Jimin acreditou que congelaria no meio da rua.
Ignorando as lágrimas prestes a escorrer dos olhos, caminhava em direção à loja. Precisava se explicar. Perder o emprego estava fora de cogitação. Ele abraçou o próprio corpo ao caminhar, e mesmo que estivesse completamente arrepiado, fingia não se abalar.
Deixar Jeongguk para trás não foi uma missão fácil e os pedidos de desculpa soavam em seus ouvidos como um mantra.
Outra rajada de vento soprou.
Sentiu os rastros molhados fazerem cócegas no rosto e, com as costas da mão, apagou as provas da angústia.
Era estranho, mas, agora, enxergava uma cidade cinzenta, suja e sufocante. Não se impressionava mais com as casas, os prédios altos, nem os jardins. Caminhou com as mãos nos bolsos, até finalmente encarar a fachada da Stylus.
Avistou seu chefe, Kim Jinwoo, conversando com um dos vendedores. Mesmo um pouco nervoso, se sentiu acolhido, já que o aquecedor realizava a sua função impecavelmente. Os poucos clientes que exploravam as seções pareciam interessados na variedade de roupas que a Stylus oferecia, e, sem ter a intenção, Jimin interrompeu a conversa entre Kim Jinwoo e o funcionário.
Visivelmente preocupado, Kim chamou Jimin para poderem conversar no depósito, bem longe dos ouvidos curiosos.
Jimin contou, sem muitos detalhes, a confusão que enfrentou logo cedo. Ocultou a Luminus — ainda era difícil falar sobre —, mas evidenciou o quão triste estava. O chefe, atento na explicação, disse que relacionamentos, de fato, são complicados.
— O que faço com você, hein? — Ele estalou a língua, entortando os lábios em reprovação. — Precisamos separar o trabalho do relacionamento, garoto. Brigando ou não com o namorado, você continua sendo o funcionário que recebe muito destaque na loja. Você, com o coração quebrado ou não, ainda será procurado pelos clientes que insistem em comprar com você. Precisa se lembrar que existe um compromisso com a loja e, claro, comigo.
A paciência de Jinwoo era real, ou ele estava apenas num dia bom. Jimin agradeceu muito por isso. Às vezes, o garoto sentia vontade de conversar com pessoas que possuíam uma visão mais madura do mundo. Era bom falar com pessoas que podiam aconselhar.
— Desculpe... — Jimin murmurou.
— Espero que seja a primeira e última vez que isso aconteça. — Jinwoo falou, cruzando os braços. Jimin apoiou a lateral do corpo nas caixas empilhadas e assentiu. Observando a expressão cabisbaixa do funcionário, prosseguiu: — Olha, ninguém é perfeito. Seres humanos são diferentes, as ideias podem entrar em conflito mesmo.
Ao invés de ser despedido, seu chefe estava disposto a ajudá-lo.
— Talvez eu não esteja preparado para isso — confessou Jimin. — Foi a primeira briga séria.
Jinwoo riu e Jimin franziu o cenho.
— Você é apenas um garoto, sua vida só está começando. Está tudo bem. Ninguém está realmente preparado pra nada. Nós só nos arriscamos. Às vezes dá certo, outras não. — Ele fez uma pausa. Ali, não parecia o chefe da Luminus, mas apenas um amigo sábio. — Eu não sei qual foi o motivo da briga de vocês, mas, se quer um conselho, é melhor insistir em alguém que você ama de verdade para não se arrepender depois.
Jimin não sabia o que dizer, apenas assentiu. Precisava ouvir aquelas palavras.
Jinwoo prosseguiu:
— Olha, se você fechar os olhos, consegue se imaginar longe dessa pessoa? Não estou dizendo para ficar longe durante um dia, uma semana ou um mês, isso é pouco. Consegue imaginar a sua vida sem essa pessoa?
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Preciosa Liberdade • jjk + pjm
FanfictionCansados de tantos maus-tratos, Jeongguk e Jimin resolvem fugir do lugar esquecido pelo resto da humanidade; o orfanato solitário no centro da cidade. Entre descobertas e desafios, os garotos começam a perceber que o mundo real não era exatamente co...