Capítulo 07: O tipo que faz sucesso.

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Daeshim Lopes deveria ser considerado o pior homem na face da terra quando envolvido nas cláusulas de amizade, porque, para a desgraça da minha vida, ele claramente tem um buraco enorme e imundo no lugar onde sua fidelidade teria de estar guardada. O meu coração pulsa por efeito da indignação que está acumulada nele, pelo motivo de que não posso simplesmente expressar meus verdadeiros sentimentos em relação ao meu maldito amigo, eu tenho que me esforçar para não destruir o meu grupo, para não me passar como a garota ingrata e contar para o mundo que Betsy namora com uma cobra peçonhenta e criadora de polêmicas.

─── Você está com uma cara estranha. ─── Analu cutuca meu braço. ─── E machucando as rosas.

Observo as rosas entre os meus dedos, parte delas perderam as pétalas enquanto meus pensamentos estavam em um lugar muito sombrio, e agora terei que substituí-las. Arfo de irritação por estar sendo obrigada a montar um buquê de noiva para que mamãe possa aproveitar um glorioso dia no salão de beleza.

─── Odeio isso. ─── murmuro e arrasto o outro punhado de flores sem espinhos para perto.

─── Casamentos? ─── minha melhor pergunta e começa a escolher as mais bonitas.

─── O amor. ─── balanço a cabeça e tento juntar os caules de uma uma forma que fiquem simétricos. ─── Ele dá muito trabalho, Analu.

─── Calma… ─── diz ela e se aproxima mais para me analisar. ─── Do que exatamente estamos falando?

Eu me afasto e enrolo a fita de cetim. Analu se aproxima e coloca o dedo para que eu faça o laço.

─── Deixa pra lá. ─── digo e resmungo quando o laço não fica parecido com o da foto que uso como modelo. Eu passei trinta minutos vendo tutoriais no YouTube para fazer essa merda!

─── Clara. ─── Ana Lucia me chama com a voz amena, o que significa que uma sessão de terapia de graça irá começar.

Eu a amo de verdade, mas em algumas circunstâncias não consigo partilhar as coisas que passam na minha cabeça sem surtar; é como se minhas memórias fossem formadas por um caos particular que me atormenta e que provavelmente tem o poder de apavorar as pessoas ao meu redor. A minha vontade é de gritar para demonstrar como as coisas são confusas, só não o faço porque sei que isso pode fugir da realidade. E principalmente pela sensação de que tudo que se passa dentro de mim no que se refere uma vida amorosa é um completo drama desnecessário, um exagero repulsivo.

─── Você acha que as pessoas podem me odiar? Sabe, pelas coisas que digo no reality show.

─── Por que você está pensando nisso? Você não disse nada de… ─── Analu se cala de repente, os olhos inquietos, demonstrando que o seu quebra-cabeça finalmente está se encaixando. ─── É por causa do Felipe?

─── Não! ─── Felipe foi um dos piores candidatos, só falava besteira e ditava regras para mulheres. Se alguém o defendesse, em plena atualidade que vivemos, eu provavelmente não ligaria, talvez acabasse chamando a outra pessoa de uma nova espécie de babaca a ser descoberta. ─── É pelas coisas que disse ao Lucas. ─── admito contragosto. Se arrepender de algo que envolva o Vargas egoísta deveria ser considerado um crime ou um distúrbio psicológico.

Antes que Analu possa abrir a boca para me falar alguma frase de apoio, que dê um fim nos pensamentos medrosos e perturbadores, a porta da frente se abre em um estrondo. Daeshim entra empolgado, arrastando Betsy, que não demonstra nenhuma emoção em seu olhar.

─── Credo, quanto ódio nessa sua profissão. ─── ele diz olhando com algum tipo de repulsa para o meu buquê. ─── Eu jamais deixaria Betsy comprar algo aqui se nós fossemos casar.

UMA GEMA PARA CLARAOnde histórias criam vida. Descubra agora