UMA GEMA PARA CLARA

Capítulo 13: Champagne vermelho.

O coração realmente não é tão simples de resolver, de atender todas as suas necessidades e agir com normalidade, esse almejo é mais como uma história para boi dormir para falar a verdade; além do mais, pertencendo eu à um sistema de pessoas que desprezou o famigerado romance por bastante tempo, é um pouco ridículo falar que um órgão que pulsa sangue está latejando de dores sentimentais e não de um provável ataque cardíaco. Ainda não me arrependi de ter beijado Lucas, portanto não rolou a confissão para Analu aguardou a semana inteira, mas o meu pequeno surto por causa do Erick não passou, a imagem do rapaz e de Aline de mãos dadas permanece intacta e resplandecente na minha mente, e também surgiu um sentimento ruim em mim como se eu tivesse traído o namorado que sequer tenho, sendo que ele me traiu primeiro!

Perante todo o meu embaraço de emoções, me obriguei a ir no encontro com Erick Orckeman e fingi que nada tinha acontecido entre nós, torcendo para que ele não tocasse no assunto do beijo, só que o que deveria ser um espetáculo de Frozen se modificou para um espaço de estranheza. Não nos falamos durante a apresentação, e, para ser sincera, foi uma tortura porque dava para perceber que havia algo de errado entre nós. Bom, eu queria resolver os assuntos pendentes de uma certa forma, mas não sabia como começar e no fim os abandonei, deixei pra lá.

─── Clara, eu estava pensando... Você não quer sair comigo? ─── diz Erick me alcançando na saída.

─── É que agora está na vez do Lucas.

─── Não, não em outro dia. Você quer sair comigo hoje? Agora?

Dou uma espiada para fora. Daeshim e Betsy já estão encostados no carro, me esperando para me levar para casa; conseguimos ingressos apenas para a última sessão, ou seja, é tarde da noite. E, reparando bem nos detalhes, acho que o casal sustenta uma pontadinha de tédio e cansaço, fora que tenho quase certeza de ouvir Dash reclamando que não tivemos nenhuma cena boa para o reality show.

Definir as coisas, não é? Aposto que os meus amigos amariam se livrar da tarefa de me levar em segurança para casa e ganhar um tempinho a mais para dar uns amassos. Talvez seja uma boa ideia sair com Erick.

─── Para onde?

─── Uma boa boate. Já ouviu falar da BlackOrRed?

─── Sim. ─── assinto, pensativa.

É meio estranho aceitar o convite de um garoto para ir numa balada, já que durante os meus cinco anos de rebeldia apenas me trancafiei no quarto e me recusei a ir em algumas festas de família, assistindo uma longa lista de séries que nem lembro os nomes agora.

─── Então? ─── Erick profere, batendo o ombro no meu.

─── Tá bem. ─── exprimo, balançando os calcanhares. ─── Só me dá uns minutinhos tá? Preciso falar com o Dash e a Betsy.

─── Não vou sair daqui. ─── ele diz, mas é obrigado a sair, porque estamos atrapalhando outras pessoas a passarem pelo caminho.

A câmera de Dash desapareceu de suas mãos, provavelmente aprisionada no automóvel de paleta tempestuosa, e os meus dois amigos quase desaparecem durante a conversa feliz de como se conheceram, me provocando um pouco de inveja, a qual consigo muito bem disfarçar.

─── Fala, Clarinha. Pronta para irmos embora? ─── pergunta Daeshim.

─── Na verdade, eu vou sair com o Erick. ─── digo e enrolo meus dedos uns nos outros quando as expressões dos meus amigos são enevoados por estranheza. ─── Vamos para uma boate, BlackOrRed.

─── Não sei não, Clara. ─── Betsy é a primeira a se pronunciar, dado que Daeshim continua boquiaberto e confuso. ─── Prometemos que iríamos cuidar de você durante as filmagens toda e uma boate não me parece o melhor para fazer isso.