar a mulher ao meu lado. O sofá em que estávamos ficava de costas pro corredor, o que dava mais privacidade.

Meu coração acelerou quando a senti me puxar para seus braços. Perdi completamente o senso da realidade quando
seus lábios encontraram os meus em um beijo intenso. Uma sensação de desejo avassalador me dominou, e involuntariamente meus dedos mergulharam em seus cabelos negros e incrivelmente macios.

Sentia o olhar dela sobre mim, faminto e intenso.

Tudo estava vazio, silencioso e escuro. Eu estava tremendo, arrepiada, e a mão dela descendo, a vi aproximar.

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